Desempenho da indústria na composição do PIB mostra que o setor tem apresentado resultados positivos, mas o crescimento ainda tem sido heterogêneo
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Desempenho da indústria na composição do PIB mostra que o setor tem apresentado resultados positivos, mas o crescimento ainda tem sido heterogêneo
O crescimento de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre trouxe certo alento para os resultados da economia do país. O avanço foi puxado, especialmente, pela indústria, que apresentou alta de 2,2% no período. O problema é que, mesmo positivo, o número não é suficiente para recuperar as perdas amargadas desde o início da pandemia e até antes dela.
Por outro lado, ainda que a evolução seja tímida, essa é a segunda alta consecutiva da indústria no PIB. No primeiro trimestre deste ano, o setor já havia avançado 0,6%. O número é diferente dos resultados de 2021 quando o segmento industrial começou o ano no azul (0,9%), mas seguiu os três outros trimestres em queda, nos quais -1,1% no segundo trimestre, desempenho estatístico (0%) no terceiro trimestre e -0,9% nos três últimos meses do ano.
O resultado divulgado há poucos dias pelo IBGE só perde para o percentual atingido no terceiro trimestre de 2020, quando a indústria avançou 14,7%, após uma queda de 12,2% contabilizada no trimestre anterior. Naquele ano, o setor tinha ficado no vermelho (-1,3%) nos três primeiros meses do ano, começo da pandemia de Covid-19. Já o último trimestre terminou positivo com alta de 1,6%.
Sabemos que boa parte do desempenho da indústria no primeiro semestre deste ano foi puxada por algumas injeções de recursos, como a antecipação da primeira parcela do décimo terceiro de aposentados e pensionistas do INSS, o saque extraordinário do FGTS e o pagamento do Auxílio Brasil. As medidas aumentaram o poder de compra das pessoas que acabaram consumindo mais e movimentaram as indústrias. Resultado que poderia ser mais robusto se não fosse a inflação, que impactou nos preços dos produtos, incluindo os básicos como alimentos e combustíveis.
A alta da indústria no PIB foi conquistada pelos desempenhos positivos na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos; na construção; na indústria extrativista; e na indústria de transformação. No primeiro caso, o avanço de 3,1% foi motivado pelo desligamento das usinas térmicas, que resultou no fim da bandeira tarifária de escassez hídrica, impulsionando o uso das energias renováveis, que são mais baratas.
Outro setor que apresentou crescimento importante foi o da construção, que enfrentou diversos obstáculos ao longo dos últimos períodos, mas que vem se recuperando gradativamente.
De maneira geral, o que o desempenho da indústria na composição do PIB mostra é que o setor tem apresentado resultados positivos, mas o crescimento ainda tem sido heterogêneo, enquanto alguns segmentos vão melhores, outros amargam queda ou ficam estáticos, muitos sob influência de aspectos macroeconômicos que freiam o desempenho das empresas.
Um desses pontos é justamente a inflação que atinge toda cadeia produtiva e também a ponta desta corrente, que é o consumidor. Em julho, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) apresentou alta de 1,21%, em relação ao mês anterior. Se somado o acumulado do ano, chegamos ao percentual de 11,46%, a segunda maior taxa registrada para o mês de julho desde o início da série histórica, em 2014.
O IPP calcula a variação dos preços de produtos na modalidade conhecida como ‘porta de fábrica’, ou seja, sem impostos e frete. O resultado de julho mostrou que das 24 atividades das indústrias extrativistas e de transformação pesquisadas, 17 apresentaram alta no mês.
Os principais componentes que resultaram na alta de 1,21% são os mesmos que têm pesado no bolso dos brasileiros: os alimentos e o refino de petróleo e biocombustíveis. No caso dos alimentos o impacto vem em dobro, primeiro pelo aumento no custo da matéria-prima e produção, e depois pela queda no consumo, motivada pela retração do poder de compra. As pessoas têm optado por opções mais baratas, o que gera a redução da produção industrial, que conta com itens com maior valor agregado.
É com esse cenário que se destaca a importância de se otimizar os processos, buscar negociações com fornecedores e identificar quais pontos podem ser ajustados para melhorar a eficiência das empresas. Essas medidas ajudam a equalizar ou minimizar as perdas, mas sabemos que são ações paliativas e insuficientes para fazer com que as indústrias recuperem as perdas acumuladas, principalmente, nos últimos dois anos.
Para este segundo semestre, que já avança para sua metade, existem pontos que geram certo otimismo para a indústria, entre eles estão datas que impulsionam o consumo, como o caso da Black Friday, Natal e a Copa do Mundo, além disso, os últimos meses do ano contam com injeção de recursos vindo do décimo terceiro salário, mas fatores como as incertezas geradas pelos resultados das urnas no mês que vem e o comportamento da inflação e do mercado, ainda geram uma apreensão para a indústria.
Como em casa, na indústria a palavra de ordem continua sendo cautela, planejamento e bolso fechado.
José Francisco Caseiro é diretor do Sistema Fiesp/Ciesp no Alto Tietê
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