A pressão e a força da sociedade civil organizada destruíram os argumentos pífios da Artesp e do Governo do Estado contra o que iria prejudicar a cidade e os seus moradores
Atos populares e a pressão política derrubaram o pedágio planejado pela Artesp para a Mogi-Dutra (Divulgação/Jonny Ueda)
A pressão e a força da sociedade civil organizada destruíram os argumentos pífios da Artesp e do Governo do Estado contra o que iria prejudicar a cidade e os seus moradores
Atos populares e a pressão política derrubaram o pedágio planejado pela Artesp para a Mogi-Dutra (Divulgação/Jonny Ueda)
Conquista consumada em meio aos feriados de final de ano, o cancelamento do pedágio na rodovia Mogi-Dutra é um daqueles momentos que a cidade deve registrar como histórico e reconhecer como uma vitória popular contra o vale-tudo por dinheiro tão peculiar em processos como os de concessão de estradas.
Argumentos não faltam. Basta pinçar dados pesquisados, checados, conferidos e confrontados com diferentes fontes nas centenas de reportagens publicadas por este jornal nos últimos três anos.
A Agência de Transportes do Estado do Estado de São Paulo (Artesp) incluiu esse pedágio no projeto de concessão das rodovias litorâneas para potencializar o interesse financeiro da iniciativa privada pelo programa de melhorias do sistema rodoviário paulista, sem dispor de contrapartida à altura do ônus social que a praça de cobrança representaria para os mogianos nas próximas décadas.
A cidade e seus moradores - por meio da mobilização inicial da região da Serra do Itapeti, e de lideranças comunitárias e políticas, não aceitou esse verdadeiro presente de grego, logo identificado por este jornal.
A pressão e a força da sociedade civil organizada destruíram os argumentos pífios da Artesp e do Governo do Estado.
Na repercussão desse feito, o prefeito Caio Cunha, o deputado federal Marco Bertaiolli e Paulo Boccuzzi, um dos fundadores do Movimento Pedágio Não, falaram sobre a unidade que consolida a potência da cidade quando seus moradores defendem interesses mútuos. Também foi assim como o lixão no Taboão.
Na gestão do governador João Doria, 21 pedágios foram inaugurados entre janeiro de 2019 e setembro deste ano no Estado. Nenhuma cidade quer um pedágio.
No caso de Mogi, a derrocada do projeto valeu-se de fragilidades apontadas no embate levado à Justiça como o fato de a rodovia Mogi-Dutra já ter sido duplicada e paga no passado.
A luta era contra os prejuízos financeiros impostos aos cidadãos, ao comércio, indústria, aos bairros e ao distrito industrial do Taboão, além do negativo impacto econômico e social, no mercado de trabalho local.
A despeito de ruídos de alguns desafinados que chegaram a considerar essa batalha perdida, este jornal não deixou de acreditar um minuto no que era líquido e certo: o pedágio era uma afronta, um despropósito.
Foi uma vitória e tanto.
Um conceito do geógrafo e cientista político brasileiro Milton Santos (1923-2001) veste muito bem Mogi das Cruzes nesse ato: “Esse é o grande mistério das cidades: elas crescem e se modificam, guardando porém sua alma profunda apesar das transformações do seu conteúdo demográfico, econômico e da diversificação de suas pedras”.
Esse espírito combativo é o que ainda blinda a cidade do selvagem fenômeno da conurbação. A luta contra o pedágio acentua a personalidade desse território e sua gente.
Feliz Ano Novo, Mogi!
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