Manifestantes chegaram a atear fogo em pneus após perderem móveis e eletrodomésticos na enchente; eles cobram providências da prefeitura para o bairro, que foi um dos mais atingidos pelos últimos temporais
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Manifestantes chegaram a atear fogo em pneus após perderem móveis e eletrodomésticos na enchente; eles cobram providências da prefeitura para o bairro, que foi um dos mais atingidos pelos últimos temporais
Um grupo de manifestantes interditou os dois sentidos da avenida Japão, em Mogi das Cruzes, no final da tarde desta quarta-feira (1°), em um protesto que cobra ações contra enchentes. O ato acontece na divisa do Conjunto Santo Ângelo e Jardim Santos Dumont II, com fogo ateado em pneus. Esta região foi uma das mais castigadas pelos efeitos dos temporais que atingem a cidade desde o final de semana. Algumas famílias chegaram a perder a maioria dos bens e passam por drama. Segundo a Prefeitura, o o secretário de Segurança, Toriel Sardinha, e o secretário de Habitação Social e Regularização Fundiária, Carlos Lothar, estão indo ao local neste momento para conversar com uma comissão de moradores.
A Administração respondeu que está trabalhando para a melhoria da infraestrutura dos bairros da região do Oropó e do distrito de Jundiapeba. Diz também que as equipes da Prefeitura de Mogi das Cruzes continuam nos bairros afetados para atender as necessidades da população (veja mais abaixo).
Eliana Salles Ferreira, 46, é uma das moradoras que tem vivido o drama das famílias. Ela mora na rua Serra Leoa e está, desde terça-feira (31), convivendo com a água dentro de casa. Ela diz que, além da chuva, "abriram novamente uma comporta", e aí a água veio com força total. "Invadiu minha casa e outras para baixo. Perdi tudo. Tudo, tudo, tudo", lamenta ela.
Nas redes sociais, Eliana pede ajuda. "Por favor pessoal, eu sou daqui do Jardim Santos Dumont/Oropó e tô precisando de caminhão de terra. Perdi minha geladeira, meu guarda-roupa, sofá e preciso urgente".
Casa de Eliana, na rua Serra Leoa (Reprodução - Redes sociais)
Ela falou com a reportagem literalmente de dentro d'água. "Não tem como tirar a água, não tem para onde escoar. O quintal e a rua estão cheios, tanto que não dá para entrar. Se alguém vier, tem que ter coragem".
À noite, ela - que não trabalha devido a um problema de saúde - e o marido - o único da residência que trabalha, como pedreiro - vão dormir assim, sobre a água. "Vamos dormir aqui mesmo, colocando o box da cama em cima de algumas coisas. Não temos para onde ir".
Há mais uma integrante na casa de Eliana. A filha dela, Gabriela Ferreira dos Santos, 24, dona de casa, está no protesto da avenida Japão. As manifestações começaram pela manhã e continuam ainda no início da noite. Pneus já foram queimados e neste momento as chamas estão apagadas. Mas elas podem reacender caso a população não tenha respostas.
"Está tudo parado, tudo fechado, dos dois lados. Um trânsito imenso, e estamos aqui lutando para conseguir resultado, que é o que precisamos. Tem viaturas de polícia e eles estão tentando apaziguar, mas estamos por aqui e queremos solução, um representante da prefeitura", explica Gabriela, que diz que o movimento continuará até que a ajuda venha.
Eliana completa a indignação da filha: "Conversei com assistente social, mas a ajuda deles é com uma cesta e um colchão, e todo mundo vai necessitar mais que isso. Perdemos tudo, principalmente geladeira".
O Diário entrou em contato com a Prefeitura de Mogi e aguarda retorno. Pelos vídeos enviados à reportagem, é possível observar viaturas da Guarda Civil Municipal (GCM) no local. Por volta das 18 horas, o Corpo de Bombeiros também passou por lá, para apagar o fogo dos pneus.
A situação no Oropó não é novidade. Em 2019, o bairro passou por cenas semelhantes, como o G1 mostrou, à época.
Chuvas
As fortes chuvas registradas nos últimos dias têm atingido, principalmente, a região oeste de Mogi das Cruzes. De acordo com Secretaria Municipal de Segurança, das 7h desta terça-feira (31) às 7h desta quarta-feira (1), foram registrados 52,1 mm de chuva no ponto de medição do DAEE, na Ponte Grande. Mas ela foi mais intensa no distrito de Jundiapeba, onde foram registrados 87 mm de chuva, de acordo com os dados do Cemaden. Já no Jardim Santos Dumont, que já havia sido castigado na segunda-feira (30), foram 72 mm.
Prefeitura responde
Em nota encaminhada nesta noite para O Diário, A gestão municipal diz que está trabalhando para a melhoria da infraestrutura dos bairros da região do Oropó e do distrito de Jundiapeba. "Além disso, trabalha junto ao Governo do Estado para o desassoreamento do rio Jundiaí no trecho que passa pelos bairros. Os recursos estão garantidos e a previsão é que os serviços sejam iniciados ainda neste primeiro semestre", traz o posicionamento.
A Prefeitura lembra que a Operação Verão está em curso - ações preventivas já foram adotadas e agora as ações emergenciais são executadas com equipes nas ruas, trabalhando intensamente.
"Os bairros citados contam com redes de água e esgoto, que devem ser utilizadas de forma responsável, sem a ligação das águas pluviais no sistema de esgoto", informou a Administração.
"Com as chuvas destes últimos dias e os consequentes problemas causados, a Prefeitura organizou uma força-tarefa para atendimento dos moradores, com a participação da Defesa Civil, da Secretaria Municipal de Assistência Social e da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana", traz a nota.
Um dos pontos destacados pela Prefeitura é que uma sala de situação, com a participação de diversas secretarias municipais, foi criada para dar respostas rápidas em momentos de crise. As famílias afetadas pelas chuvas estão sendo acolhidas - os moradores que tiveram as casas alagadas foram cadastrados e receberam itens de primeira necessidade, como kits de limpeza, colchões, cobertores e cestas básicas.
Por fim, a Prefeitura de Mogi das Cruzes lembra que "os bairros desta região foram os que registraram as chuvas mais intensas no município nos últimos dias. De domingo até esta terça-feira, a região do Jardim Santos Dumont registrou 186,8 mm de chuva, enquanto no distrito de Jundiapeba foram 157,4 mm. O grande volume registrado em dias seguidos dificulta a absorção da água pelo solo e o escoamento pelos sistemas de drenagem, córregos e rios".
Emergências devem ser registradas pelo telefone 199, da Defesa Civil.
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