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Mogi-Bertioga, a estrada que fez de um pequeno distrito uma grande cidade

Principal reivindicação da população de Mogi das Cruzes, no ano das eleições municipais de 1976, uma ligação rodoviária entre a cidade e Bertioga, então um esquecido distrito pertencente a Santos, foi a promessa de campanha de Waldemar Costa Filho, que se elegeria prefeito de Mogi pela segunda vez, naquele pleito. Às duras penas e agindo, […]

19 de março de 2022

Reportagem de: O Diário

Principal reivindicação da população de Mogi das Cruzes, no ano das eleições municipais de 1976, uma ligação rodoviária entre a cidade e Bertioga, então um esquecido distrito pertencente a Santos, foi a promessa de campanha de Waldemar Costa Filho, que se elegeria prefeito de Mogi pela segunda vez, naquele pleito.
Às duras penas e agindo, em muitos casos, até mesmo ao arrepio da lei, o prefeito colocou as máquinas da empreiteira Almeida & Filho para rasgar um caminho em meio ao verde exuberante da Serra do Mar, à base de muita coragem e dinamite.

E à medida que as obras iam avançando, os mogianos que aproveitavam os finais de semana para acompanhar o andamento dos trabalhos, se encantavam com o visual de uma espécie de belvedere natural, criado numa das muitas curvas do trecho de serra da futura rodovia. De lá, era possível se ver o mar e um trecho próximo à praia do Indaiá, junto com algumas casas. Era o perfil acabado da Bertioga da época. 

E à medida que a estrada ia avançando e novos problemas surgindo, Waldemar conseguia contorná-los, quase milagrosamente, valendo-se de suas amizades com militares que detinham o poder à época, e, principalmente, de sua ousadia.

Hoje, dificilmente ele conseguiria derrubar todas as árvores que tiveram de ser retiradas para a passagem da estrada. E, muito menos, investiria dinheiro do município em outras duas cidades, já que a estrada atravessou parte de uma extremidade do território de Biritiba Mirim, no alto da Serra, e desembocou em terreno do município de Santos, na chegada à sede do então distrito.

O certo é que inaugurada a estrada, em 13 de maio de 1982 (graças a uma prorrogação de dois anos do mandato do prefeito, até nisso bafejado pela sorte), o povoado foi invadido por mogianos, ávidos por comprar sua casa de praia a pouco mais de 50 km de Mogi.

Os poucos comerciantes do distrito passaram a viver dias de glória econômica e financeira por conta da chegada de fregueses aos borbotões e das facilidades para se comprar produtos mais em conta, sem terem de usa balsas e outros expedientes para se chegar até Santos. 

Não demorou muito para que a comunidade, apoiada por um deputado mogiano – Mauricio Najar, de saudosa memória -, passasse a discutir a emancipação do distrito e sua consequente transformação em município, com direito a prefeito, vereadores e tudo mais a que uma cidade tem direito.

A decisão foi inevitável, anos após a inauguração da Mogi-Bertioga. A partir dali, a cidade passou a viver o surto de crescimento jamais imaginado pelos seus antigos moradores.

Atualmente, a visão da cidade, a partir do belvedere, onde foi construído um monumento pela inauguração da estrada, mudou radicalmente. As casinhas deram lugar a grandes prédios, o comércio se fortaleceu e o antigo povoado se tornou uma grande cidade. Mauricio Najar e Waldemar não viveram para ver a cidade de hoje. Ambos faleceram em 2001. Waldemar em 26 de abril e Najar, no dia 10 de junho.

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