O escritor André Martinez dá asas à imaginação e conta como seria esta partida do Brasil contra o resto do mundo; a publicitária Maria Tereza Arbulu mostra o Pelé como garoto propaganda
(Arte: Danilo Scarpa / O Diário de Mogi)
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O escritor André Martinez dá asas à imaginação e conta como seria esta partida do Brasil contra o resto do mundo; a publicitária Maria Tereza Arbulu mostra o Pelé como garoto propaganda
(Arte: Danilo Scarpa / O Diário de Mogi)
O maior jogo de futebol da história, lá nno céu
André Martinez
O maior jogo de futebol da história estava para acontecer. Mas ele não seria realizado no velho Maracanã ou no Pacaembu com o tobogã (até porque eles não existem mais), mas sim, no céu!
Que o Brasil é o país do futebol tudo mundo sabe. Que Deus é brasileiro também, sendo assim nada melhor do que realizar uma partida entre a seleção celestial do resto do mundo contra a seleção celestial brasileira.
O time mundial estava forte e contava com Rinus Michels como treinador, olha só quem estava escalado: no gol ninguém menos que Lev Yashin, a defesa era formada por Andres Escobar, Cesari Maldini, Bobby Moore e Facchetti, no meio de campo Obdulio Varela, Puskas e Maradona, que, aliás, estava meio incomodado, pois dizia ele que não estava acostumado a ficar em um lugar com dois “Dios”. No ataque só carrascos: Ghiggia, Paolo Rossi e Cruijff, que foi escalado na ponta esquerda, mas teimava em correr pelo campo todo sem parar...
O time brasileiro também estava muito forte, sob o comando do bonachão Vicente Feola. Na meta estava o “Eterno Guardião do Quarto Centenário”, Gylmar dos Santos Neves, na defesa Carlos Alberto Torres, Domingos da Guia, Mauro Ramos de Oliveira e a “Enciclopédia” Nilton Santos, no meio de campo Zito, Sócrates e Didi, no ataque Mané Garrincha e o “Diamante Negro” Leônidas da Silva, mas ainda faltava um atacante.
O Brasil era muito forte, mas como parar uma equipe com Puskas, Maradona, Ghiggia, Paolo Rossi e Cruijff no ataque? Estavam dizendo que o Rinus Michels ainda tinha o Di Stefano e o George Best para o segundo tempo!
Intrigado, Mané chegou para Feola e disse: “Professor, está faltando o camisa dez no nosso time, com ele e eu juntos, nós nunca perdemos...”
Deus é muito bondoso e misericordioso com todos, mas também como não era bobo e nem nada, resolveu reforçar o seu time, chamando para o jogo o dez que faltava. Então para desespero dos adversários celestiais, chegou o Rei Pelé, que fez o ataque brasileiro ao lado de Mané e Leônidas.
O jogo foi duro, mas o time celestial brasileiro venceu por 2x0, adivinha quem fez os gols? O primeiro foi com um drible de corpo no goleiro, sem tocar na bola, ele foi para um lado a bola para o outro e depois, gol. O segundo ele viu o goleiro adiantado de antes do meio de campo e mandou a bola, um golaço! Para facilitar as coisas, caso não tenha adivinhado, na comemoração ele dava socos no ar...
Ao final da partida, Mané aceitou um copo de cerveja do “Magrão” Dr Sócrates e em seguida falou bem baixinho no ouvido de Vicente Feola: “Eu disse professor, com o Rei e o Mané juntos em campo, a gente nunca vai perder!”
Com toda essa genialidade do nosso lado, ainda dizem que Deus não é brasileiro!
André Martinez é escritor
O melhor garoto propaganda de todos os tempos
Maria Teresa Borges Arbulu
Sempre chega o Ano Novo mas assim que tem início, nós nos damos conta que tudo pode continuar igual. Esta virada de ano mostrou que para toda regra há uma exceção - Edson Arantes do Nascimento deixava o plano terrestre e o Pelé passava para a eternidade. 2023 será diferente porque Pelé não mais está entre nós, fica o legado, assim como o compromisso de todos os brasileiros em preservar e amplificar sua memória.
Pelo Estádio da Vila Belmiro, casa nunca abandonada desde que seu reinado, estima-se que duzentos mil admiradores prestaram homenagens, atravessando o gramado de ponta a ponta, fazendo uma parada bem ao centro, no lugar reservado ao atleta. Também alguns milhares de fãs acompanharam o cortejo que percorreu parte da orla de Santos. Foram 24 horas de um rito nunca visto no Brasil. Justo, há um Rei e ele é do Brasil.
Uma multidão de fãs aportou em Santos. ”De repente é aquelacorrente pra frente; Parece que todo o Brasil deu a mão; Todos ligados na mesma emoção; Tudo é um só coração!” - era este o sentimento.
As torcidas entraram em campo cantando os hinos, outros somente registraram no olhar aquela cena surreal e tinha selfie também. Centenas de coroas de flores que ocuparam as arquibancadas pareciam assistir à cerimônia. As autoridades presentes foram tão discretas em suas manifestações de pesar porque cada segundo daquela partida era dedicado ao Pelé.
Os fãs que esperaram quase três horas para dar o adeus ao eterno Rei, agradeciam também ao embaixador, aquele que conseguiu conectar o Brasil ao mundo todo. Além das três estrelas, inspirou centenas de canarinhos aqui no Brasil e se tornou referência do “jogar bonito”, globalmente, uma genialidade que inspira, mas jamais pode ser copiada. Muito antes do Google desvendar números e entregar rankings dos atletas revelação, nosso Camisa 10 já era uma unanimidade nos gramados.
Quantas campanhas publicitárias fizeram jogadas incríveis ao colar na marca Pelé. Com o Rei, a excelência - a qualidade, vinha em primeiro lugar. A comunicação, o marketing e a propaganda também perdem o melhor “garoto propaganda” de todos os tempos. Foi uma celebridade sem rejeição em qualquer pesquisa de opinião aplicada, do mais novo ao mais velho, do mais pobre ao mais rico, de todos os gêneros e raças.
De forma surpreendente, o final de 2022 e o início de 2023 ganharam manchetes nos principais jornais do mundo, posts com dedicatórias, fotos compartilhadas e histórias com o Rei do futebol. Um amigo, Hugo Janeba, ex-VP Marketing e Inovação da Vivo, com quem tive o privilégio de trabalhar, sempre foi apaixonado por futebol, um corintiano raiz. Hugo foi visionário também ao costurar a ida de Pelé para o time de patrocinados da operadora, uma aproximação realizada por meio de Zé Victor Oliva, com o apoio do Banco de Eventos, e Adriano Araújo, assessor de imprensa. Fiz parte dos preparativos iniciais desta feliz e duradoura parceria iniciada em 2010 com a chancela de Roberto Lima, ex-presidente da Vivo, se estendendo por três edições de mundiais
Durante as fotos e gravações para as campanhas, conheci um Edson Pelé humilde, respeitoso, disciplinado, paciente e de uma simplicidade ímpar. Nos bastidores, fora de câmeras, lá estávamos nós, Leo Balbi, da então Young&Rubican, e minha colega de Eventos, Rejane Pereira. Incríveis e inesquecíveis momentos na companhia do Rei.
Dois bilhões de postagens sobre Pelé após a notícia de seu falecimento, alguns milhares conheceram de perto a generosidade sem fim do Edson Pelé. Obrigada, meu Rei. Descanse em paz e tranquilo, você é eterno!
Maria Teresa Borges Arbulu é publicitária, executiva de Marketing e diretora da APP - Associação dos Profissionais de Propaganda, nasceu em Santos no ano em que Pelé conquistou a primeira estrela para o futebol brasileiro.
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