O uso das bicicletas requer mais do poder público e da população. Essa questão esbarra no seguinte: qual cidade está sendo construída por esses dois atores
Ciclofaixa na avenida Vereador Narciso Yague Guimarães (Eisner Soares)
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O uso das bicicletas requer mais do poder público e da população. Essa questão esbarra no seguinte: qual cidade está sendo construída por esses dois atores
Ciclofaixa na avenida Vereador Narciso Yague Guimarães (Eisner Soares)
Há semanas, com a pintura e tachões instalados, ciclistas e, perigosamente, até pedestres, estão usando a ciclofaixa entre a avenida Narciso Yague Guimarães e a ponte da João XXIII, no distrito de César de Souza. A cidade tem vida própria, que vai se ajustando entre a rotina dos seus moradores e o mobiliário urbano.
Ainda sem prazo para entrega oficial, a esperada rota para ciclistas que unirá a ciclofaixa (um espaço sinalizado que fica no leito carroçável da via) e ciclovia (um espaço para o compartilhamento entre pedestres e os ciclistas) está ganhando corpo, com atraso, é verdade, mas baseada no diálogo - ponte desejável para construir melhorias.
Falta encontrar meio de concatenar esses dois atos e garantir a segurança a todos.
Nesta semana, quando uma visita foi realizada na João XXIII, acompanhada por O Diário, o que o olhar leigo indica foi confirmado por ciclistas que representam mais de 20 coletivos defensores de boas condições e da ampliação de faixas para esse modal.
A sinalização, a partir da ponte da João XXIII, onde termina a ciclofaixa, ainda não foi feita, o pavimento da calçada a ser compartilhada com os caminhantes apresenta desnível e outros problemas, e há a preocupação com a segurança na passagem na altura da rotatória entre as avenidas Presidente Castello Branco e Dante Jordão Stoppa. Essas considerações foram anotadas pelos representantes da gestão municipal, para análise futura.
A prefeitura de Mogi tem dificuldades concretas para entregar, de maneira rápida e adequada, o primeiro trecho prometido aos ciclistas e à cidade.
A adaptação da mobilidade urbana tem sido discutida há anos por ciclistas e autoridades e demora a sair do campo dos planos e promessas feitas pelo poder público. Já havia grande urgência neste assunto.
Mas, agora, o relógio da cidade viva, real, avançou muitos ponteiros e com motivos doridos. O crescimento da frota de veículos e do movimento em estradas e ruas despreparadas se tornaram um pesadelo. Acerta a Prefeitura ao fazer campanhas de conscientização e educação para o trânsito, e também em relevar que a maior parte dos acidentes decorre da irresponsabilidade e excesso de velocidade.
Porém, assegurar as condições de segurança enquanto a cidade cresce sem planejamento para tantos carros e tantos moradores é responsabilidade do governo municipal.
Inchar a cidade por inchar não é um caminho saudável. Os três ciclistas mortos em um espaço de 24 dias - um deles em uma estrada sem radar, o outro em rua sem espaço para ciclista e o terceiro na via perimetral, que tem tráfego intenso - pressionam por providências, por medidas concretas.
A Mogi dos sonhos e projetos não condiz com a Mogi de fato. Essa, a cidade real, está usando a ciclovia inacabada e vê famílias e projetos de vida interrompidos em acidentes que podem se repetir a qualquer momento. Aqui, o recado é para o cidadão, a sociedade organizada: a violência do trânsito é resultado do comportamento de vida adotado por cada morador. Cobrar do poder público é preciso. No entanto, esperar que apenas a faixas resolverão tudo é seguir pavimentando uma cidade mais baseada na cultura da violência e do desrespeito às regras, do que em um ambiente tranquilo e favorável à convivência de todos - os que andam a pé, de bicicleta, moto, ônibus ou caminhão. O ponto, em outro centro, não é apenas a mobilidade, mas a cidade que está sendo construída.
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