'O desassossego dos mortos é algo inaceitável. Não há um número exato dos crimes, uma outra incompreensível falha do inventário sobre o que acontece no São Salvador'
(Crédito: Mariana Acioli)
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'O desassossego dos mortos é algo inaceitável. Não há um número exato dos crimes, uma outra incompreensível falha do inventário sobre o que acontece no São Salvador'
(Crédito: Mariana Acioli)
Prometida para as próximas semanas, a conexão entre o circuito fechado de TV instalado do Cemitério São Salvador, em Mogi das Cruzes, e o Centro de Operações Integrado (COI) construído pela Prefeitura de Mogi das Cruzes e prestes a entrar em funcionamento, deverá ser de valia para o combate à série de furtos a túmulos centenários registrada a partir do período final do isolamento forçado pela pandemia da Covid-19. Essa medida dá alguma esperança de se ver o enfrentamento de uma situação inaceitável. O desassossego dos mortos é um dos piores reflexos da violência urbana.
Não há número exato dos crimes, uma outra incompreensível falha do inventário sobre o que ocorre dentro de um dos mais antigos e frequentados cemitérios mogianos. Estima-se que mais de 400 jazigos, pelas contas informais de funcionários e vereadores, se transformaram em uma espécie de paraíso para os ladrões de placas, cruzes e peças de alumínio, bronze e outros materiais. Não havia portão ou cerca para os criminosos. Não raro, mostraram reportagens desse jornal, um mesmo endereço final de integrantes de novas e centenárias famílias era profanado, mais de uma vez, na mesma semana.
O São Salvador se tornou objeto de algo gravíssimo, a servir de ponto de reflexão sobre o presente e o futuro da Mogi que se arvora em títulos questionáveis e publicitários, como o de provedora de qualidade de vida, valores humanos e zelo com a história e sua cultura.
Ao usurpar o patrimônio familiar e afetivo de tantas famílias - que se desdobram em filhos, netos, mães e pais, viúvas e viúvos revoltados e incrédulos com tanta facilidade e destemor, os ladrões romperam todos os limites admitidos quando se pensa em proteção da memória, respeito e solenidade diante de um familiar ali enterrado.
Por isso tudo, um dos resultados das cobranças da Comissão Especial de Vereadores (CEV) dos Cemitérios - algumas marcadas, é bem verdade, pela complacência de parlamentares alinhados à gestão municipal, surge como um sinal de esperança. É necessário virar esse capítulo tão pesado da segurança pública na cidade. As primeiras reportagens e postagens de familiares indignados com os furtos surgiram no final do ano passado e as respostas do poder público não satisfizeram porque os furtos prosseguiram.
O Comando de Operações Integra - que será apresentado hoje, à Mogi, pelo prefeito Caio Cunha, garantirá o monitoramento em tempo real do interior do São Salvador.
Aos vereadores, o secretário municipal de Segurança, Toriel Sardinha, afirmou que, quando estiver operando, em algumas semanas, o sistema irá favorecer a queda dos furtos no cemitério. Os investimentos na segurança online, por meio de câmeras instaladas ali e em outros pontos-chave, tornam real uma política pública esperada, cobrada pelo morador. Por mais que os índices policiais mostrem queda de determinados tipos de crime - como os homicídios (o que é esperado, óbvio); furtos e roubos alimentam uma escala assustadora.
Estratégia de inteligência, câmeras potencializam os resultados do policiamento e da Guarda Municipal. Mas... precisam funcionar. De nada vale uma central com equipamentos que mais pifam do que operam.
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