Na região, a estrela do rock esteve em diferentes fases da carreira marcada por sucessos e o dom de provocar e seduzir ao falar do amor, machismo e sociedade
A apresentação dos Mutantes, em Guararema, em 1972, foi acompanhada por moradores da cidade: naquele mesmo ano, a banda se desfez (Foto: reprodução)
Ao menos três passagens de Rita Lee por palcos de Mogi das Cruzes e Guararema são relembradas nesta terça-feira quando a morte da estrela do rock nacional ocorrida em casa, na noite de segunda (8) abre caixa de recordações e memórias e emudece a música. A mulher pioneira no rock nacional por ter construído uma carreira de sucesso num palco predominado por homens gostaria de ser reconhecida como a "padroeira da liberdade". Achava cafona o título de rainha.
Em uma biografia dos Mutantes, grupo do qual ela fez parte e acabou sendo expulsa na década de 1970, segundo a roqueira sempre descrevia, há uma citação sobre uma temporada e um show realizado na pacata Guararema que se tornou um daqueles momentos inesquecíveis para a banda que nasceu no Movimento Tropicalista. E, também, para quem viu o grupo tocando horas a fio, sem pagar nada.
No início de 1972, os Mutantes decidiram colocar o pé na estrada. A ideia era seguir trilha das bandas americanas e Guararema foi a cidade escolhida para se tornar uma espécie de Woodstock nacional. Isso ocorreu entre o final de fevereiro e março daquele ano com a chegada de jovens cabeludões em motos, buggie e um ônibus que se transformava em palco, com caixas de som e guitarras.
Cartões-postais como as cachoeiras e os recantos verdes paradisíacas e silenciosos do lugar, eram os pontos de abrigo da banda e das pessoas que os acompanhavam em noites e dias regados a música, ensaios, bebida e outros tais, além de uma convivência terna com moradores da cidade que sentiam interesse, simpatia e curiosidade pelo trio que já tinha projeção nacional.
O jornalista Guilherme Gorgulho entrevistou moradores da cidade que se lembraram dessa passagem musical única e também com o músico Sérgio Dias, irmão de Arnado Baptista, que compunham os Mutantes com Rita Lee, em reportagem publicada há alguns anos no jornal Mogi News.
Após permaneceram acampados alguns dias na cidade, um show foi realizado no dia 5 de março de 1972 na região central de Guararema. Foram cerca de 5 horas de muito rock'n roll da banda conhecida do público por sucessos como "A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado", de 1970; e Tropicália Ou Panis Et Circensis, de 1968.
A ideia da trupe era seguir para outras cidades brasileiras, o que não foi à frente: por divergências o grupo acabou naquele mesmo ano (saiba mais sobre a biografia da cantora paulistana, que também atuou em novelas, no cinema e na literatura).
Fotografias deste show são icônicas: Uma delas mostra o palco instalado em cima de um ônibus branco, vermelho e azul. Rita Lee e os parceiros tocando para o público, que não pagou para registrar uma cena rara e única na cidade. Há alguns moradores e crianças brincando em frente ao palco-ônibus.
Rita Lee será velada amanhã, em São Paulo, cidade onde nasceu há 75 anos (Imagem: Reprodução/ Redes Sociais)
Considerada uma das mais importantes bandas do rock brasileiro, que teve o nome de batismo dado por Ronnie Von, em um programa de televisão, o grupo era formado por Rita, Arnaldo (com quem a artista foi casada) e Sérgio Dias. A partir de 1972, os três seguiram por si. Rita se tornou uma grande estrela, sobretudo a partir da parceria musical com Roberto de Carvalho, seu marido.
La Boom
Em Mogi das Cruzes, uma apresentação lembrada por fãs ocorreu na La Boom, um espaço de espetáculos que recebeu diversos nomes da música nacional e internacional mantido durante algum tempo no estacionamento do Mogi Shopping, no final da década de 1990.
Rita Lee se apresentou com o marido, Roberto de Carvalho, na casa noturna ainda lembrada pela geração de jovens daquele período por shows inesquecíveis e detalhes como a grande lona de circo que servia de teto para encontros memoráveis - se contar na roda de amigos, pode ter gente que vá duvidar, mas, pela La Boom passaram Shakira, a banda de rock Ramones - a oficial, sim, e não cover, como até mesmo fãs acreditavam ser - Lulu Santos, Marisa Monte, Ivete Sangalo e outros.
O DJ Ronaldo Costa, que atua na noite mogiana e em eventos destes aqueles anos, lembra da vinda da artista em um período que passaram por Mogi nomes como Mamonas Assassinas (uma vez, no Frô e duas vezes, na La Boom, além de Cidade Negra, Rappa, Paralamas do Sucesso, RPM, BenJor, Roberto Carlos e outros.
Ele conta que a Rita Lee se apresentou na La Boom que operou entre dois a três três, na parceria com a direção do Mogi Shopping. "Alguns dos nomes, foram primeiro, no Frô, e também se apresentavam, na La Boom, e no Náutico. Foi um tempo de grandes shows", diz.
Náutico
Um outro show que teve a presença do roqueira, lembrado por mogianos ocorreu no Ginásio de Esportes do Clube Náutico Mogiano, onde, no final dos anos 1990, uma série de grandes shows tratou de incluir Mogi das Cruzes no roteiro nacional de bandas como Titãs e outros artísticas, como Gilberto Gil. Rita Lee se apresentou no Náutico ao lado do Titãs ,que fazia um show acústivo - a cantora era convidada.
Quando a viu no palco, lembra-se o chargista Danilo Scarpa, de imediato, ele não a reconheceu. Chegou até a pensar que se tratava de algum integrante do Ramone - que em 1996, esteve em Mogi, Magra, alta, com o cabelão, era Rita Lee. "Eu estava começando a sair na boêmia, tinha 18 anos, estava com os amigos da escola", recorda-se ele.
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