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Mesmo com dificuldades, os artistas mogianos resistiram; relembre projetos de 2021

No início deste ano, este jornal mostrou que a cultura mogiana seria “diversa e plural” ao longo de 2021. Agora que o ciclo se aproxima do fim, é justo acrescentar mais dois adjetivos: “criativa e resistente”. Afinal, a pandemia persistiu por mais do que se podia imaginar, mas não os auxílios à classe artística. Sem […]

12 de dezembro de 2021

Reportagem de: O Diário

No início deste ano, este jornal mostrou que a cultura mogiana seria “diversa e plural” ao longo de 2021. Agora que o ciclo se aproxima do fim, é justo acrescentar mais dois adjetivos: “criativa e resistente”. Afinal, a pandemia persistiu por mais do que se podia imaginar, mas não os auxílios à classe artística. Sem uma nova Lei Aldir Blanc e durante muito tempo sem poder retornar aos palcos presenciais, os artistas precisaram ser resilientes para seguir não apenas ativos, mas lançando materiais novos.

Em um ano de grandes mudanças – como a chegada de uma nova secretária para a pasta de Cultura municipal, e também o fortalecimento de grupos como a Frente Popular Pela Cultura do Alto Tietê -, eles conseguiram. Resistiram.

É claro que, em alguns casos, foi preciso alterar os planos. Muita gente, por exemplo, pretendia gravar álbuns musicais pelo Estúdio Municipal de Áudio e Música (Emam) em 2021. Com a Covid-19 impedindo a reabertura do espaço, muitos lançamentos foram inseridos na próxima janela. É o caso de ‘Canela’, disco de inéditas de Sabrina Pacca, que ainda não começou a ser gravado, mas que deve sair em julho de 2022.

Por questões de agenda, outros materiais já estão sendo registrados, como ‘Alma de Rio’, de Sandra Vianna. Com as bases prontas, neste sábado (11) ela fará a inserção da bateria, de Pedro Cirilo, e na próxima semana começará a gravar o instrumento charango, de Bia Mello. 

Sandra, aliás, têm se apresentado no Bistrô Itapeti e na Digi Club. Essa informação, aliada à inauguração da Casa do Jequitibá (leia mais abaixo), mostra que finalmente puderam voltar a operar as casas noturnas, bares e restaurantes, onde a música tem mesa cativa.

“A criação independente não para nunca. O artista em si é fonte inesgotável de criação e inspiração. Até na dor a gente produz. As pessoas continuam desenvolvendo seus estudos, compondo, fazendo suas lives, apresentações ao vivo, batalhando”, avalia ela.

Prova disso é o que O Diário tinha antecipado no início do ano, e que realmente aconteceu: aulas do ‘Studio Virtual de Violino’, de Mariana Ribeiro, os cursos ‘Criando Canções’ e ‘Comunidade Tocando Canções’ de Paulo Henrique, o PH; as agendas infantis do espaço Terra de Almofadas. E muito mais.

No rap, Mogi teve lançamentos de Cachildo e 2P (leia mais abaixo); na música instrumental, novidades de Juliana Rodrigues, que em trio lançou o álbum ‘Vive’. A lista é grande. Mas é preciso dizer que 2021 teve também lançamento de novos nomes, como Igor Leandro e seu single ‘Café’.

Já outros artistas, como o Brenô, mudaram os planos. O segundo CD solo dele, ‘Floresça’, seria lançado em 2021, mas ficou para 2022 e está atualmente em fase de captação de recursos pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC).

Certas atividades, como a dança, tiveram menor intensidade neste ano, já que muito dependem do contato presencial. Mesmo assim, as escolas Fernanda Moretti e Luciana Massaro inscreveram alunos para bolsas de estudo, e a Regina Ballet promoveu uma nova edição do Festival Alto Tietê Mogi das Cruzes em Dança. Além disso, o professor Lucas Garcia continua ensinando passos de fitdance e outros estilos, mesmo com uma bala alojada no corpo.

O teatro também enfrentou dificuldades, principalmente após a queda da procura por lives. Mas não foi o suficiente para frear os atores e as atrizes. Exemplos disso são a Escola de Artes Ousadia, em Mogi, que voltou com uma programação de cursos e eventos, e os Contadores de Mentira, que mesmo sendo de Suzano merecem ser citados, já que construíram uma sede própria enquanto desenvolveram novos espetáculos e pesquisas.

Na literatura também houve novidades. O radialista Donizete Eugênio escreveu o primeiro título da carreira, ‘A Filha da Senhora’, o poeta Math’eus Borges lançou um novo livro em bienal internacional e o padre Alessandro Campos também teve publicação inédita: ‘Aceita Que Dói Menos’.

Outro setor, o cinema independente, também teve movimentações, como o filme que imagina como estariam os personagens do desenho ‘Doug’ em um universo contemporâneo e o documentário ‘Serráqueos’, que alcançou dois grandes feitos: foi exibido em uma sala de cinema e também na ‘Sessão da Tarde’, na TV Diário.

A efervescência de 2021 não para. No ritmo que está, até o último minuto do último dia do ano haverá lançamentos e novidades. Quatro exemplos recentes não deixam o repórter mentir: a cantora Aline Chiaradia está lançando show no YouTube; a artista plástica Iza Leão está em cartaz em diferentes mostras; está ativa a programação da 29ª edição do Samba das Mulheres; e há um circo instalado na cidade, o Stankowich. 

 

Um ano de muitas boas surpresas

Muitas surpresas positivas surgiram neste 2021. Na contramão da crise do setor, teve música boa sendo lançada, teve Virada SP Online e teve até mesmo uma nova casa cultural sendo inaugurada. A pandemia proporcionou a reflexão necessária para que um rapper se permitisse rimar sobre amor, compreensão e outros temas “good vibes”. 

A descrição é dos trabalhos de Paulo Roberto dos Santos Pimentel, o 2P, que divulgou uma série de novos singles. Ele não descarta as letras mais políticas e agressivas, mas inovou ao rimar de maneiras diferentes. 

E quem diria que o Rio Tietê, além de ser o protagonista do programa ‘Viva Mogi!’, seria também protagonista de uma música? Foi o que fez o artista Victor Kinjo. Cantor e doutor em Ciências Sociais, ele canta em ‘Vem Pro Rio’ o amor à estas águas ao mesmo tempo em que faz um pedido de socorro musical para “o rio que nasce límpido e cristalino no topo da Serra do Mar”.

Analisando o cenário de 2020, era pouco provável cravar que um novo endereço cultural seria inaugurado na cidade em 2021, quando a pandemia era uma realidade ainda mais cruel  nos primeiros meses do ano. Mas isso aconteceu. A Casa do Jequitibá é a prova de que os artistas são insistentes, são resistentes.

Existem outros inúmeros exemplos. O último ciclo potencializou a força de atividades descentralizadas, a partir da internet. Teve grafiteiro, como o Jaum, de volta à cena com a LalalaDog; teve uma nova edição da Semana do Hip Hop, teve muita coisa. Até mesmo artistas de Mogi realizando um sonho de duas décadas: atuar no Sesc aqui mesmo, na cidade (leia mais abaixo).

 

Sesc chegou e trouxe fôlego à cultura local

O dia 6 de novembro de 2021 entrou para a história de Mogi das Cruzes. Nesta data, a unidade provisória do Sesc Mogi foi inaugurada, na área do antigo Centro Esportivo do Socorro, concretizando um sonho de mais de duas décadas. Além de dar fôlego imediato para áreas como cultura, lazer, esportes e educação da cidade, a agenda cultural do endereço não demorou a incluir mogianos e mogianas. 

Em reportagem recente, O Diário mostrou alguns dos nomes que já estão trabalhando ou cujos trabalhos podem ser vistos por lá. Exemplos são as artistas Lígia do Céu e Sarah Key, que participaram de uma pintura da série ‘Vazante’, no muro próximo ao campo de futebol. Além delas, também já podem ser vistas e ouvidas a fotógrafa Beatriz Ataídio, a educadora Mariana da Matta, o artista Lucas Bandeira e a professora e ilustradora Amanda Esteves, que foi contratada para fazer murais no Centro de Educação Ambiental (CEA), espaço educativo que fica no quiosque, na área externa.

Tudo isso sem contar a extensa programação, que em todas as semanas, oferece atividades variadas e gratuitas para todas as idades.

 

 

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