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Literatura

Ex-repórter de O Diário é indicado para finalista do Prêmio Jabuti

Jornalista Gilberto Nascimento é um dos finalistas na categoria biografia, documentário e reportagem, com o livro “O Reino"

Darwin Valente
01/11/2020 às 16:30.
Atualizado em 01/11/2020 às 16:34

Jornalista passou por alguns dos principais veículos de comunicação do País (Divulgação)

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Literatura

Ex-repórter de O Diário é indicado para finalista do Prêmio Jabuti

Jornalista Gilberto Nascimento é um dos finalistas na categoria biografia, documentário e reportagem, com o livro “O Reino"

Darwin Valente
01/11/2020 às 16:30.
Atualizado em 01/11/2020 às 16:34

Jornalista passou por alguns dos principais veículos de comunicação do País (Divulgação)

O jornalista Gilberto Nascimento, que iniciou sua carreira em O Diário, é um dos finalistas do Prêmio Jabuti, na categoria biografia, documentário e reportagem, com o livro “O Reino – a história de Edir Macedo e uma radiografia da Igreja Universal”, certamente o mais completo e detalhado levantamento sobre os fatos e bastidores que cercam a formação de um dos mais importantes e lucrativos fenômenos religiosos do País nas últimas décadas.

O mais importante prêmio literário anual brasileiro anunciou, recentemente, a lista com os dez finalistas em cada uma das 20 categorias, com gente famosa como Nélida Piñon, Chico Buarque, Martinho da Vila, Ruy Castro, entre outros.

Para se ter uma ideia do significado da indicação de Gilberto Nascimento como finalista do Jabuti, basta lembrar que ele concorrerá, em sua categoria, com escritores como Nei Lopes, autor de “Afro-Brasil Reluzente: 100 personalidades notáveis do século XX”; Laurentino Gomes (“Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares: Volume 1”); Luiz Maklouf Carvalho (“O cadete e o capitão: a vida de Jair Bolsonaro no quartel”); e Jotabê Medeiros (“Raul Seixas: Não diga que a canção está perdida”); só para ficar entre os mais conhecidos.

Os vencedores de cada uma das 20 categorias e o ganhador do Livro do Ano serão anunciados em cerimônia de premiação online, que será transmitida ao vivo nas redes sociais da Câmara Brasileira do Livro (CBL), no dia 26 de novembro próximo. Nesta edição, o Prêmio Jabuti recebeu 2.599 inscrições, número 20% maior do que em 2019. Cada categoria do Jabuti conta com três jurados, profissionais especialistas nas respectivas áreas. Os 60 jurados têm formações diversas e todos conhecem profundamente o universo do livro.

Até o final do próximo mês, portanto, sobrará muito trabalho para o corpo de jurados escolhido pela entidade promotora do Prêmio Jabuti para indicar os vencedores da categoria onde Gilberto concorre: a editora Ana Lima Cecílio; o escritor José Abílio Ferreira, especialista em Cidades, Planejamento Urbano e Participação Popular pela Unifesp; e Joselia Aguiar, jornalista da área de livros, editora, curadora e autora de não ficção.

O livro

Nas 386 páginas do livro editado pela Companhia da Letras, Gilberto Nascimento realiza “um minucioso e inédito trabalho de apuração jornalística”, traçando um perfil sem retoques da Igreja Universal do Reino de Deus, mostrando como o seu fundador, o bispo Edir Macedo, conseguiu a sua “vertiginosa expansão”, a ponto de contar atualmente com representações em 95 países, onde estão instalados 10 mil templos, controlados por 14 mil pastores e 320 bispos. O poderio que inclui milhões de fiéis e até uma rede de televisão – a “Record” –, jornais, como a “Folha Universal” e outros eficientes meios de comunicação, além de propriedades e outras ramificações.

Uma invejável estrutura de poder, que o escritor esmiúça com a lupa da apuração constante, consistente e contundente, mostrando detalhes de como o poderoso Edir Macedo conseguiu se tornar “sócio de Deus”, uma imagem criada pelo autor para mostrar “o líder carismático que alimenta o culto à sua personalidade”, aquele que é “amado e odiado, conquistador de admiradores e rivais com a mesma facilidade”. Ou ainda “o ambicioso que para alcançar o que deseja, é capaz de atropelar quem estiver pela frente”, usando a máxima criada pelo próprio Edir –“para Jesus, até gol de mão vale” –, revelada por um de seus pastores que se tornou um de seus muitos desafetos.

Com a característica de repórter de faro apurado, já demonstrada desde o início de sua carreira, em Mogi, onde se formou jornalista na UMC, Gilberto Nascimento fez de seu livro uma grande reportagem que invade as entranhas da Igreja Universal mostrando as mais polêmicas e escabrosas histórias, nas quais se envolveram os seus principais dirigentes: desde a saída do estádio do Maracanã, com sacos de dinheiro arrecadados dos fiéis, até os acordos políticos e disputas com pesos pesados da Comunicação brasileira para conseguir comprar a Rede Record, passando pela rivalidade com a Rede Globo, e pelo chute na imagem de Nossa Senhora Aparecida, dado por um dos bispos/pastores, durante um programa ao vivo na TV.

Nada disso, entretanto, se compara aos relatos, sempre minuciosos, de negociações nem sempre ortodoxas, denúncias de ilegalidades, traições e desmandos que foram deixados pelos caminhos que transformaram a Universal no “grupo neopentecostal de maior expressão no País”, como diz o autor, que para detalhar a história do bispo e sua igreja entrevistou 70 pessoas ao longo de quatro anos de intenso trabalho. Tempo em que foram ouvidos ex-bispos, ex-pastores, ex-funcionários de empresas ligadas ao grupo, empresários, representantes do Ministério Público, estudiosos de religião e profissionais de comunicação.

“A intenção do livro – diz Gilberto Nascimento – é transmitir algum conhecimento sobre a atuação desse ousado agrupamento religioso de que tanto se fala, mas do qual pouco se conhece verdadeiramente, e que, em seus 42 anos de existência incomodou e avançou sobre redutos da Igreja Católica e também sobre espaços antes ocupados por tradicionais denominações evangélicas, tudo graças à força da fé e ao dízimo de seus fiéis”.

O repórter

Gilberto Nascimento é daqueles repórteres inquietos, que nunca estão satisfeitos com que conseguiram apurar em algum caso e continuam sempre à procura de algo mais, do furo jornalístico, aquilo que ninguém ainda publicou. Algo que muitos acreditam ter morrido com a rapidez da informação via internet, mas que está muito vivo no trabalho dos grandes jornalistas.

A passagem de Gilberto por O Diário se deu quando ele ainda era estudante de Jornalismo na UMC. Incentivado pelo diretor e jornalista Tirreno Da San Biagio, o Tote, o jovem repórter já dava mostras do que viria a fazer ao longo de uma carreira vitoriosa, marcada por dez grandes prêmios, como o Vladimir Herzog de Anistia e Direito Humanos, Ayrton Senna e Simón Bolívar, do Parlamento Latino-Americano.

Jornalista formado, ele passou pelo “O São Paulo”, órgão oficial da Arquidiocese de São Paulo, onde apurou os sentidos para a defesa dos direitos humanos e dos oprimidos em geral. E foi perseguindo esta linha de denúncias de irregularidades e abusos contra as pessoas, mas nunca desatento aos bastidores da política, das religiões e do dia a dia, que Gilberto passou por alguns dos principais veículos de comunicação do País, como os jornais “Folha”, “Estado de S. Paulo”, “O Globo” e “Correio Braziliense”, além de revistas como “IstoÉ” e “Globo Rural”. Foi também oficial de comunicação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), até decidir partir para o livro, algo que já deveria ter feito há muito tempo.

Nos últimos anos, Gilberto esteve quase recluso, cuidando exclusivamente de uma missão nada fácil: levantar, organizar, ordenar e redigir, com um texto primoroso, o conteúdo de “O Reino”, um verdadeiro dilúvio de informações, colocadas uma após a outra, de forma a deixar o sufocado leitor na embaraçosa situação de não querer mais parar a leitura que começou.

Uma missão que lhe deu a inequívoca satisfação de se igualar a grandes nomes da literatura atual brasileira, ao ser indicado para o Prêmio Jabuti.

E enquanto vive a expectativa sobre o resultado desta escolha, Gilberto Nascimento, do alto de sua incrível simplicidade, já pensa, é claro, na difícil missão que será escolher novo um tema, à altura de sua primeira aposta. Um assunto que lhe permita exercitar o dom da descoberta, algo que os grandes repórteres sabem valorizar como poucos.

Religião? Costumes? Direitos Humanos? Violência?

Não importa o tema que vier, o eterno inquieto Gilberto saberá tratar, como poucos, aquilo que ele se dispuser a descobrir. Que venha, portanto, o próximo desafio do futuro livro. Seus leitores e amigos já esperam por ele.

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