'Alagamentos são um problema crônico das cidades que todo verão são encurraladas pela falta do planejamento e o fracasso da fiscalização e de políticas públicas'
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'Alagamentos são um problema crônico das cidades que todo verão são encurraladas pela falta do planejamento e o fracasso da fiscalização e de políticas públicas'
Ainda que a repetição da cena, até agora, tenha afetado um número menor de famílias mogianas, ruas e casas alagadas assombram moradores de regiões baixas em bairros construídos ao lado de córregos e rios. Cidades da região estão vivendo o mesmo problema em maior ou menor escala.
Nossas cidades estão despreparadas para chuvas mais potentes - e um fenômeno climático, a concentração do aguaceiro em algumas regiões em função do sopro dos ventos pode ampliar ou reduzir as perdas e prejuízos até o final de mais um verão.
Mesmo assim, mortes são computadas em outras cidades e bairros da Capital.
A perda da vida de um cidadão levado pela enxurrada ou soterrado após um deslizamento de terra é o ápice da má gestão das cidades. Os prejuízos financeiros e socais cotizados por pessoas que perdem móveis e a comida nos alagamentos não deveriam ser tratados como um mal menor das chuvas.
Esses bolsões mais vulneráveis às forças da natureza resultam da desigualdade social e da perenização da pobreza em territórios deserdados dos investimentos públicos e privados.
É um problema crônico das cidades brasileiras (e de partes do mundo) que todo verão são encurraladas pela falta do planejamento, além do fracasso da fiscalização e do descumprimento da lei, acertos e aceleração políticas públicas para preservar a vida dos cidadãos.
Nesta semana, o prefeito Caio Cunha falou sobre a Mogi invisível, formada pelas famílias pobres ou extremamente pobres. Outros prefeitos já disseram o mesmo, com outras palavras.
A pandemia foi divisor implacável para se monitorar como estão vivendo as pessoas. Mais de 100 mil estão em situação de pobreza e miséria. Nessa situação está um mogiano em cada grupo de quase 5, já que os números do Censo 2022 indicam que a população mogiana tem mais de 470 mil habitantes.
Planos de drenagem são feitos pela metade ou simplesmente eliminados de projetos viários como a história recente nos mostrou (as obras na Estrada Velha de Sabaúna e a duplicação da Miguel Gemma estão aí).
Por mais que esse debate sempre renda “mea culpa” de entes dos poderes executivo e legislativo, a nossa sociedade civil organizada não tem conseguido mudar o destino de regiões como Jundiapeba - onde o crescimento acelerado e irregular, em uma área de topografia baixa, segue a passos largos.
Esse assunto, aliás, municia uma necessária reflexão a cerca de um crime contra a humanidade em curso no Brasil - a tragédia produzida pelo garimpo ilegal e milionário nas terras indígenas Yanomami.
Há escalas diferentes na gênese do que autoridades e estudiosos já classificam como um genocídio. Mas, no alicerce estão facetas semelhantes: o descuido com os pobres e excluídos, a especulação imobiliária, ocupação e abairramento de porções do território das cidades sem obras estruturantes. Mudanças exigirão novos e urgentes pactos entre as pessoas e os governos para preservá-las dos efeitos do clima que sempre influenciaram as causas da mortalidade no decorrer dos vários estágios de vida na terra.
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