'A atração de mais gente em busca de moradia, escola, trabalho e transporte difere, e muito, do conceito de desenvolvimento sustentável presente na propaganda de governo municipal e políticos'
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'A atração de mais gente em busca de moradia, escola, trabalho e transporte difere, e muito, do conceito de desenvolvimento sustentável presente na propaganda de governo municipal e políticos'
Que sirva de exemplo o Censo 2022, realizado com atraso de dois anos e em meio a um ambiente de negacionismo, desconfiança e polarização que atinge o Brasil e, particularmente de maneira ainda mais expressiva, nas cidades com mais de 100 mil habitantes, como em Mogi das Cruzes e Itaquaquecetuba, que se destacaram desafortunadamente pela recusa formal ou o não atendimento dos moradores quando procurados pelos recenseadores.
Mesmo com a taxa de quase 10% de domicílios não computados, Mogi das Cruzes chegou a 449.995 mil habitantes em 2022, um contingente 16% maior do que o registrado no Censo de 2010, quando éramos 387.779 residentes oficialmente.
Recenseadores já apontavam para o que pode ter sido o responsável pelo efeito do “não” ao Censo, além de outras causas, como a dificuldade de acessar quem reside em condomínios fechados.
Certo é que o resultado derramou um balde de água fria nas estimativas - inclusive, as divulgadas pelo próprio IBGE em dezembro passado. No caso de Mogi das Cruzes, diferença é substancial: previu-se algo em torno de 471 mil pessoas, 22 mil a menos do que a soma final.
Mesmo com esse impasse que ainda dará o que falar, a cidade manteve taxa de crescimento anual considerável e seguiu recebendo cerca de 6 mil novos mogianos/ano. Cravou índice médio de expansão populacional de 16% em 12 anos, muito mais do que o Brasil (6,5%) e São Paulo (7,5%).
A atração de mais gente em busca de moradia, escola, trabalho, transporte e vaga para estacionar carro é o grande impeditivo para o desenvolvimento saudável e sustentável que tão bem faz soar a propaganda do governo municipal e dos políticos em busca de voto. Uma realidade muito, muito longe da atual. Basta consultar a espera por consulta, exame ou um leito de hospital, a luta por vaga em creche pública, a pressão por casa e teto, o caos generalizado do trânsito em hora de pico.
Por mais que os resultados finais do Censo 2022 não sejam os esperados, eles darão maior segurança no desenho e execução de políticas públicas. Mogi cresce sem freio, sem estrutura para parear a velocidade desse fenômeno. A cidade não dá conta de equilibrar esse feito e fazer chegar os serviços públicos a cada um dos seus cômodos, seus bairros.
Houve cidades do Alto Tietê que confirmaram o encolhimento populacional - sinal de preocupação ao contrário da sentida pelos prefeitos das praças que muito inflaram. O desinteresse por determinados espaços geográficos penaliza os cofres públicos, definham planos para o bem-estar das atuais e futuras gerações.
Sob um aspecto prático - e já sabendo a reação com a fratura das expectativas depositadas no Censo, ao divulgar o resultado, o IBGE dá passo seguro para construir a confiança e segurança nos dados que são fundamentais para o avanço das cidades, das comunidades. Pior seria a maquiagem dos índices.
O que se deu com o Censo - após ser desconsiderado como prioridade pelo governo passado, não pode voltar a acontecer.
Atuar para entender os motivos de quem se recusou a informar dados e/ou não atendeu por não atender o recenseador é urgência. Para o bem do planejamento futuro das cidades, do país.
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