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EDITORIAL

Mogi cresce em desordem

'Há fila por escola, emprego, consulta e leito de UTI e de hospital, por saneamento básico. Há pouco, no ápice da pandemia, tivemos fila para enterrar nossos mortos'

O Diário
04/11/2023 às 08:22.
Atualizado em 04/11/2023 às 08:22

O Censo Populacional 2022, do IBGE, confirma que Mogi cresceu mais do que a média estadual e nacional (Crédito: Mariana Acioli)

Semana passada, bastou a interdição, no meio da tarde, de uma faixa de direção próximo à ponte da avenida João XXIII para serviços emergenciais, e o congestionamento em horário atípico afetou e surpreendeu moradores e trabalhadores do distrito de César de Souza. Com apenas duas avenidas de acesso, a lentidão nas manhãs e tardes está na conta do morador de Mogi das Cruzes, no pacote do alto custo do crescimento da cidade na qualidade de vida de seus moradores. 

O Censo Populacional 2022, do IBGE, confirma que Mogi cresceu mais do que a média estadual e nacional (lembrando que os dados finais não correspondem à realidade demográfica mogiana por causa da recusa de parte da população em atender o recenseador).

César é apenas uma porção da cidade que cresceu e segue crescendo desordenadamente todos os dias. O excesso de carros em uma malha rodoviária com deficit de ruas e avenidas é uma pequena faceta dos efeitos do inchaço populacional. 

Há fila para escola pública. Há fila para consulta médica e, sobretudo, com especialistas, e há fila por exames, hemodiálise, leitos de hospital e UTI e cirurgias não eletivas.  

Há fila para o emprego. Para a casa própria popular. Há fila pelo saneamento básico e pela atenção aos idosos, dos maiores de 60 anos, uma parcela que caminha para ser maior do que a dos mais jovens e adultos no futuro. 
Tivemos fila, no ápice da pandemia, para enterrar nossos mortos.

Os deficits teriam de ser menores porque o avanço populacional implica no aumento da arrecadação pública. Anota-se, sim, o desenvolvimento da infraestrutura dos serviços e equipamentos públicos e privados. 

Mogi das Cruzes ganhou um hospital municipal e está no compasso de espera por uma maternidade; a rede de escolas segue em expansão e conquistas viárias (como as avenidas Julio Simões e Orquídeas) aconteceram entre 2010 e agora.

Há de se levar em conta que Mogi registra um crescimento acelerado - o que estabelece ainda mais rigor para o acerto das políticas públicas. 

O território ladeado pelas serras do mar e do Itapeti e próximo à Capital e ao Litoral, dá endereço, oficialmente, a 451.505 habitantes, o que impôs à cidade um aumento de 16,4% em relação ao Censo de 2010, que era de 387.779 moradores. 

O Brasil cresceu 6,9% em relação ao mesmo período e São Paulo, 8,26%. Ou seja, em relação à expansão média do Estado e do País, a aceleração foi maior aqui.

Isso não apazigua o sentimento de que a cidade poderia ser mais do que é. Particularmente quando se observa outras a caminho dos 500 mil habitantes, especialmente nos aspectos econômicos. Mogi tem perdido investimentos por não cuidar do básico - como a infraestrutura do Taboão. Há demora em resolver temas como a saúde, o trânsito.

O Censo 2022 amplia a responsabilidade da sociedade civil organizada em agir mais para pressionar o Executivo, Legislativo e Judiciário. Depende de quem está à frente desses poderes acertar a mão para colocar a cidade no trilho. Crescer por crescer nunca é um bom negócio. O trânsito em César fala por si.

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