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EDITORIAL

Todo janeiro, a mesma notícia

'“Hoje, vemos cada vez mais gente habitando margens dos rios, beiradas dos morros, canalizando águas e afogando nascentes”

O Diário
10/02/2023 às 17:14.
Atualizado em 10/02/2023 às 17:14

DE NOVO Fotografia de carro em meio à água na praça dos ‘Enfartados’, após um dos temporais deste ano, volta a chamar a atenção (Imagem: Divulgação)

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EDITORIAL

Todo janeiro, a mesma notícia

'“Hoje, vemos cada vez mais gente habitando margens dos rios, beiradas dos morros, canalizando águas e afogando nascentes”

O Diário
10/02/2023 às 17:14.
Atualizado em 10/02/2023 às 17:14

DE NOVO Fotografia de carro em meio à água na praça dos ‘Enfartados’, após um dos temporais deste ano, volta a chamar a atenção (Imagem: Divulgação)

Mogi das Cruzes já chegou, no passado, a abrigar no ginásio municipal centenas de pessoas empurradas pela água e lama para fora de casa durante as chuvas de verão. Olhar para o passado ajuda a mapear o que a cidade fez para chegar em 2023 com o mesmo problema, em escala menor, no entanto, não menos degradante e preocupante.

Até o momento, segundo números oficiais, 24 pessoas foram acolhidas durante alguns dias em uma escola pública e cerca de 500 pessoas, que vivem em áreas sujeitas aos alagamentos, tiveram perdas materiais na cidade. 

No Alto Tietê, um homem morreu em consequência da chuva neste ano. Foi um acidente de trânsito em Arujá, que terminou com um carro dentro de um rio. Na semana que passou, um segundo carro foi parar dentro no mesmo rio Bariquivu-Guacu, alertando sobre os riscos dos temporais para quem trafega pelas ruas. Nesse outro caso, o socorro chegou a tempo.

Reunir e divulgar os estragos e dramas vividos durante e após as chuvas é tarefa imprescindível nesses dias tão violentamente marcados pela caducidade e volatilidade dos acontecimentos. 

Essa rapidez na dispersão dos assuntos lidos, comentados e curtidos nas redes sociais e órgãos de imprensa tem o poder de deixar ainda mais no vazio do esquecimento, do fato não cobrado dos governos e da impunidade, tragédias humanas pontuais enfrentadas, sobretudo, pelas populações mais pobres e excluídas.

Todo janeiro, a notícia está lá: “água invade casas”, ou “carros boiam na praça dos Enfartados”. Na sequência das manchetes, o poder público e vereadores da ocasião disparam cobranças a órgãos, como o DAEE, pedindo explicações. 
O desafio de ontem que a cidade começou a responder, em alguma medida, com a retirada de famílias das áreas de risco de deslizamento e enchentes, prossegue em locais onde as condições de moradia mais barata atraem e mantêm milhares de mogianos. Ninguém vive porque quer praticamente dentro do córrego do Oropó. 

A pergunta que poder público e a sociedade mogiana precisam enfrentar é: o que será feito para executar os muitos planos de macrodrenagem anunciados (e pagos) pela Prefeitura? Reportagem nesta edição fala sobre a canalização de córregos desenhada há mais de 30 anos por técnicos do governo municipal. 

Alagamentos puxam outros fios: que cidade será a Mogi daqui a alguns anos, quando a projeção da elevação da temperatura da terra poderá chegar a 3,2 graus centígrados, se não forem feitos pesados investimentos e adotadas mudanças de hábitos de toda sorte - consumo, mobilidade, ocupação urbana. O que você, que nos lê, faz para curar o planeta? O que todos nós podemos fazer?
O ritmo dos esforços para garantir a sobrevivência humana e a convivência com as mudanças climáticas está aquém do necessário. Eis o veredito preciso do geólogo Silvio Pomaro, na edição deste sábado: “Hoje, vemos cada vez mais gente habitando margens de rios, beiradas de morros, canalizando águas e afogando nascentes”.

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