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EDITORIAL

A reação das cidades ao clima

'Responsabilidade e investimentos serão exigidos do poder público, a quem cabe planejar e fiscalizar a ocupação das cidades, e também garantir moradia segura e digna'

O Diário
24/02/2023 às 17:19.
Atualizado em 24/02/2023 às 17:20

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EDITORIAL

A reação das cidades ao clima

'Responsabilidade e investimentos serão exigidos do poder público, a quem cabe planejar e fiscalizar a ocupação das cidades, e também garantir moradia segura e digna'

O Diário
24/02/2023 às 17:19.
Atualizado em 24/02/2023 às 17:20

Com três mortes já registradas durante temporais - em Arujá, Biritiba Mirim e, nesta semana, Ferraz de Vasconcelos - e milhares de pessoas afetadas, em alguma escala, por alagamentos e desalojamentos em regiões ocupadas e com risco de alagamentos e deslizamentos de terras, as chuvas do verão 2023 trouxeram às cidades do Alto Tietê uma tensão que não foi registrada, na mesma proporção, em 2022. 
Os índices pluviométricos garantem recordes, apesar de o regime das chuvas estar mais esparso. Por exemplo, até agora, segundo o secretário municipal de Segurança Pública, Toriel Sardinha, o piscinão do Parque Santana ainda não encheu como em períodos anteriores.
Em meio ao cenário local, a tragédia anunciada por estudos e cobranças do Ministério Público, que acabou vivida por moradores e turistas no Litoral Norte, com a lamentável ocorrência de mortes, desaparecimentos, perda de bens materiais e o fechamento de estradas impõe atenção sobre a maneira como as cidades passarão a responder a fenômenos climáticos intensos e históricos.

Essas tragédias têm se repetido e o país não desenvolveu políticas eficazes para combatê-las. Nem mesmo no quesito mais simples: a ligeira evacuação das comunidades sob risco.

Cidades não são ilhas. A natureza não separa morador daqui e de lá. Visitante, turista, trabalhador e morador, velho, jovem, criança. Todos são frágeis diante de um soterramento, uma chuva forte, galhos e lama arrastados por uma enchente.

A instabilidade do tempo - e não só pela chuva, o calor extremo que tem queimado áreas verdes e deixa, neste janeiro mesmo, cidades do Sul do País sem água - é um problema comum do habitante do planeta.

Responsabilidade e investimentos serão exigidos do poder público, a quem cabe  planejar e fiscalizar a ocupação das cidades, além de dar moradia segura e digna a todos. Será testado o poder de organização e de conscientização da sociedade civil para enfrentar eventos climáticos. 

Em grandes enchentes e sinistros como os rompimentos de barragens, ao se decupar a situação de cidades como São Sebastião, onde houve um acelerado adensamento urbano, sobram lições sobre impunidade e violação de leis.

Mogi das Cruzes não possui hoje áreas de alto risco de desmoronamento. Isso resulta de fiscalização e da política de eliminação das áreas de risco maiores, num passado nem tão distante assim. Coibir as ocupações em pontos perigosos, como a borda de córregos e morros, evita mortes e graves sequelas sociais.

Não basta impedir a ocupação ilegal. Há de se perseguir a melhoria das condições de moradia para quem se vê obrigado a pagar por terras que ficam dentro de verdadeiros leitos de rio. A tragédia ambiental - como a educacional e do trabalho, afeta mais e primeiro os mais pobres. 
Esse período lustrou outro signo da nossa sociedade: a solidariedade. O engajamento em campanhas para ajudar os caiçaras e moradores de cidades que perderam tudo alenta neste início do ano marcado por cenas tão dilacerantes como as de pessoas que cavam a lama para tentar encontrar familiares. Aqueles que não conseguiram escapar a tempo da morte.

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