Moradores buscam sensibilizar autoridades e o Estado sobre as mortes no acesso: cruzes retiradas após protesto são ato típico do poder público que age quanto é do seu interesse
Cruzes instaladas em pontos perigosos durante o protesto de moradores na Estrada das Varinhas foram retiradas do acesso (Imagem: Reprodução/ Redes Sociais)
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Moradores buscam sensibilizar autoridades e o Estado sobre as mortes no acesso: cruzes retiradas após protesto são ato típico do poder público que age quanto é do seu interesse
Cruzes instaladas em pontos perigosos durante o protesto de moradores na Estrada das Varinhas foram retiradas do acesso (Imagem: Reprodução/ Redes Sociais)
A Estrada das Varinhas ganhou a fiscalização eletrônica, no passado, pelo mesmo motivo que atualmente moradores temem circular pelo acesso, especialmente aos finais de semana: o crescimento da circulação de veículos e dos acidentes provocados pela alta velocidade ou imprudências outras.
A SP-39 é uma rodovia perigosa, de pista simples, que costumava atender uma população composta por poucas famílias que se conheciam, ao menos de vista, e residiam em sítios e casas centenárias passadas de pai para filho.
Esse imaginário bucólico de uma região rural e agrícola, com baixa densidade populacional, cruzada por trabalhadores e estudantes, mais por ônibus e caminhonetes do que por carros, está na memória dos moradores antigos. É pretérito. Mesmo com a fiscalização ambiental, obrigatória por se tratar de área de mananciais, loteamentos surgem no entorno, negócios atraem mais pessoas, chácaras e sítios para festas levam muita gente ao lugar. Essa parte de Mogi, em sintonia com o ontem, tem apenas a beleza de paisagens emolduradas pela barragem ou plantações - algo que também merece ser preservado.
O avanço dos acidentes e a suspensão da fiscalização eletrônica indignam quem reside ou circula pela ligação entre os distritos de Jundiapeba, Quatinga e Taiaçupeba.
Há uma prevalência de atropelamentos e colisões aos finais de semana. Foi esse estado insuportável de insegurança e vulnerabilidade, além do descaso das autoridades com as mortes e as perdas de familiares e amigos, que motivou um protesto, dias atrás, na rodovia Engenheiro Cândido Rêgo Chaves, de responsabilidade do governo do Estado e do DER.
Estranhamente desapareceram as cruzes instaladas nos pontos marcados pela morte das vítimas fatais.
Por enquanto, o sumiço do registro físico do abandono e desconsideração do Estado está sendo creditado ao DER. Se esse desaparecimento for mesmo obra do poder público não será surpresa - os governos do Estado e de municípios são craques nisso: se mexem rápido, sempre, é na defesa de seus próprios interesses. As cruzes simbolizam a ausência do poder público (formado ainda pelo Executivo e o Judiciário).
Há dois anos, não há radar. A Polícia Rodoviária foi tão desmontada que hoje mal circulam agentes por rodovias em feriados prolongados.
Nesse quesito “rodovia sem fiscalização”, Mogi das Cruzes está se superando. Outras SPs, como a Mogi-Salesópolis, sofrem do mesmo mal. E, agora, nem as balanças de pesagem há.
É de se lamentar o silêncio das autoridades locais diante da dor e perdas. É intolerável a passividade ante uma situação que influencia na segurança de diária de tantas pessoas. O que o cidadão sente é que os riscos enfrentados por quem trabalha, mora ou passeia por ali não sensibilizam quem tem o poder de decisão em favor da proteção da vida e do cumprimento das leis. Moradores falam no abuso da velocidade, no flagrante de motoristas alcoolizados. A Estrada das Varinhas está perigosa, mas e daí? Morreram um pai e um filho, e daí? O poder público está devendo respostas aos moradores dos três distritos. Quem sabe isso muda em 2024, quando haverá eleições municipais.
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