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Onda de violência no centro e bairros preocupa Mogi

Há meses, uma onda de crimes atinge bairros de Mogi das Cruzes como o centro, Vila Oliveira, Mogilar, Parque Olímpico e Jundiapeba, e evidencia a insegurança de moradores e comerciantes da cidade que exigem do poder público municipal e estadual providências para inibir a criminalidade.  Muitas das ocorrências foram flagradas por câmeras de segurança, mas […]

13 de agosto de 2022

Reportagem de: O Diário

Há meses, uma onda de crimes atinge bairros de Mogi das Cruzes como o centro, Vila Oliveira, Mogilar, Parque Olímpico e Jundiapeba, e evidencia a insegurança de moradores e comerciantes da cidade que exigem do poder público municipal e estadual providências para inibir a criminalidade. 

Muitas das ocorrências foram flagradas por câmeras de segurança, mas ainda não tiveram solução.

Casos como o registrados no início desta semana, em Jundiapeba, quando uma mulher teve o celular e a bolsa furtadas, mobilizam lideranças. Veja mais

Furtos de celular e de outros produtos, tentativas de arrombamento em plena luz do dia e invasão das lojas pelo telhado são alguns dos crimes mais registrados em Mogi das Cruzes nos últimos meses em diversas regiões da cidade. O aumento da insegurança é proporcional ao crescente número de ocorrências registradas na pesquisa mensal da Secretaria de Segurança Pública. Esses dados e as reclamações em redes sociais e imprensa local evidenciam o descontentamento da população sobre o que tem sido feito pelo poder público municipal e estadual para inibir a violência. 

O vereador Edson Alexandre Pereira, o Edinho do Salão, do MDB, alerta sobre a situação do bairro Parque Olímpico que, em um período de 15 dias, registrou sete ocorrências. Dentre elas, furtos em casas e comércios e assalto a mão armada. 
“O Parque Olímpico é um bairro muito tranquilo, é muito grave o que estamos vendo. Acho que é importante a população se atentar em registrar o boletim de ocorrências depois do crime. Quando a pessoa não registra, a polícia acaba tendo dificuldade para definir os números reais dos casos que estão acontecendo em Mogi”, alerta o parlamentar.

“Na região de Braz Cubas também tem aumentado o total de casos. Restaurantes que estão sendo furtados durante a madrugada, alguns lojistas estão sofrendo com isso. Além disso, pessoas estão sendo assaltadas em pontos de ônibus”, revela o vereador, que recebe os relatos com preocupação.

Apesar da importância do registro da ocorrência, comerciantes revelam a frustração em fazer um B.O. e não ver o caso solucionado e nem o suspeito preso, sem mencionar a exposição a que são submetidos, quando denunciam tais furtos e invasões. Eles temem o retorno dos criminosos. 

“Acho que quanto mais tem se falado, pior tem sido. Não tenho visto nada ser resolvido, mesmo fazendo o B.O, tenho medo pela minha segurança”, esclareceu um empresário, que pediu para não ser identificado. Ele conta que teve a loja de acessórios para celular, localizada na rua São João, no centro, invadida duas vezes em um intervalo de nove dias. 

O medo da exposição foi enfrentado também por outro comerciante, que preferiu denunciar através da imprensa o crime em sua tabacaria na região central no começo deste mês, na esperança de localizar o suspeito e fazer um alerta aos mogianos. 
“Na verdade, eu nem queria postar em nenhum lugar e nem que ficassem sabendo, tinha medo da reação do cara (suspeito) vendo isso, ele pode voltar e fazer alguma outra coisa pior. Mas, depois, eu mandei as imagens porque eu acho que as pessoas precisam saber o que está acontecendo com Mogi”, explicou. 

Através das imagens de câmeras de segurança que flagraram o suspeito dos delitos, há uma especulação de que crimes cometidos há alguns meses na região central, com o mesmo método – o arrombamento da loja pelo telhado -, possa ter o mesmo autor. 
Para falar sobre esse problema, não só no centro, mas em também em outros pontos da cidade, O Diário questionou a Secretaria Municipal de Segurança sobre o que tem sido realizado para inibir ou diminuir essa realidade.

A pasta informou, por meio de nota, que “os desafios da área de segurança pública são crescentes e, por isso, a Administração Municipal vem adotando uma série de novas estratégias de melhoria da segurança e combate à criminalidade, parceria com os órgãos estaduais de segurança: a Polícia Militar, que atua no trabalho ostensivo e preventivo, e a Polícia Civil, que realiza o registro e a investigação das ocorrências”.

“Um dos pontos prioritários desta atuação é a região central, em pontos como a praça Prefeito Francisco Ribeiro Nogueira, conhecido como Largo Primeiro de Setembro. A presença da Guarda Municipal foi reforçada na região, com uma viatura a mais dedicada ao patrulhamento preventivo no horário entre 18h e 20h, quando a movimentação de pessoas é maior. A Prefeitura realizou um trabalho de melhoria na iluminação naquela área”, esclareceu. 

Além disso, a administração municipal realiza um processo licitatório para a instalação de um novo conjunto de câmeras de monitoramento. 
“A grande diferença é que a Secretaria Municipal de Segurança, nesta gestão, pretende implantar um sistema digital inteligente, que prevê a implantação de câmeras inteligentes, incluindo cruzamento de dados e inteligência artificial. Paralelamente ao investimento em tecnologia, a secretaria vem adotando medidas contínuas de valorização e capacitação da Guarda Municipal, com cursos de formação”.
A Guarda Municipal mantém o patrulhamento em todas as regiões, em um trabalho conjunto com a Polícia Militar. 

“O trabalho compreende o monitoramento com câmeras da Ciemp, além de grupamentos específicos, como a Ronda Escolar, Patrulha Rural, Patrulha Maria da Penha, Patrulha Ambiental, Rondas Ostensivas com Motos (ROMO) e Ronda Ostensiva Municipal (ROMU)”, informou a administração municipal.

Questionada sobre os possíveis motivos e falhas que possam explicar o crescimento da criminalidade, a Prefeitura não apresentou resposta.

Atividade Delegada volta às ruas em parceria com PM

Desde o início de reclamações de comerciantes sobre o aumento das invasões a lojas, durante a noite, e os prejuízos do setor, lideranças do comércio e a Prefeitura têm tratado do assunto.

Uma das saídas foi o reforço do projeto Vizinhança Solidária, como informou o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Mogi das Cruzes, Valterli Martinez.

Por meio da manutenção de um canal de comunicação entre a Polícia Militar e representantes da comunidade, o sistema torna mais rápido o atendimento de ocorrências e flagrantes aos crimes.

Na cidade, outros bairros, como o Taboão, onde empresas também passaram a registrar, invasões e até roubos, também contam com esse mecanismo para ampliar o combate aos crimes.

Nesta semana, a Prefeitura de Mogi das Cruzes também anunciou a volta do programa Atividade Delegada, que irá garantir a manutenção de policiais em ruas do centro e do Distrito de Braz Cubas, que vão atuar no horário de folga.

A volta da Atividade Delegada deverá contribuir para proporcionar os moradores e comerciantes a sensação de segurança. O problema é que o programa é enxuto e não consegue abarcar outros corredores e centralidades que também registram crimes contra a pessoa e o patrimônio, em distritos como César de Souza.

Enquanto o poder público busca essas soluções, na prática, neste ano, a rotina de furtos e roubos segue tirando a paz dos mogianos. Por dia, em alguns meses deste ano, em média, 13 pessoas foram vítimas de furtos. Entre maio e junho, Mogi registrou alta em todos os tipos de crime, segundo o balanço da Secretaria de Segurança Pública.

Um outro recuo anotado por integrantes dos Conselhos de Segurança, ao longo dos últimos anos, foi a redução das bases policiais que serviam de um ponto de apoio à comunidade.

PM

O Diário solicitou uma entrevista com responsáveis pela Polícia Militar em Mogi das Cruzes, para ouvir as ações empenhadas para o combate do crime, mas não obteve sucesso. Em resposta, o comando da corporação alegou que o período eleitoral impede a realização de entrevistas.

Mensagens falsas

Na quinta (11) e sexta-feira (12), o prefeito Caio Cunha (PODE) usou as redes sociais para tratar de um outro assunto relacionado à segurança pública: a circulação de mensagens enganosas entre as redes sociais dos mogianos, dando conta da atuação de grupos de sequestradores e estupradores em bairros da cidade.

O alerta foi feito após um encontro entre o prefeito e representantes das polícias Militar e Civil. 

Segundo o prefeito, as fakes news passaram a amplificar a terror entre comunidades, ao afirmarem, falsamente, que grupos criminosos estariam praticando atos como estupros em série.

Na sexta-feira, em novo post, o prefeito esclareceu que o alerta não quis desmerecer o quadro de crimes reais, que têm sido registrados. E também explicou que não relacionou, na primeira publicação, o caso de uma mulher que teria sido vítima de um ladrão, em Jundiapeba, que além de roubar celular e documentos da vítima, teria induzido a denunciante a ingerir substância tóxica – um caso registrado pela Polícia Militar local. “Em nenhum momento do vídeo que eu publiquei eu falo que Mogi não tem assalto, nem violência. Pelo contrário, eu afirmei que tive uma reunião para traçar estratégias para a segurança”, disse, acrescentando que destacou as falsas mensagens, como a que diz que há um carro branco, com homens sequestrando moradores, e não casos específicos, como a da moradora, vítima de uma pessoa que a teria obrigado a ingerir substâncias químicas.

 

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