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Mulheres são o foco de exposição fotográfica em cartaz no Centro Cultural

Quem nunca se perguntou se “a vida imita a arte ou a arte imita a vida”? Sem tentar achar a resposta, a mogiana Maria Luiza Gonçalves acabou encontrando. Para ela, a vida é arte e ponto final. Além de modelo e empresária, a bailarina e professora de dança se descobriu fotógrafa durante a pandemia. Em […]

10 de março de 2022

Reportagem de: O Diário

Quem nunca se perguntou se “a vida imita a arte ou a arte imita a vida”? Sem tentar achar a resposta, a mogiana Maria Luiza Gonçalves acabou encontrando. Para ela, a vida é arte e ponto final. Além de modelo e empresária, a bailarina e professora de dança se descobriu fotógrafa durante a pandemia. Em pouco tempo foi reconhecida e premiada, e agora inaugura uma exposição, ‘Mulheres na Arte’, no Centro Cultural de Mogi das Cruzes.

Para entender como é formada esta mostra é preciso contar que Maria Luiza dança desde os 5 anos, e desde 2006 coordena uma escola, no Centro da cidade. Puxando na memória, ela entende que, de um jeito ou de outro, a arte sempre esteve presente. “Meus pais, ao invés de ler ‘Chapeuzinho Vermelho’ para mim, mostravam uma coleção grandes pintores, como Caravaggio e Botticelli”.

Dançarina que assim como muitos artistas ficou sem palco durante longos meses, em 2021 ela investiu no que até então era um hobby: a fotografia. “Estudei bastante, fiz cursos. Decidi comprar uma máquina e me arriscar. Eu já tinha noção de ser fotografada, de dançar, e fui experimentar meu olhar, fazer edições, colocar as cores que eu queria”.

Não demorou para que ela encontrasse um estilo próprio, inspirado na estética do corpo feminino e nas leituras da infância. “Pela questão de ser bailarina há 31 anos e professora de balé há 16 anos, sei das posições que o corpo tem que fazer para ficar bonito”, explica ela, que não só recria quadros famosos, como ‘Hebe After The Fall’, do francês Hugues Merle, como também ajuda muitas mulheres no processo de “resgate da autoestima”.

“As meninas falam que não são magrinhas, mas temos beleza em todos os tipos de corpos para todas as mulheres. Gosto de ver as reações delas quando se veem nas fotos”, explica a fotógrafa, que foi muito procurada nos últimos meses, de pandemia, para ensaios sensuais e também inspirados em obras de arte, em que retrata mulheres “com os corpos do jeito que são, lindos e maravilhosos”.

Neste segmento, Maria Luiza conduz as fotos como releituras, “imitando quase que literalmente a pose e os cenários” de quadros e telas, principalmente do período barroco. “Temos padrões de beleza hoje que são absurdos, uma obsessão com magreza, que na época dessas pinturas não existia. As mulheres eram mais cheinhas, cheias de curvas e extremamente belas”, defende.

A câmera da mogiana já registrou mulheres solteiras, casadas, brancas, pretas, magras, gordas, jovens, idosas. E também já registrou a própria fotógrafa. Em 2021, a 11ª edição do Prêmio Revela Mogi selecionou um clique em que ela também é a modelo. Em ‘Proteu’, aparece e diz muito, mas sem mostrar o rosto, coberta por um tecido.

Esta imagem também compõe a exposição ‘Mulheres na Arte’, assim como outros registros, de outros corpos, de outros rostos. Quando colocados juntos, eles contam uma história. Muitas histórias, na verdade.

“Acho que corpos humanos são lindíssimos, independentemente de qualquer padrão de beleza. A gente vive nossa vida em um corpo. Através dele, temos alegrias, tristezas, experiências. Por isso as marcas de expressão estão aí. Cada estria é um filho que uma mulher gerou, e isso é lindo. Espero que as pessoas possam ver como isso é belo. Não temos que nos envergonhar, e sim ter orgulho”, argumenta Maria Luiza.

A dança ajudou na definição deste olhar poético. A trajetória dela permite inferir, aliás, que suas fotos são resultado de muitas vivências. Afinal, vegana há 5 anos, ela é formada em Educação Física e pós-graduada em Educação Ambiental, com experiência em criar coreografias sobre questões climáticas e até políticas.

“A arte é a autoexpressão lutando para ser absoluta”, dizia Fernando Pessoa. A fotografia, portanto, é um novo caminho para que Maria Luiza se manifeste – e se permita ser observada. Por isso, expor em março, quando o Dia Internacional da Mulher é comemorado, tem significado “especial”, já que “ainda há muito a ser conquistado”.

E quem quiser ver só precisa ir ao Centro Cultural de Mogi, ao número 360 da Praça Monsenhor Roque Pinto de Barros, no Centro, de segunda-feira à sábado, das 9 horas às 16h45.

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