'Um carro ou uma ambulância foram roubados. Mesmo recuperados, esse ato, em si, é flagrante de um estado de insegurança insuportável e revoltante'
São notícias pinçadas do noticiário de O Diário nos últimos dias:
Um carro usado por servidores da Secretaria de Assistência Social de Mogi das Cruzes, responsáveis pela entrega de cestas básicas a moradores do Jardim Piatã, foi levado por marginais. Uma rápida comunicação aos órgãos de segurança pública permitiu a recuperação do veículo - os ladrões fugiram. Mas, o ataque não dá trela para a ilusão. A cidade vive uma grave crise de insegurança. Não apenas Mogi, mas toda região do Alto Tietê.
Furtos no interior da feira de Braz Cubas foram registrados por moradores do distrito mogiano.
Um bala de borracha - que não era perdida - feriu nos olhos um jovem que estava com amigos acompanhando um jogo de futebol na região da rua Narciso Lucarini, conhecida pela concentração de bares e pela presença de um público que toda cidade deveria mais prezar: jovens e estudantes.
O Monitor da Violência, feito pelo portal G1 e programa Fantástico, da Globo, posiciona seis das cidades da região do Alto Tietê entre as 20 do Estado com o maior número de registros de roubos e furtos de carros.
Nestas seis cidades em que os carros são objeto de fácil subtração, cinco possuem taxa acima da média estadual quando o parâmetro é o número de pessoas que enfrentam esse tipo violência a cada grupo de 100 mil habitantes. Para comparar, a média estadual durante cinco meses deste ano é de 148 crimes/100 mil moradores.
Em Poá, esse número é de 262, por muito pouco, a cidade chegava ao dobro da régua estadual. Em Suzano, pasmem: 666 registros, ou seja, 4,5 vezes a mais do que acontece nos demais municípios.
O balanço das estatísticas criminais atualizado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública, de janeiro a junho deste ano, trouxe alta de crimes como estupros e outras modalides, como os furtos de carros. Foram 446 vítimas desse tipo de crime em 2023. Ano passado, no mesmo período, foram 279 boletins de ocorrência.
Uma série de motivos que ajuda na dispersão da realidade vivida pelos moradores de uma cidade. Soltos e franqueados à dor, temor ao prejuízo financeiro e as consequências emocionais herdadas pela vítima, seus familiares e núcleos sociais (quando muito), a criminalidade compõe um estado de caos que se desconfigura e perde importância diante de outras demandas. Faltam escolas de qualidade, saúde com celeridade e resolutividade (tanto no público quanto no privado), emprego, renda, transporte público e por aí vai. Esses problemas todos quando topam com a violência urbana produzem algo preocupante: os casos se distanciam do interesse das pessoas e até da opinião popular, que tem força para cobrar o Estado, quem faz e cumpre políticas sociais.
Um carro ou uma ambulãncia foram roubados. Mesmo recuperados, o ato, em si, é flagrante de um estado de insegurança insuportável e revoltante.
Um jovem levou uma bala no olho em uma operação de dispersão de outros jovens. Seis cidades da região estão entre as 20 de todo o Estado de São Paulo - que possui 645 municípios. São assuntos entrelaçados. Há algo que também faz parte desse conjunto: a Polícia Militar e a Guarda Municipal (não apenas de Mogi das Cruzes) têm apresentado resultados. Porém, a escalada de crimes não cessa. A supervelocidade das notícias e a volatilidade dos fatos que indignam, surpreeendem e têm força para mobilizar as pessoas têm contribuido para a perenidade de tanta insegurança. Algo que precisa ser tratado de uma outra maneira.
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