Uma marca da pandemia nas periferias: o aumento dos pancadões. Até o ano passado, esses bailes despertavam atenção, especialmente da vizinhança dos pontos escolhidos pelos organizadores que costumam utilizar as redes sociais para divulgar os eventos e reuniur os frequentadores.
Normalmente, eram feitos em locais fechados, chácaras, sítios, galpões, e em alguns espaços públicos, como praças e ruas. Se antes eles aconteciam mais amiúde, desde o ano passado - e não apenas em cidades como Mogi das Cruzes, os pancadões viraram uma febre.
Na cidade, eles são proibidos por uma legislação específica, a popularmente chamada “lei do pancadão”, de autoria do vereador Emerson Rong. Há multa pesada para a prática por causa do excesso dos decibéis.
A perturbação do sossego fere a ordem pública, em qualquer período que for. No caso atual, no entanto, essas festas se tornaram alvo de mais reclamações, preocupações e estranhamento por causa das aglomerações, responsáveis diretas pelo aumento do contágio pelo coronavírus., e do descumprimento da quarentena, que proíbe grandes eventos.
A lei existe. Fiscalizações acontecem, multas são aplicadas. Porém, a velocidade da organização dos encontros tem vencido o poderio da fiscalização municipal. Falta consciência cidadã e social.
Os mais jovens têm melhor resposta ao coronavírus, o que reforça falsa a impressão de que estão protegidos. O fato é que eles se tornam potenciais dispersores da doença.
Contaminados, eles “carregam” o vírus para dentro de casa, o trabalho, e para as pessoas com as quais convivem.
Não há justificativa contra o que mais do que ilegal, é impróprio e inadequado para essa hora de muitas perdas e luto pelas vítimas da Covid-19. É necessário agir contra as aglomerações.
Não se trata de reprimir um estilo musical e de vida que, sim, é alvo de preconceito e questionamentos, principalmente por causa do abuso do álcool e drogas de uma parte da população jovem que frequenta esses locais. Essa é uma discussão que leva a outros pontos soltos como a falta de outras alternativas de lazer e entretenimento nas periferias, normalmente distanciadas de polos culturais e projetos que falem a lingua dos mais novos.
Porém, tudo isso não dá margem a se condescendente com o que vai contra a saúde pública. Acerta a Secretaria Muicipal de Segurança em ampliar o cerco aos pancadões e seus organizadores.