"O que fica de herança e lição desse projeto infeliz (o pedágio em Mogi) é a importância da mobilização entre o setor econômico, poder público, sociedade civil e a população"
"O que fica de herança e lição desse projeto infeliz (o pedágio em Mogi) é a importância da mobilização entre o setor econômico, poder público, sociedade civil e a população"
Entramos em 2022 com o pé direito após o anúncio, nas últimas horas de 2021, do cancelamento do projeto do pedágio na Rodovia Mogi-Dutra. A expectativa é que a notícia seja um presságio para o ano que começa. Afinal, os próximos 12 meses reservam grandes desafios para a indústria, a qual ainda tenta superar os obstáculos impostos pela pandemia de Covid-19, que completa dois anos. No entanto, alguns sinais mostram que o caminho deve ter mais curvas suaves na região e um deles é o plano para criação da Agência Regional de Desenvolvimento Econômico (ADRAT), anunciado pelo Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat), e que se torna mais factível com a desistência do pedágio.
A proposta para instalação de praça de cobrança numa das principais rodovias da região foi motivo de preocupação para o setor industrial desde que foi anunciada pelo governo estadual em 2019. Ao longo desse período, foram diversas reuniões e manifestações contra o pedágio. E foi com alívio que no apagar das luzes de 2021 recebemos a notícia da desistência.
Sempre defendemos que um pedágio em Mogi traria impactos irreversíveis para a indústria e a economia da Região. A cidade conta com o parque industrial do Taboão, a maior reserva de área para uso industrial da Região Metropolitana de São Paulo. São mais de 15 milhões de metros quadrados, localizados ao lado da rodovia Ayrton Senna e próximo à rodovia Presidente Dutra. Agora, imagine instalar uma praça de pedágio bem no caminho desta área? Seria um péssimo negócio. As empresas no local veriam seus custos aumentarem, investimentos seriam afugentados, a arrecadação de tributos e geração de renda seriam prejudicadas, além de segregar a população que vive na Região.
O que fica de herança e lição desse projeto infeliz é a importância da mobilização entre os setores econômicos, o poder público, os representantes da sociedade civil e a população. Foi graças a esta união que o projeto foi engavetado e ainda de quebra, tivemos a garantia da execução de importantes obras que apoiarão o escoamento de nossa produção e melhorarão a mobilidade na rodovia que liga ao Litoral, a Mogi-Bertioga. Agora, temos que manter a vigilância para que esses investimentos saiam do papel, assim como continuar buscando melhorias para o Taboão, como a implantação da alça de acesso entre o distrito e a rodovia Ayrton Senna.
E falando em união, o Condemat anunciou a intenção de criar a ADRAT, uma importante ferramenta de cooperação e desenvolvimento para o Alto Tietê. A informação foi divulgada como uma das metas do grupo de prefeitos para esse ano. A agência exerceria papel essencial para atrair investimentos para a Região, possibilitaria um canal estreito e ágil entre a indústria e as administrações municipais, já que as ações poderiam ser articuladas entre os municípios de uma única vez. A iniciativa apoiaria a recuperação econômica, gerando empregos e renda para a região..
São parcerias como essa que devem ser estimuladas e cimentadas. A indústria ainda enfrenta os reflexos da pandemia e os desafios devem acompanhar o setor ao longo deste ano, mas ações conjuntas colaboram para tornar o caminho mais fácil.
Entre os obstáculos que a indústria enfrentará no decorrer dos próximos meses estão velhos conhecidos, como a falta de matéria-prima e insumos, que ainda não foi superada por todos os setores, como o caso dos semicondutores, peças essenciais para a indústria automotiva. A pandemia provocou um desequilíbrio na cadeia de suprimentos, que ainda precisará de tempo para ser resolvido. Enquanto isso, o setor enfrenta gargalos e aumento do custo da produção, que sofre influência com a alta dos juros, inflação e dólar.
Um dos principais desafios que a indústria é a geração de empregos. Nossa Região fechou 2021 com um saldo positivo de mais de cinco mil postos de trabalho criados e devemos continuar com as contratações, mas para isso, precisamos de cenários que possibilitem a retomada consistente do setor. Ainda enfrentamos as incertezas do mercado, situação que neste ano contará com mais um agravante, as eleições, que por si só já afetam as expectativas internas e externas.
A previsão para este ano é que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha uma alta de 1,2%, com um crescimento de 0,50% da indústria de transformação, mas isso vai depender da normalização da cadeia de insumos.
Na conta da indústria para 2022 temos diversas variantes, equações e fatores para serem calculados, mas os únicos resultados que esperamos são a retomada setor e a superação da pandemia.
José Francisco Caseiro é diretor do Sistema Fiesp/Ciesp no Alto Tietê
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