A caça à família Bolsonaro está ficando cada vez mais intensa. Em tudo isso há uma certeza. Se for encontrado um pingo que seja, fora do pinico, quem fez a sujeira vai pagar com juros de cheque especial pelo deslize. 

O que está acontecendo com os Bolsonaros é, claramente, uma campanha de corrosão do seu capital político. Em tempos de extrema polarização política isso é normal. Quem ganha a luta pelo poder sempre procura nocautear o adversário de uma forma que ele não consiga se levantar mais. 

Tudo depende da força residual que o derrotado consegue manter. Se ele mostrar que tem um resíduo de força que presuma ao vencedor uma possibilidade de desforra, então a perseguição será ainda mais implacável. 

Fizeram isso com o Lula. Mas ele mostrou que tinha musculatura política suficiente para aguentar os golpes e se levantar para mais um round. Não conseguiram destruir seu capital político. E como se fosse um Rocky Balboa da política acabou vencendo mais uma vez. 

Já com Bolsonaro só o futuro poderá dizer. Se conseguirá resistir à caçada mortal a que está sendo submetido é algo imprevisível, sendo a política o que é, e principalmente quando a principal base de apoio é tão fluída como a que ampara o capitão.

É triste ver o que está acontecendo com a família Bolsonaro. Mas vale dizer que ele também é o principal culpado pela gana com que seus adversários estão caçando a ele e à sua família. Ele pediu por isso quando, no exercício do poder preferiu mais a polêmica do que o entendimento. E esteve mais afeito a conflitos do que a composições com os adversários e possíveis aliados. Se ele não tivesse sido tão arrogante e hostil quando estava mandando, não haveria tanta gente agora querendo ver a sua caveira.

Vale lembrar que isso não aconteceu com Fernando Henrique Cardoso, nem com Itamar Franco ou Michel Temer. Não que em seus governos não tenham ocorrido escândalos até piores que os que estão sendo atribuídos ao pessoal do Bolsonaro. É que os três acima citados passaram pela jaula sem atiçar as hienas. Bolsonaro, ao revés, passou todo o seu mandato provocando e batendo em quem não comungava das suas ideias.

Bolsonaro se diz evangélico crente e praticante, mas parece que não aprendeu nada com os ensinamentos de Jesus. Se tivesse aprendido se lembraria do que está escrito nos Evangelhos: “Entra em acordo depressa com teu adversário, enquanto estás com ele a caminho do tribunal, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, o juiz te entregue ao carcereiro, e te joguem na cadeia. Com toda a certeza afirmo que de maneira alguma sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.” 

Como diz um provérbio nordestino: quem fica balançando o coqueiro corre o risco de ter a cabeça rachada.

João Anatalino Rodrigues é escritor