Todos estão em débito no encontro de respostas para tantos acidentes envolvendo os ciclistas: o poder público, a sociedade civil organizada e até os moradores da cidade
Após uma forte chuva, um grupo de mogianos fez um protesto em Mogi, após a morte do terceiro ciclista que perdeu a vida em um período de 24 dias (Divulgação/Daniel Roberto Soares)
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Todos estão em débito no encontro de respostas para tantos acidentes envolvendo os ciclistas: o poder público, a sociedade civil organizada e até os moradores da cidade
Após uma forte chuva, um grupo de mogianos fez um protesto em Mogi, após a morte do terceiro ciclista que perdeu a vida em um período de 24 dias (Divulgação/Daniel Roberto Soares)
Um ato de um pequeno grupo de ciclistas em meio a uma chuva, na segunda-feira (2), um dia depois da morte do terceiro ciclista atropelado em Mogi das Cruzes, foi carregado de simbologia sobre o pior do que o drama da violência no trânsito carrega em si: a solidão e o abandono de quem se vê na pele de uma possível próxima vítima.
Antes da pandemia, grupos de ciclistas começaram a se organizar em atos, reuniões e pressão para a melhoria de ciclovias, a fiscalização e a adoção de medidas de trânsito para reduzir os riscos e os índices de acidentes.
Esse e outros pesadelos urbanos estão sendo vividos num ambiente social ruim, de atropelo, negação, oportunismo. Explicamos: com tantas dores urgentes - desemprego, inflação, pandemia, imposto alto, falta de acesso à saúde, insegurança, fake news, infodemia, e uma eleição para pensar, as pessoas e a sociedade civil organizada são levadas a fechar os olhos para casos pontuais como esse, o dos três ciclistas mortos em acidentes que poderiam ter sido prevenidos.
Um e outro vereador usa cobrar. A Prefeitura faz plano. Agora, fala-se em uma audiência pública para tratar do tema. Em fevereiro, uma indicação cobrou providências ao DER e ao governo do Estado sobre a Estrada das Varinhas, onde o missionário europeu que acolhia crianças e adolescentes na Associação São Loutenço teve o projeto de vida interrompido após ser atropelado. Ali não há fiscalização eletrônica. Não só ali, na Mogi-Taiaçupeba, os radares pararam e não mais voltaram. Nem resposta a Câmara recebeu.
Há uma escalada de acidentes e de alta de movimento na rodovia, a Engenheiro Cândido do Rego Chaves.
As respostas não chegam, outras demandas são tratadas à frente. Novas mortes acontecem. E a vida segue.
Todas as vítimas tinham uma história. Um missionário deixou o país de origem para cuidar de quem nem conhecia e morreu. Um pai de família não retornou para a casa. Um avó desamparou filhos e netos.
A pequena placa escrita no protesto pede: “Pare de nos matar”.
O governo municipal está devendo escuta aos pedidos dos ciclistas. A sociedade está devendo: motoristas, pedestres e ciclistas (que se revezam, aliás, nestes postos) estão devendo um pacto pela vida e pela educação e civilidade. Quem exagera na velocidade e na bebida a ponto de matar precisa ser contido. O poder público - promotoria, justiça, fiscais de trânsito - está em débito. Precisamos de respostas rápidas. A impunidade de motoristas que fogem ou aceleram onde não podiam acelerar, entram na contramão, desrespeitam todas as regras do trânsito e de convívio em ruas, avenidas e estradas, contribui com essa violência urbana que passa a ser um predicado vergonhoso e de alto custo para a cidade, seus moradores, políticos e líderes.
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