Micaelly Akizuki, de 18 anos, levou também o título de Missa Nikkey São Paulo, e inicia o reinado com planos de representar a cultura japonesa e investir na carreira de modelo
Após a vitória, Micaelly se volta para o exercício do reinado, que inclui apresentações em festivais, como o Tanabata Matsuri (Foto: divulgação)
Após longo hiato, a sansei poanse Micaelly Kaory Lopes Akizuki é a Miss Nikkey Brasil 2023, e também a Miss Nikkey São Paulo. Para a filha de Armando Sussumo Akizuki, que faleceu em um acidente quando ela tinha apenas seis meses de vida, e de Salete Barreto Lopes, nascida na pequena Butirirama, na Bahia, a conquista ainda parece irreal para a jovem que sonhava ser miss desde criança.
A última vez que a coroa enfeitou a cabeça de uma mogiana foi em 2008, quando Karina Eiko Nakahara recebeu o título de Miss Centenário-Brasil.
Novamente, Mogi está no trono nacional que representa a beleza de uma população estimada em mais de 2 milhões de descendentes e japoneses que vivem no Brasil.
Há três anos, a família composta por Salete, a irmã Michelly e Micaelly, trocou Poá por Mogi. No ano passado, a caçula se inscreveu no Miss Akimaturi 2022 promovido pelo Bunkyo de Mogi. Terminou em segundo lugar e com o título de 1ª princesa do concurso. Ela tem 18 anos.
Veio, então, a insegurança de seguir o sonho. A família garantiu o suporte e o ânimo para a nova disputa. O resultado foi levar a faixa principal para a casa, na festa realizada em abril deste ano.
No sábado último (8), em São Paulo, e ao lado de candidatas de cidades paulistas e de outros estados, lá foram Micaelly, familiares e os representantes do Bunkyo mogiano. Ela faturou os dois títulos: o Nikkey São Paulo e o Brasil, para surpresa da estudante que trabalha com a mãe, em uma loja de artigos para casa, em Suzano, e se prepara para cursar a Faculdade de Ciências Econômicas na Universidade de Mogi das Cruzes a partir deste semestre.
“Sinceramente, até agora, ainda não caiu a ficha. Ainda estou sem acreditar. sonhei muito, desde criança, sempre fui meio exibida. Queria ser miss”, afirma. A seguir, assinala com segurança: “Estou pronta para representar o Brasil e a beleza asiática”.
Com planos de seguir a carreira como modelo, Micaelly sabe dos desafios que a aguardam em um mercado com pouca abertura para belezas fora do padrão. “Em geral, a mulher asiática tem altura que não condiz com o que o mercado quer, mas isso está mudando”, aponta.
Com as medidas do corpo na ponta da língua - 1 metro e 55 de altura, 83 de busto, 63 de cintura e 94 de quadril distribuídos em 50 quilos, a poasense irá participar de uma série de festas e eventos, até a passagem da faixa, em 2024,
Estudante de japonês na escola tradicional do Bunkyo, na sede da Vila Industrial, a miss inclui expressões como “arubaito”, que designa o trabalho temporário, durante a conversa. No curso que tem à frente a professora Elisabete Senda, desperta a atenção a presença de descendentes de japoneses, mas brasileiros, que se interessam pela língua estrangeira.
Ela aprimora a busca por conhecimento sobre a cultura. Além do convívio com tios e primos, a miss terá oportunidade de conhecer ainda mais sobre esse universo durante a viagem para o Japão, que recebeu após a vitória no concurso.
Na disputa pelo Miss São Paulo, estavam 12 concorrentes. No Miss Nikkey Brasil, a briga foi mais acirrada com 21 candidatas de outros estados.
Após a vitória, Micaelly se volta para o exercício do reinado, que inclui apresentações em festivais, como o Tanabata Matsuri que ano passado ocorreu no Parque Centenário e deverá ser repetido.
Filha de mãe brasileira e neta de avô nascido em Okayama, a Miss Nikkey Brasil é uma jovem antenada com a cultura japonesa na arte (animes, música e doramas), culinária e outras expressões assimiladas pelo mundo.
Micaelly convive com os integrantes da quarta (sansei) e quinta (gossei) gerações de descendentes dos imigrantes brasileiros. Embora uma grande parte dos filhos dos filhos e netos dos pioneiros estrangeiros que impactaram a história, economia e o desenvolvimento social do País tenha se afastado do campo - o endereço primeiro dos imgrantes - e partido para outras áreas de atuação, distante da lida com a terra e a lavoura, a miss observa que o respeito e a gratidão são bem cuidados pelos mais novos. “A maioria reconhece o papel dos avós e pais que venceram o preconceito e muitas dificuldades no passado, no trabalho pesado na agricultura”, comenta.
Um concurso que une as famílias no Akimatsuri
O concurso de Miss Akimatsuri começou no ano do Centenário da Imigração Japonesa em Mogi das Cruzes, como se recorda Frank Tuda, presidente do Bunbyo.
Outras cidades já realizam o concurso e a festa mogiana promovia o Miss e Mister Akimatsuri Júnior.
“Começamos em 2008 para homenagear os 100 anos da imigração japonesa no Brasil. Na época, quem coordenava era a Cristiane Nagao, que fez parte da Comissão Organizadora. Para a nossa alegria, uma mogiana, a Karina Eiko Nakahara foi a grande vencedora e eleita a Miss Centenário Brasil-Japão”. A experiência foi bem-recebida pelo público jovem, que buscava se inscrever, e entre os espectadores.
“Muitas candidatas estão ali para homenagearem suas famílias, suas origens”, disse. “É uma energia muito boa, que não tem como mensurar em palavras. Ver as famílias torcendo para suas candidatas, é algo muito bonito porque é um momento de união e fraternidades”, acresce.
A conquista de Micaelly, resume, “é uma honraria dentro da comunidade nipobrasileira, título que ela mereceu porque já tinha participado outra vez do concurso e se reinscreveu buscando o seu sonho. Ela é um exemplo para outras meninas que sonham com o título de miss, que não devem desistir”.
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