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O golpe dos coronéis

'Pelo visto os generais mostraram algum juízo, mas alguns coronéis não. pelo menos é o que mostram conversas entre os coronéis Mauro Cid e Élcio Franco'

Por João Anatalino Rodrigues
20/05/2023 às 08:08.
Atualizado em 20/05/2023 às 08:08

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O golpe dos coronéis

'Pelo visto os generais mostraram algum juízo, mas alguns coronéis não. pelo menos é o que mostram conversas entre os coronéis Mauro Cid e Élcio Franco'

Por João Anatalino Rodrigues
20/05/2023 às 08:08.
Atualizado em 20/05/2023 às 08:08

No dia 8 de janeiro de 2023 aconteceu a fracassada tentativa de golpe de Estado que culminou com a depredação das sedes dos três poderes em Brasília. Cerca de 1,4 mil pessoas foram presas. Algumas já estão denunciadas e processadas por crimes cometidos naquela ocasião.

A invasão da Praça dos Três Poderes pelos bolsonaristas extremistas lembra dois outros fracassados golpes ocorridos na História política do Brasil. Um deles foi a Intentona Comunista de 1935, perpetrado por militares de esquerda contra o governo de Getúlio Vargas. Esse levante foi sufocado, mas deixou dezenas de mortos; o outro foi o golpe Integralista de 1938, organizado por militantes de extrema direita, também contra o governo Vargas, que foi igualmente sufocado, mas deixou mortos, feridos e 1,5 mil presos.

Outro paralelo histórico famoso foi o Putsch da Cervejaria, tentativa fracassada de um golpe tentado por Adolf Hitler e o Partido Nazista contra o governo  da Baviera, em 9 de novembro de 1923. O objetivo de Hitler e seus aliados era tomar o poder do governo bávaro, para em seguida marchar sobre Berlim e destituir o governo alemão. A ação terminou com Hitler e correligionários presos. 

O paralelo entre o golpe nazista e o do dia 8 de janeiro em Brasília é o fato de Hitler procurar envolver os militares sem sucesso. Hitler tentou usar o famoso general Erich Ludendorff como testa de ferro, na tentativa de tomar o poder em Munique e promover uma marcha sobre Berlim, como alguns anos antes seu futuro amigo e aliado Benito Mussolini havia feito na Itália.  

Lá, como aqui, foi a recusa dos militares em participar do golpe que botou “água no chope” dos golpistas. Eles não sucumbiram ao “canto de sereia” dos bolsonaristas e ficaram na deles. Gato escaldado tem medo de água fria, devem ter pensado os generais. Pelo menos é isso que o amigo do Bolsonaro, o ex-major Ailton Barros e o Coronel Mauro Cid andaram conversando alguns dias antes da quebradeira do dia 8 de janeiro. Conversas extraídas do telefone do ajudante de ordens do Bolsonaro e publicadas pela CNN, revelam o “medo” dos generais comandantes de entrarem na aventura. 

Pelo visto os generais mostraram juízo, mas alguns coronéis não. Pelo menos é o que as conversas entre os coronéis Mauro Cid e Élcio Franco, funcionário de confiança do governo Bolsonaro, que comandou o Ministério da Saúde durante a gestão do general Pazuello, revelam.  Elas mostram que os dois coronéis estavam no centro da trama golpista. Bolsonaro, até agora não aparece na trama. Mas pode acabar na cadeia por causa dela. Lembrando que foi após a prisão que Hitler conquistou o poder (e Lula também), quem sabe Bolsonaro já esteja pensando em deixar crescer um bigodinho à moda de Carlitos. 

João Anatalino Rodrigues é escritor

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