Enquanto o governo do Estado não coloca todos os dados na mesa, a ameaça do pedágio vai se consolidando do pior jeito possível, a conta-gotas e num processo atravancado, sem plena transperência. Será um ponto de cobrança no trajeto dos 9 quilômetros  e pouco da Mogi-Dutra? Ou dois, divididos em um posto do free flow no trecho de Mogi das Cruzes e outro em Arujá - algo que já aventado no passado, como bem cravou um dos líderes do Movimento Pedágio Não, Paulo Boccuzzi? O pedágio na Mogi-Bertioga também será instalado, ou ficará para o futuro, como ouviram políticos da Baixada Santista em reunião sobre o sistema também rechaçado pela região litorânea?

Custa a crer, mas o governo do Estado parece não ter aprendido com as lições do passado ao lançar um edital internacional para a concessão litorânea que não parou em pé por muito tempo. 

O quebra-cabeça sobre o estudoem andamento em pastas como a Secretaria de Parcerias e Investimentos coloca em evidência o projeto do governo Tarcísio de Freitas, do Republicamos, previsto para criar fonte de arrecadação para o Estado nas demais rodovias estaduais. O pretexto de modernização, com a cobrança por tags e tudo mais, não cola.

A ameaça é cada vez mais presente. O modelo foi adotado no início do ano em trecho da Rodovia Rio-Santos - sem praça de pedágio, em Itaguaí, Mangaratiba e Paraty, com tarifa de R$ 4,10 (dia de semana) e R$ 6,80 (sábado, domingo e feriado).
A sede de arrecadação do Estado mira toda malha rodoviária paulista. É maquiada com proposta populista de se fazer justiça com a cobrança por quilômetro rodado - no fundo, no fundo, o Estado mais rico da federação e com altíssima carga tributária, vai encarecer o custo de vida, como resume o engenheiro Nelson Bettoi, da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Mogi.
Na briga contra um gigante desse quilate, o governo do Estado, resta ao município a única arma capaz de derrubar um titã: a pressão popular e o voto.

Moradores, lideranças e políticos estão em alerta. A batalha cumpre período de mansidão e guarda das armas porque Mogi das Cruzes e a região pouco sabem sobre as novas intenções do Estado. 

Nisso reside o perigo. Depois do malogro recente e derrota para os mogianos,quando o Estado suspendeu a inclusão da Rota do Sol, no projeto inicial de concessão do Lote Litoral, há de se cuidar para que não sejamos surpreendidos com uma audiência pública marcada para São Paulo. Há de se ter tempo para decifrar o projeto e reunir os argumentos contra uma cobrança que irá azedar a saúde finaneira de quem mora na região da Serra do Itapeti e toda a região, num efeito cascata.

Para não esquecer: na primeira audiência pública, a cidade foi atropelada pelas intenções do Estado. Mais ainda: o primeiro edital da concessão do Lote Litoral, engenheiros mogianos levaram semanas para analisar as façanhas grotescas propostas pelos técnicos da Artesp (Agência Reguladora do Transporte no Estado de SP) como o recorte da cidade com uma série de viadutos sem pé, nem cabeça. 

Julho passou. A audiência pública já tem data marcada. A luta pelo pedágio não acabou. O fio do bigode não teve valia. A promessa de campanha do então candidato Tarcísio já ganhou outra narrativa, como bem reportou a entrevista com o secretário Gilberto Kassab publicada por este jornal uma semana atrás.