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PROJETO APROVADO PELA LIC

Preservação do rio Tietê é tema de documentário feito por mogianos

Equipe de ‘Tietê: Águas Verdadeiras’ busca histórias e memórias afetivas de moradores da região para engajar luta e salvar o manancial

Heitor Herruso
21/01/2023 às 07:59.
Atualizado em 21/01/2023 às 07:59

Fotos como esta, feita na Ilha Marabá, em Mogi, durante as pesquisas de pré-produção do longa-metragem, mostram como está baixo o nível da água no Tietê (Divulgação - Rodrigo Campos)

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PROJETO APROVADO PELA LIC

Preservação do rio Tietê é tema de documentário feito por mogianos

Equipe de ‘Tietê: Águas Verdadeiras’ busca histórias e memórias afetivas de moradores da região para engajar luta e salvar o manancial

Heitor Herruso
21/01/2023 às 07:59.
Atualizado em 21/01/2023 às 07:59

Fotos como esta, feita na Ilha Marabá, em Mogi, durante as pesquisas de pré-produção do longa-metragem, mostram como está baixo o nível da água no Tietê (Divulgação - Rodrigo Campos)

O rio Tietê tem 1.100 quilômetros de extensão e passa por 62 municípios, cortando praticamente todo o Estado de São Paulo. Ele nasce em Salesópolis e passa por Biritiba Mirim antes de chegar a Mogi das Cruzes, onde aparece já muito sujo e quase morto. É essa a história que ‘Tietê: Águas Verdadeiras’, novo documentário do diretor mogiano Rodrigo Campos, financiado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (LIC), se propõe a contar.

O objetivo do filme longa-metragem é abordar apenas este trajeto, indo, no máximo, até o limite entre Mogi e Suzano.  Isso para oferecer ao público uma demonstração “dos problemas ambientais que o Tietê enfrenta neste trecho, tão curto”.

A ideia é mostrar, ainda, a “questão histórica/memória afetiva entre os moradores dessas regiões e o Rio, com o propósito de fazer um resgate cultural e social, propondo uma reconexão histórica, aflorando o sentimento de pertencimento e despertando nas futuras gerações a consciência de preservação”.

As palavras são do diretor, Rodrigo, que em entrevista a O Diário destaca quatro pontos que servem tanto de alicerce para a produção como de justificativa para o projeto, que foi aprovado na LIC e agora busca recursos junto à iniciativa privada. São contrapartidas sociais uma oficina de documentário para jovens de baixa renda e situação de vulnerabilidade, arrecadação de alimentos e exibições gratuitas do filme.

(Divulgação - Rodrigo Campos)

O primeiro pilar é justamente o recorte escolhido. O ponto aqui é “dar visibilidade ao trecho inicial”. “O rio abrange 62 municípios, e a gente matar ele logo no terceiro, que é Mogi, onde a água praticamente não tem oxigênio e não contém vida, é muito significativo e simbólico”.

O choque é proposital. “Acabamos por matar a possibilidade do rio continuar vivo. Sabemos que depois, em cidades mais para o final, ele volta à vida e tem águas limpas de novo, mas temos que dar o exemplo. Não é possível que, em 45 quilômetros de rio nós causemos todo esse transtorno, esse impacto ambiental tão severo, em um rio tão importante para a cidade, para o Estado e para o país, inclusive economicamente”.

Rodrigo explica que esta visão não é poética, e sim factual. Na pesquisa de pré-produção, ele descobriu que diariamente 60 toneladas de esgoto e produtos químicos são despejadas no rio, principalmente em razão da atividade industrial e também devido a agricultura. “É muita coisa, e a gente precisa trazer à tona”, diz o diretor, revelando o “segundo ponto”.

Este item inclui outras questões também, como o nível de água. “Nos últimos anos, por conta da crise hídrica e um desvio feito do Tietê para a represa de Taiaçupeba, acabou diminuindo muito o nível da água, o que prejudica muita coisa, como a navegação. Em diversos trechos o Tietê tem quase 20 centímetros, o que inviabiliza diversas possibilidades e até mesmo de limpeza e vida”.

Já o terceiro ponto extrapola o lado ambiental e vai por um caminho essencialmente humano. Para “aproximar a população”, Rodrigo pensou em contar histórias. “Seja no Brasil ou em outros países, os rios estão ficando invisíveis. Mas antigamente eles cortavam as cidades e tudo crescia em torno deles, que representavam uma forma de transporte, abastecimento, produção e consumo. Em Mogi temos a prova de que hoje não é mais assim”.

Durante a pesquisa, Rodrigo observou que muita gente que anda pelo município, como em César de Souza, perto do Parque Centenário, ou no Mogilar, ou ainda na Vila Industrial, não sabe ou não lembra que o Tietê mora ali, logo ao lado. 

A proposta, então, é que a população de Salesópolis, Biritiba Mirim e Mogi das Cruzes “enviem histórias”. Pode ser uma lembrança de família, sobre a relação com o rio. Afinal, “há diversos casos de pessoas que frequentavam o Clube Náutico na época em que a primeira ‘piscina pública’ era no Tietê, no conhecido ‘cocho’; e tem muita gente que guarda relação com a pesca ou de lazer, de acampar nas bordas do rio”. (veja abaixo como participar, enviando memórias afetivas que podem “sensibilizar a população”).

Por fim, mas não menos importante, há um quarto pilar que sustenta a estrutura. O filme juntará as histórias, as imagens impactantes e as questões ambientais em um pacote lúdico, que permite a aproximação também do público infantil, já que, recorrendo ao jargão, “as crianças de hoje são o futuro de amanhã”. 

Outros detalhes da produção serão divulgados em breve. O que vale dizer, desde já, é que ‘Tietê: Águas Verdadeiras’ é uma tentativa de “mobilizar poder público e sociedade civil”. Tudo gira em torno de um pedido, conclui Rodrigo Campos: “o rio precisa ser melhor cuidado e tratado, e precisam ser criados mecanismos e leis que possam melhorar a qualidade dessa água”.  

 Saiba como enviar histórias e memórias

(Divulgação - Rodrigo Campos)

(11) 9.6060.0533. É por meio deste WhatsApp que a população de Salesópolis, Biritiba Mirim e Mogi das Cruzes pode enviar materiais sobre o rio Tietê. Vale texto, áudio, foto e vídeo, inclusive do tipo selfie comentando alguma situação. Quem enviar mensagem vai receber instruções simples: enviar nome completo, CPF, RG, endereço e telefone. E também o link para uma lista com todas as regras. 

Todo o material recebido será utilizado, seja no filme ou em outras ações ao longo da campanha de produção e divulgação. E o foco está em receber histórias e memórias afetivas, seja de quem viveu perto do rio, ou guardou relação econômica com ele, como explica a codiretora, Denise Szabo, que pede a participação do público.

“A proposta é trazer a discussão sobre os rios, as águas, em especial sobre o Tietê, não só para o meio acadêmico, aos professores e ambientalistas, mas também para aproximar as pessoas, especialmente aquelas que convivem o dia todo com o rio, passam ao lado, por cima dele e por vezes sequer percebem sua existência”.

Por ser um documentário, ela espera atingir o público adulto, mas também pretende “conversar com as crianças, porque elas são o futuro, as pessoas que forem sensibilizadas agora, têm mais chances de terem carinho e cuidado”.

O filme terá o embasamento teórico adquirido com “vários pesquisadores que conhecem a trajetória e os problemas do rio e inclusive já pesquisaram soluções para que ele possa estar vivo onde já esteve”, conta Denise. Mas vai além.

“Buscamos também memórias e histórias de quem viveu o rio, para a partir delas construir a narrativa. Vai ser uma colcha de retalhos, porque documentário é linguagem onde a gente tem muita liberdade para misturar histórias, apresentar problemas e ainda assim construir um produto lúdico, que consiga dialogar com público”, detalha ela.

O objetivo dela, que comemora a parceria com Rodrigo Campos, é “impactar as pessoas exatamente para que olhem o rio de outra forma, e que daqui há 20 ou 30 anos a gente possa olhar para o Tietê e enxergá-lo, nesta região, como um rio vivo, que respira, onde as pessoas aproveitam novamente com responsabilidade as águas e margem”.

  

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