Aos 20 anos, ela é roteirista e produtora de ‘Ligação Direta’ e ‘Ligação Direta em: Virgínia Woolf’ e do longa ‘Des-Igualdade’, que chegou ao Cinemark
FEZ DIFERENÇA Acima durante a estreia de ‘Des-Igualdade’ no cinema, os pais Daniela Torres e Henrique Schiavo sempre incentivaram a carreira artística da filha, Fernanda Schiavo, que assina roteiro (Divulgação - Floresta Week)
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Aos 20 anos, ela é roteirista e produtora de ‘Ligação Direta’ e ‘Ligação Direta em: Virgínia Woolf’ e do longa ‘Des-Igualdade’, que chegou ao Cinemark
FEZ DIFERENÇA Acima durante a estreia de ‘Des-Igualdade’ no cinema, os pais Daniela Torres e Henrique Schiavo sempre incentivaram a carreira artística da filha, Fernanda Schiavo, que assina roteiro (Divulgação - Floresta Week)
“Sempre penso sobre assuntos que eu quero abordar, realidades que quero mostrar, coisas que a gente precisa falar. E vou criando a história a partir desse assunto, como a desigualdade social e racial. Acho que se temos oportunidade de falar, precisamos falar”, diz a jovem cineasta Fernanda Schiavo, que mora em Guararema. Ela acaba de completar 20 anos, e aos 19 já tinha emplacado duas séries na Prime Vídeo e Apple TV. Mas não é só isso. A conquista mais recente é um filme, que foi exibido em diferentes cidades pela rede Cinemark, incluindo Mogi das Cruzes.
‘Des-Igualdade’, o longa da produtora de Fernanda, Floresta Week, também esteve em cartaz em Osasco, Tatuapé e Campinas. As telonas exibiram a história de Julio, menino pobre, de pele preta, que consegue realizar o sonho de estudar no colégio Albuquerque, uma das melhores instituições particulares de que se tem notícia.
A narrativa mostra as dificuldades que o personagem enfrenta ao ingressar naquele ambiente. A desigualdade social e racial são apresentadas de forma escancarada para Julio, e fica claro que o problema é estrutural.
Não é apenas o tema do filme que se mostra atual. A preocupação da Floresta Week também. Em inglês, este nome significa “Semana da Floresta”, em tradução livre. “Meu objetivo, além de desenvolver cultura, é também pensar no meio ambiente. A cada fim de projeto nós separamos uns dias para ir à floresta para plantar árvores nativas. Em 2021, foram 100 mudas plantadas no Legado das Águas (reserva de Mata Atlântica da Votorantim, em Tapiraí)”. O lema, continua ela, é “a arte transforma, mas a natureza permite”.
Este pensamento reflete o momento que Fernanda vive. A família dela é de São Paulo, mas há cerca de quatro anos se mudou para Guararema. A princípio, eram apenas visitas ocasionais a um sítio de um tio. Mas então adquiriram uma casa de veraneio, para passar os finais de semana longe da “selva de pedra”, em uma região rural do Alto Tietê. “Mas com o passar do tempo fomos nos acostumando e quisemos nos mudar de vez”, conta a atriz e roteirista.
O home office favoreceu a mudança. Os pais da cineasta, Daniela Torres, de 43 anos, e Henrique Schiavo, de 45, têm uma empresa que, além de abarcar a produtora, opera nas áreas de marketing e desenvolvimento de sites. E eles sempre procuraram investir no desenvolvimento artístico da filha.
“Desde cedo trabalhei com cinema, fiz figuração em televisão, fiz peça”, explica Fernanda, que tem registro profissional como atriz e hoje integra o Conselho Municipal de Cultura de Guararema, onde discute pautas públicas e projetos. Ela também faz faculdade de Cinema na Anhembi Morumbi e, antes disso, fez quatro anos de curso profissionalizante, estudou teatro básico e apareceu em comerciais.
Estar em frente às câmeras, porém, já não era suficiente. Fernanda queria entender a parte teórica e os bastidores. “Gosto de escrever poesia, e quando sentia necessidade de fazer algo, vi que como atriz seria mais complicado. Então coloquei a mão na massa, fui estudar por conta própria, pratiquei alguns roteiros, fiz em casa para testar”.
Pouco a pouco, os versos e pensamentos foram se transformando em roteiros que, entre escritas e reescritas, foram ganhando corpo e adquirindo caráter profissional. O primeiro projeto oficial é o ‘Área Restrita’, gravado com jovens em um sítio.
E depois já vieram as produções mais celebradas. As séries ‘Ligação Direta’ e ‘Ligação Direta em: Virgínia Woolf’ chegaram ao streaming, atingindo o público em massa. Na Prime Vídeo, Apple TV, Now e outras plataformas é possível acompanhar “o universo adolescente, em uma temporada que fala de festas, relacionamentos e sexualidade”, e também “assuntos infantis e a relação com os pais”, respectivamente.
Depois destas reflexões sobre o mundo jovem, Fernanda se voltou para questões sociais. E tratou de roteirizar uma história para abordá-las. É ‘Des-Igualdade’, produto do cinema independente que foi visto por centenas de pessoas em salas de cinema onde são exibidos grandes blockbusters.
“Acho que a gente precisa explorar esses lugares e dar fala para as pessoas, pois todos precisam se identificar. Temos um protagonista preto, então quantas crianças pretas vão se ver na tela do cinema? Precisamos de representatividade, e este não é meu lugar de fala, mas converso com pessoas, procuro pesquisar, e assim tento viabilizar isso de uma forma a atingir mais pessoas”.
Se Fernanda Schiavo, na época com 19 anos, se surpreendeu ao conseguir levar as séries para o streaming, chegar nesse ponto foi ainda mais especial. “A ficha só caiu quando sentei na poltrona e assisti ao filme”, ela diz, ainda incrédula.
De fato, é muita coisa. Nesta sala a que ela se refere, por exemplo, havia 200 alunos da Escola Estadual Antonio Lerário, de Guararema, que foram levadas pela cidade para assistir. Foi uma forma de agradecer às costureiras guararemenses, que participaram da confecção dos figurinos do longa-metragem, fazendo jus aos conceitos sociais pregados pela promissora produtora Floresta Week.
Ela representa a força de uma nova geração
A reportagem de O Diário perguntou se ‘Des-Igualdade’, o filme de Fernanda Schiavo, participaria de festivais no futuro. A ideia é, sim, inscrever o projeto no circuito de exibições e premiações, mas a cineasta, sucinta, não dá detalhes. A obra também pode aparecer em “plataformas diferentes”, ou seja, talvez, quem sabe, em alguma gigante do streaming. Mas ela é boa em guardar o segredo.
No entanto, foi possível “arrancar”, no bom sentido, alguma novidade da jovem atriz e roteirista. Os editais, como o da Lei Paulo Gustavo, estão na mira, com foco em filmagens por Guararema, cidade que inclusive deve ser inserida nas histórias das próximas produções.
Mas, seja com ou sem verba pública, tem um filme que Fernanda promete lançar. “É sobre as dificuldades das meninas e mulheres se posicionarem em relacionamentos, e toda a questão do machismo está inserida, mas tudo dentro de um universo jovem que tem também outras temáticas, como a adolescência e muitos cenários bacanas. Quero muito fazer”, conta ela, que já tem o roteiro pronto.
Fernanda pede para que o mercado fique de olho. Mas não exatamente nela, e sim “em toda essa nova geração que tem muita coisa para oferecer, como o pessoal da faculdade”. Ela acredita que o setor audiovisual “está em boas mãos”.
CINEMA INDEPENDENTE Cliques revelam os bastidores do primeiro longa-metragem da produtora Floresta Week. Veja na galeria a seguir:
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