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Fotografia deveria desestabilizar campanha. Mas não foi bem assim…

A campanha para as eleições gerais de 1982 foi uma das mais concorridas da cidade. O bipartidarismo havia terminado, mas a disputa local ainda persistia entre os grupos que representavam a antiga Arena, que passou a se chamar PDS, e o MDB, de oposição, que ganhou uma letra e passou a ser PMDB. O PMDB […]

2 de julho de 2023

Reportagem de: O Diário

A campanha para as eleições gerais de 1982 foi uma das mais concorridas da cidade.

O bipartidarismo havia terminado, mas a disputa local ainda persistia entre os grupos que representavam a antiga Arena, que passou a se chamar PDS, e o MDB, de oposição, que ganhou uma letra e passou a ser PMDB.

O PMDB tinha três candidatos a prefeito: o advogado Rubens Magalhães, o promotor público Machado Teixeira, e o advogado Aécio Yamada.

Já o PDS, de situação, estava dividido entre Francisco Ribeiro Nogueira, Junji Abe e Osvaldo Ornelas, que depois foi substituído por Nicolau Lopes de Almeida.

Waldemar Costa Filho era o prefeito que encerrava o seu segundo e mais profícuo mandato.

Havia construído a Mogi-Bertioga, os prédios da Prefeitura, Câmara e Justiça do Trabalho, implantado o Projeto Cura, com muitas obras em Braz Cubas, e asfaltado grande parte da cidade.

Estava no auge de sua popularidade e, diziam, à época, que conseguiria eleger até um poste, caso lhe desse apoio.

Por isso mesmo, os três candidatos de seu grupo político buscavam se aproximar ao máximo dele. Acreditava-se que quem obtivesse o apoio de Waldemar estaria eleito.

Esperto, o prefeito evitava indicar a sua preferência, limitando-se a dizer que apoiaria os três candidatos, indistintamente. 
Mas, nos bastidores, cada um deles montava sua estratégia para  aparecer como o favorito de Waldemar.

Até que jornalistas que ajudavam a dobradinha Junji Abe e Miguel Nagib, candidatos a prefeito e vice, respectivamente, tiveram uma ideia. Foram até Waldemar e sugeriram uma foto dele ao lado dos dois integrantes da sublegenda.

Waldemar, a princípio, refugou; mas os jornalistas insistiram que ele nada havia dito sobre fotos com os aliados.

E como ninguém havia pensado nisso, o prefeito acabou convencido a fazer a fotografia, sorridente e fazendo o sinal de positivo, entre a dupla Junji & Miguel, como era conhecida na campanha. 

Publicada, no dia seguinte, na primeira página deste jornal, a foto foi uma bomba em meio à campanha da cidade. Waldemar estaria apoiando Junji & Miguel ?!?!?

Os outros candidatos chiaram, mas Waldemar se esquivou alegando que somente os dois haviam solicitado a fotografia a seu lado e que estaria à disposição para fotos com os demais concorrentes pelo PDS. 

E assim se fez, mas foi impossível  superar o impacto  da primeira foto na cidade, que não dispunha de televisão, e muito menos de internet. O jornal era o grande influenciador da campanha.

A estratégia deu certo, mas só momentaneamente.

A eleição acabou vencida pelo quase desconhecido promotor público Machado Teixeira, impulsionado pelo “furacão Franco Montoro”, o eleito a governador com 49% dos votos, que levou consigo para o poder inúmeros candidatos a prefeito do PMDB, em todo o Estado.

A disputa de Mogi foi adiada. Tanto Chico Nogueira como Junji viriam a ser prefeitos, mais tarde. 

Da foto, sobraram lembranças.  E a cópia, publicada nesta coluna.

“Pode contar com meu voto”
O ex-prefeito Marcus Melo estava, dias atrás, numa agência bancária da cidade e foi interpelado  por um eleitor, a seu lado, na fila.

Depois de algum tempo observando, o homem criou coragem, se aproximou e bateu no ombro de Melo e lhe disse, enfático:

“Ô Bertaiolli, você precisa voltar para a Prefeitura. Está fazendo muita falta. E pode contar com o meu voto!” 

O interlocutor sorriu e retrucou:

“Muito obrigado, mas eu sou o Marcus Melo!” 

O eleitor não perdeu a pose:

“Você me desculpe, mas não tem problema. Se você for o candidato, pode contar com o meu voto!”, repetiu ele. 

O fato foi contado à coluna pelo próprio Marcus Melo, ao comentar as manifestações  de apoio que estaria recebendo nas ruas  de Mogi, sempre que, por algum motivo, circula pelo centro ou bairros da cidade.

Mesmo,às vezes, sendo confundido com Marco Bertaiolli.
 

“Eu faço por nove milhões”

Um político havia prometido construir uma ponte e para isso convocou três empreiteiros: um japonês, um americano e um brasileiro. 
“Faço por R$ 3 milhões” – disse o japonês. 
“Um pela mão de obra, um pelo material e um para meu lucro”. 
“Faço por R$ 6 milhões” – propôs o americano. 
“Dois pela mão de obra, dois pelo material e dois pra mim”. 
“Faço por R$ 9 milhões” – disse o brasileiro. 
“Nove milhões?” – espantou-se o político. “Por que esse valor tão alto?” 
E o brasileiro responde: “Três para mim, três para você e três para o japonês fazer a obra”. “Negócio fechado!” – responde o político.   
(Historinha sobre corrupção contada pelo consultor  Gaudêncio Torquato, em suas “Porandubas Políticas”)

O povo no tevê

Vindo de Cambé, no Paraná, Antonio Lino da Silva – que hoje enfrenta, com sucesso, a luta contra uma leucemia – ganhava a vida em Mogi como empreiteiro de obras de telefonia, até que incentivado por Nicolau Lopes de Almeida, decidiu se enveredar pela política, como candidato a vereador.

Criativo, com uma câmera de vídeo nas mãos, passou a filmar  os problemas de bairro e as reclamações  de moradores. 

A fita era levada ao prefeito da época, que prometia solução para cada problema.

Uma montagem era feita e mostrada em espaços públicos, com ajuda de um videocassete. Foi um sucesso, numa época em que a cidade ainda nem sonhava ter uma emissora de televisão.

E Lino conseguiu se eleger com folga.
 

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