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Atirador de Aracruz planejava invadir escolas desde 2020 e é ‘simpatizante de ideias nazistas’

O atirador que invadiu duas escolas em Aracruz, no Espírito Santo, nesta sexta-feira, alegou à Polícia Civil que planejava os ataques desde 2020. O delegado do caso, André Jaretta, também destacou já ter sido possível identificar, pelas análises preliminares, que o assassino é um “simpatizante de ideias nazistas”. O superintendente de Polícia Regional Norte, delegado […]

28 de novembro de 2022

Reportagem de: O Diário

O atirador que invadiu duas escolas em Aracruz, no Espírito Santo, nesta sexta-feira, alegou à Polícia Civil que planejava os ataques desde 2020. O delegado do caso, André Jaretta, também destacou já ter sido possível identificar, pelas análises preliminares, que o assassino é um “simpatizante de ideias nazistas”. O superintendente de Polícia Regional Norte, delegado João Francisco Filho, detalhou ainda o passo a passo do adolescente depois do crime, onde ele almoçou e foi para a casa de praia com os pais antes de ser descoberto pela família.

Segundo João Filho, o garoto foi sozinho até um local em que pudesse tirar as fitas que cobriam as placas do carro, um Renault Duster dourado. Em seguida, voltou para o imóvel da família em Mar Azul, em Coqueiral de Aracruz, pegou todos os itens que usou para cometer os homicídios e os guardou no lugar que eles costumavam ficar, para não levantar suspeitas para os familiares. As informações foram reveladas, nesta segunda-feira, em coletiva de imprensa realizada pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo (Sesp) em Vitória, capital do estado.

Jaretta disse que, na versão apresentada às autoridades policiais, o jovem alegou não ter alvo específico e ter escolhido aleatoriamente em quem atirar. O investigador afirmou que o atirador, que era ex-aluno de uma das escolas atacadas, não estava estudando atualmente. Ele havia parado de frequentar o colégio no primeiro ano do ensino médio. Com isso, aproveitou a ida dos pais a um supermercado de um município vizinho para realizar os ataques.

— Os pais deixaram claro que ele fazia acompanhamento com psicóloga e psiquiatra, tomava medicação, mas não se abria muito — explicou o delegado à frente das investigações. De acordo com ele, o adolescente também confessou que manuseava o armamento do pai policial militar, um revolver calibre .38, sempre que ele e a mãe saíam de casa, para ganhar intimidade com o equipamento.

A Polícia Civil informou ainda que pai “tinha a cautela de manter a arma com um cadeado, ainda que ela não estivesse dentro de um cofre”. O armamento foi encontrado pelos policiais na parte superior de um armário, envolto em um pano branco.

— Ele as manuseava sempre que tinha a oportunidade de ficar sozinho. Nós não temos, até o momento, informações de que ele já tinha tido a oportunidade de realizar disparos. Isso demanda tempo. A polícia está atenta aos fatos e será rigorosa nas análises. Não seremos irresponsáveis, e atuaremos dentro da legalidade — complementou André Jaretta.

Como o crime aconteceu?

Por volta das 9h50, o adolescente, armado, vestindo uma farda camuflada e com o rosto coberto, arrombou o cadeado do portão da escola pública Primo Bitti e foi direto à sala dos professores, onde atirou em professoras. Duas morreram. Depois, ele voltou ao carro e se dirigiu ao segundo colégio, particular, onde também disparou contra quem via pela frente. Uma menina de 11 anos morreu. Ao todo, 11 pessoas ficaram feridas. Ele, então, fugiu com o carro, que estava com a placa encoberta por fitas. Ele seria capturado horas depois.

Onde ele conseguiu a arma?

O garoto usou uma arma que pertence ao pai, que é tenente da Polícia Militar do Espírito Santo. De acordo com as autoridades policiais, ele e a mãe colaboraram para que o filho se entregasse.

Ele confessou o crime?

Sim. Ao ser apreendido em casa, o garoto confirmou que realizou os ataques. Disse, também, que planejava o crime há 2 anos, ou seja, quando tinha apenas 14 anos. A polícia ainda investiga a motivação.

Quem são os mortos?

As vítimas são duas professoras, baleadas na escola pública, cenário do primeiro ataque, e uma criança de apenas 11 anos, atingida no segundo colégio, particular. Os nomes não foram divulgados.

E o carro?

Após o crime, o atirador entrou no carro, um Renault Duster dourado, visto por várias testemunhas, e fugiu. A polícia agora já sabe que ele voltou para casa para devolver o veículo, que pertence ao pai. O automóvel chegou a ser apreendido no momento em que o rapaz foi apreendido.

Ele era ex-aluno de alguma das ecolas atacadas?

Durante a coletiva de imprensa, o secretário de Educação revelou que o atirador era ex-aluno da escola estadual Primo Bitti. Os pais teriam pedido transferência do rapaz este ano, mas o motivo para esta decisão ainda será esclarecido pelas autoridades.

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