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Carros com menor visibilidade em pista com pontos cegos aumentam perigos no GP da Arábia Saudita

Primeiro foi o carro, rebaixado em 14cm. Depois foi o halo, uma haste de segurança instalada bem em frente ao rosto do piloto. Agora foram os pneus, que cresceram 13 cm em diâmetro e ganharam refletores sobre eles. Nunca o piloto de Fórmula 1 teve tantos obstáculos para enxergar bem a pista e os limites […]

26 de março de 2022

Reportagem de: O Diário

Primeiro foi o carro, rebaixado em 14cm. Depois foi o halo, uma haste de segurança instalada bem em frente ao rosto do piloto. Agora foram os pneus, que cresceram 13 cm em diâmetro e ganharam refletores sobre eles. Nunca o piloto de Fórmula 1 teve tantos obstáculos para enxergar bem a pista e os limites do próprio carro quanto na temporada de 2022.

O resultado da soma desse contexto desfavorável com uma pista de rua, mas de alta velocidade, cheia de pontos cegos nas curvas, será visto neste fim de semana, com o Grande Prêmio da Arábia Saudita. Ele promete ser um dos mais desafiadores para os pilotos no ano. Sexta-feira, correu o risco de não acontecer, depois de um ataque à gigante petrolífera Aramco.

Ano passado, já foi assim. Foram tantos incidentes que a corrida teve duas bandeiras vermelhas, um período com o carro de segurança na pista e outros quatro com o carro de segurança virtual ativado. Depois de uma etapa tão turbulenta e da reclamação de vários pilotos, a Fia resolveu mexer no pista para este ano.
Nove das 27 curvas do circuito em Jeddah foram modificadas, com o intuito de trazer maior visibilidade aos pilotos. Quando questionados a respeito, afirmaram que a interferência foi menor do que a necessária.

— Eles só moveram as barreiras, mas o traçado ainda ficará próximo à parede, o que não ajuda. Esperávamos uma melhora. E, na minha opinião, não melhorou muito — afirmou Carlos Sainz, da Ferrari, à imprensa saudita.

Outros circuitos de rua no calendário não são alvos das mesmas críticas. Monaco e Azerbaijão oferecem visibilidade maior. E são sensivelmente mais lentos, o que dá aos pilotos maior tempo de reação. A velocidade média dos carros em Jeddah é de 250km/h, contra 155km/h em Monte Carlo e 210km/h em Baku.
Esse ano, em comparação à corrida de 2021, os pilotos ainda terão de lidar com as dificuldades que os novos pneus da categoria trazem. Eles cresceram e ainda por cima contam com refletores. Desde as primeiras voltas na pré-temporada, os pilotos perceberam a diferença que o diâmetro maior causou na noção que eles conseguem ter a curta distância.

— Eu estou me sentindo mais baixo dentro do carro — afirmou Lewis Hamilton, de acordo com o site RaceFans. — Tenho olhado muito para o alto agora. Vou ter de pegar um travesseiro para sentar em cima e ficar mais alto.

A brincadeira do heptacampeão não muda o fato de que, com menos visão do próprio carro, os pilotos estarão mais expostos a erros em curvas de circuitos de ruas como o de Jeddah e na disputas roda a roda com outros carros.

As câmeras instaladas dentro dos capacetes são as que se aproximam mais do que os pilotos conseguem enxergar durante uma corrida. E a comparação entre as imagens feitas ano passado e na primeira etapa deste ano, no Bahrein, deixa evidente que o cenário ficou pior para os pilotos.

As principais mudanças que afetaram o campo de visão dos pilotos da Fórmula 1 começaram em 2002, com o rebaixamento dos carros. Em 2018, ganharam o halo e este ano houve o aumento no diâmetro dos pneus. As mudanças na categoria visam geralmente aumentar a segurança dos pilotos. Ou pelo menos não diminuí-la. Hoje, eles estão bem menos expostos do que em 2001. Mas em compensação, lidam com mais pontos cegos do que nunca.

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