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Enchentes: Mogi tem planos em revisão e sem data para iniciar as obras

Com projetos em revisão e sem data para o início de intervenções que reduzam os riscos de alagamentos durante as chuvas mais pesadas, não há prazo, no horizonte próximo, para a cidade ver o fim de problemas registrados em pontos densamente ocupados, nas margens de córregos como o Lavapés, entre a Vila Oliveira e o […]

12 de fevereiro de 2023

Reportagem de: O Diário

Com projetos em revisão e sem data para o início de intervenções que reduzam os riscos de alagamentos durante as chuvas mais pesadas, não há prazo, no horizonte próximo, para a cidade ver o fim de problemas registrados em pontos densamente ocupados, nas margens de córregos como o Lavapés, entre a Vila Oliveira e o Nova Mogilar, Corvos, no distrito de César de Souza. 

Nas últimas semanas, a cidade super impermeabilizada com a expansão do asfalto e construções com mais concreto do que solo a céu aberto, acompanhou o  extravazamento da água  da chuva em pontos do Rio Negro (Vila Natal e Centro) e Ribeirão Ipiranga (Vila da Prata e Centro), além de cursos como o Oropó, em Braz Cubas.

Neste verão, as chuvas esparsas alagaram ruas de bairros da região de Braz Cubas, além das praças  Francisca de Mello Freire (Enfartados) e das Bandeiras.

Incluída no bolsão dos projetos do programa Viva Mogi (Ecotietê, no passado), a drenagem dos córregos Lavapés e Corvos é prometida por governos passados. Na gestão passada foi incluída no pacote dos recursos estimados em cerca de R$ 350 milhões foram liberados pela CAF (Cooperação de Fomento Andino)/Banco de Desenvolvimento da América Latina. 

Esses serviços já possuem recursos financeiros liberados, porém,  até aqui, a Prefeitura realiza uma revisão dos antigos dos projetos e terá de cumprir fases burocráticas como os licenciamentos ambientais, antes de licitar a execução dos planos.
Uma obra cobrada é canalização do Lavapés, um manancial poluído que possui cerca de 4 quilômetros de extensão e foi tamponado pelas construções erguidas ao seu lado, ao longo do trecho que ele percorre para chegar ao rio Tietê, entre os bairros da Vila Oliveira, Parque Monte Líbano. Mogilar e Nova Mogilar.

O principal reflexo da ocupação sem o respeito do recuo entre as margens e as construções de casas e edifícios é mais sentido na Praça dos Enfartados, ao lado do Clube de Campo, onde uma sirene foi instalada pela Prefeitura para alertar moradores e, sobretudo os proprietários de carros que podem ficar submersos em dias de alto índice pluviométrico, como ocorreu pelo menos uma vez, neste verão.
Na região do Mogi Shopping e UMC, os alagamentos ocorrem com frequência.

A Prefeitura divulga resposta decepcionante quem espera há tempos pelo controle desses problemas e preocupações.

Segundo informa, ainda está em fase de desenvolvimento de projetos, o “conjunto de intervenções para tratar a insuficiente canalização existente (com muitos trechos passando por baixo de construções e moradias) e ausência de microdrenagem”.

Apesar de ser antigo pendência em planejamento pelo poder público há mais décadas, a resposta não detalha sobre desapropriações e período de obras. 

“Os projetos da canalização do córrego estão adotando um traçado sob o sistema viário para evitar desapropriações ou remoções, com reforço da canalização existente em determinados trechos e construções de dois reservatórios de armazenamento das águas. Assim que esta fase for concluída, terá início o trabalho de licenciamento dos projetos”. Também não há datas para a execução de serviços efetivos no córrego dos Corvos, em César. Lá, essse tema está em previsão para o início do processo de licenciamento e contratação de obras.

Famílias precisam de ajuda

Mariana Acioli

Na rua Serra Leoa, no Jardim Santos Dumont II, os rastros da última enchente ainda são visíveis por toda parte, mesmo depois de uma semana. A via enlameada com grandes poças de água é o avesso de um cartão de visita. Dentro da casa da moradora Eliana Salles Ferreira, de 46 anos, os danos causados pela chuva do dia 31 de janeiro são quase irreversíveis, e as marcas de um metro na parede viraram “nova” pintura. 

“Moro aqui há 15 anos e nunca que uma enchente atingiu a minha casa como aconteceu esse ano. Precisei de uma bomba de água, que a prefeitura me emprestou, para conseguir escoar a água parada que durou mais de um dia dentro de casa. A enchente da última semana chegou até a outra rua, afetou todos os moradores”, contou Eliana, considerada líder do bairro.

A casa tem no quintal, quase na divisa, o rio Jundiaí, que inundou não só a rua Serra Leoa, mas até a via paralela, a Rodésia. 

“Como líder aqui do bairro, sempre corri atrás da prefeitura para cobrar a limpeza do rio, mas nunca fizeram nada. Para mim, o prefeito atual (Caio Cunha, do Podemos) é quem estendeu a mão a todos nós. A prefeitura emprestou a máquina para escoar a água, fizeram limpeza emergencial nesse trecho do rio, deu cestas básicas, colchões, e levou para outros lugares as famílias que precisaram deixar suas casas”, detalhou, mostrando os estragos da casa. 

 Na cozinha, a estrutura dos balcões e pia já foi construída com uma altura pensando nos alagamentos, mas a elevação não chegou perto de ser o suficiente. A geladeira emprestada foi colocada em cima de vários blocos de concreto, um em cima do outro, porque a moradora precisava manter refrigerada a insulina para controlar o diabetes. “Perdi minha geladeira, mas consegui uma emprestada. Nos dias que fiquei sem, precisei deixar meus remédios na geladeira de outras pessoas”, revela Eliana, que trata da doença crônica.

No momento, a moradora e o marido estão desempregados e à frente de campanhas de doações. 

Na conversa com O Diário, ela faz um pedido especial: “Também estamos precisando de fraldas, qualquer tamanho, e roupas de bebê e crianças”. 

Uma das pessoas que precisa de ajuda é Quitéria Lira, mãe de Derick de 10 anos, um garotinho com paralisia cerebral que enfrentou bravamente, junto da mãe, a enchente no final de janeiro. Quitéria conta que precisou chamar o Corpo de Bombeiros para sair de casa com o filho, enquanto a água já começava a subir.

“Fui levada no colo junto com o meu menino debaixo daquela chuva. Queria saber quem era o bombeiro que me ajudou, porque precisava agradecer pelo o que ele fez”, diz. 

Nesta casa, não restou muito o que salvar. Quitéria voltou depois de ficar três dias na residência da filha e passou a contar os danos em cada espaço do imóvel. 

Essa história se repete com a maioria dos moradores daquela rua. Tudo se perdeu no meio de tanta água suja e ainda era preciso fazer muito trabalho para reverter os estragos. 

Segundo a Prefeitura, cerca de 500 pessoas tiveram perdas com as chuvas deste ano, e garante que realiza o monitoramento das áreas e o atendimento social a esse grupo de pessoas.

Como ajudar quem enfrenta a enchente

Além de levar alimentos para regiões onde famílias perderam móveis, roupas e comida durante as chuvas dos últimos dias, entidades e a Prefeitura de Mogi das Cruzes estão realizando ações para atender moradores que residem próximos a áreas que alagaram entre janeiro e este mês.

As iniciativas são desenvolvidas pelo Fundo Social de Solidariedade. Segundo informe da Prefeitura, que decretou estado de emergência por causa das chuvas, cerca de 600 pessoas sofreram perdas com os alagamentos, sendo que algumas famílias chegaram a ser levadas para uma escola pública.

Quem quiser auxiliar com doações de roupas e alimentos podem participar levando os itens até o Drive da Ação Verão, instalado no Pró-Hiper do Mogilar até o fim da campanha, em 31 de março. 

Até amanhã, dia 12, o funcionamento será das 9h às 18h. 

A partir da próxima segunda-feira, dia 13, o atendimento será das 9h às 16h. 

A entrada será pela avenida Prefeito Carlos Ferreira Lopes e saída pela avenida Cívica.

São solicitados produtos de limpeza e de higiene pessoal, roupas de adultos e crianças, roupas de mesa e banho, fraldas geriátricas, absorventes e alimentos não perecíveis.

O Fundo Social trabalha diretamente com instituições sociais, associações e lideranças de bairro cadastradas. Isto é, as doações são entregues às entidades com cadastro ativo e cabe a elas a entrega final dos itens às famílias e comunidades assistidas.
Mais informações pelo telefone do Fundo Social: 4798-5143.

Campanhas têm sido realizadas por entidades como o Instituto Terra que atende comunidades também impactadas pela enchente. 
Para entrar em contato basta ligar para 4726-7296, ou ainda ir à sede da entidade, 9h30 às 17h, na rua Professor Manoel Acelino de Melo, 29, no Socorro, em Mogi das Cruzes.

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