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Empreendedores apaixonados por videogames e jogos de tabuleiros inovam em Mogi

Não há como negar: a cultura nerd/geek está cada vez mais inserida na sociedade. Se no passado quem curtia quadrinhos, games e RPG era visto como minoria, hoje quase todo mundo tem familiaridade com estes temas. Afinal, quem nunca viu um filme de super-herói? Ou então quem nunca baixou um jogo no celular? E Mogi […]

18 de março de 2023

Reportagem de: O Diário

Não há como negar: a cultura nerd/geek está cada vez mais inserida na sociedade. Se no passado quem curtia quadrinhos, games e RPG era visto como minoria, hoje quase todo mundo tem familiaridade com estes temas. Afinal, quem nunca viu um filme de super-herói? Ou então quem nunca baixou um jogo no celular? E Mogi das Cruzes não foge à regra. Além de eventos como o Mogi Geek Festival, a cidade tem outras iniciativas. Há quem, por aqui, respire esta cultura.

Exemplo disso é o casal Lucas Campos Cardoso de Moraes, 29, e Maria Cristina Uchoa Pinto dos Santos, 33. Juntos, eles coordenam uma empresa que começou com loja física, migrou para o formato on demand e agora se transformou novamente, a partir de um site que visa criar uma comunidade gamer.

A “história é clichê”, avisa Lucas. Mas não tem problema, porque assim são feitos os melhores enredos. “Sempre gostei de jogos e sempre tive esse negócio de empreender. Primeiro fui no modelo tradicional, tinha ponto físico e vendia jogos, inclusive lançamentos, para o PlayStation 4. Mas percebi uma mudança de mercado: as pessoas estavam parando de consumir mídias físicas, e eu precisava me adaptar”.
Lucas então passou a “testar outros modelos de negócio”, e encontrou no aluguel de games a estrutura de que precisava. Mas o formato é diferente do que havia no Brasil até os anos 2000. “Antes, as locadoras só funcionavam porque era caro comprar jogos, e hoje em dia eles voltaram a ser caros, sem pirataria. Os lançamentos custam R$ 250 ou mais, e as pessoas não têm ou não querem investir tudo isso”, conta ele, que em 2019 passou a entregar jogos na casa dos clientes. 

“O que era um mercado pequeno virou um mercado de tubarões, e os pequenos iam falir”, continua o mogiano que viu a oportunidade de negócios aumentar durante a pandemia. “Antes de estagnar a gente cresceu muito, porque quando se é pequeno, a vantagem é se adaptar mais rápido que os grandes”, explica ele, que passou a “ganhar dinheiro em serviço”. 

Funcionava assim: os quase 600 membros ativos pagavam uma mensalidade e recebiam um jogo por vez. Poderiam trocar de título sempre que quisessem, pagando uma pequena taxa. 

Contudo, nos últimos anos um modelo muito parecido se popularizou, vindo das próprias empresas de videogame. Assim como faz a Netflix, com filmes e séries, ou o Spotify, com músicas, a Xbox e a PlayStation têm, agora, seus próprios serviços de distribuição. E aí veio a necessidade de mudança novamente para os pequenos empreendedores.

Por isso, em 2023 a loja de Lucas e Maria Cristina foi remodelada e dividida em dois. Enquanto a Kubo Geek desenvolve produtos para influencers na área de jogos, como action figures, camisetas e copos, entregando isso em kits que levam temas específicos, a Caos Games continua com o aluguel de jogos, mas agora aposta em outro mercado. 

“Criamos uma plataforma, uma comunidade gamer em Mogi das Cruzes. Agora, não precisa mais pagar um valor mensal. A pessoa se cadastra gratuitamente e participa de eventos, campeonatos, encontra jogadores para jogar RPG, tudo isso de graça, e pode usar moedas pagando ou conquistadas em eventos para comprar produtos, pegar jogo alugados. E também é possível adquirir moedas virtuais pagando uma taxa”.

Um dos objetivos é criar um “banco de dados robusto e seguro” em Mogi. “É de graça para participar e queremos saber o que o pessoal está jogando e que videogame eles têm, porque a cidade não tem essas informações”. 

Jogos de tabuleiro

Provando que o universo nerd/geek vai além do digital, Mario Takashi Uryu Junior, 28, inovou em Mogi das Cruzes ao abrir a Outboard, lanchonete em que os clientes podem jogar jogos de tabuleiro antes, durante ou depois de comer. A ideia é a diversão, diz ele.
A história de Mario é parecida com a de Lucas, da Caos Games, em dois aspectos: ele também é apaixonado desde a infância, mas por board games. E também pode comemorar o fato de ter enfrentado a pandemia e saído mais forte enquanto empreendedor, já que hoje comemora quatro anos de portas abertas.

“Gosto de jogar desde os 10 ou 11 anos. Comecei com os jogos tradicionais, com os amigos primeiro. Um deles era o Catan, com um primo, de São Paulo. Era lá que eu sempre jogava, e quando vi que Mogi não tinha algo parecido com a Outboard, comecei a investir nesta ideia”.
Mario fala assim, como se fosse simples, mas não é. Formato em Tecnologia da Informação (TI), ele não tinha experiência com lanchonetes. Mas acreditava tanto que fez dar certo. “Não sabia de nada e mergulhei de cabeça. Aprendi com a prática, e o tempo trouxe experiência. Hoje eu faço os lanches, atendo os clientes, ensino eles a jogarem os jogos e fui melhorando os ingredientes e criando lanches especiais”.
O já mencionado jogo Catan tem um lanche para chamar de seu, que além da carne leva anel de cebola, requeijão cremoso e rúcula.
Ao todo, a Outboard oferece mais de 100 jogos ao público, formado por famílias e amigos, principalmente pessoas entre 25 e 30 anos. E o funcionamento é simples: quem entrar, paga R$ 10 para poder jogar, pelo tempo que quiser. “A maioria não sabe, então a gente ensina”, explica Mario, que observa as opções mais escolhidas: Catan, Jenga, Ticket to Ride, Banco Imobiliário, War, Dixit, Coup e Uno.

“Tem muita gente que não joga. O mogiano, as pessoas da região, não estão acostumadas a jogos de tabuleiro. Tem países e lugares que é muito comum, como na Alemanha, mas no Brasil não. Estamos mudando isso, juntando pessoas. Tem quem vinha aqui e não sabia e hoje em dia tem coleção de tanto que gostou”, finaliza Mario

Museu do Videogame Itinerante em Mogi

Em 2023, Mogi das Cruzes receberá, pela primeira vez, o Museu do Videogame Itinerante. “A maior exposição itinerante de videogames do Brasil” poderá ser vista de 22 de abril a 7 de maio, no Mogi Shopping, com entrada gratuita.

Interativa, a agenda promete “resgatar 50 anos de videogames” e trará para a cidade “350 consoles de todas as gerações, desde o primeiro do mundo, o Magnavox Odyssey, de 1972, até os atuais PlayStation 5 e Xbox Series”.

Nas redes sociais, o evento convida o público a participar. “Além de conhecer videogames raros, os visitantes também podem jogar em alguns videogames que fizeram história, tais como o Telejogo Philco-Ford, Atari 2600, Odyssey, Nintendinho 8 bits, Master System, Mega Drive, Sega CD, Super Nintendo, Neo Geo, Panasonic 3DO, PC Engine, Nintendo 64, Sega Saturn, Game Cube, Sega Dreamcast, Xbox, Playstation 1, PlayStation 2, entre outros”.

E a programação não para por aí. “Também teremos palco de dança, torneios de jogos antigos e atuais, área PlayStation 5, área Xbox Series, Nintendo Switch, espaço PlayStation VR, simuladores de corrida, controles gigantes, encontro K-POP, concurso de cosplay e muito mais”, finalizam os organizadores. 

Mais informações estão disponíveis no Instagram @museudovideogameoficial. 

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