Casal de mogianos construiu um motorhome e está desde março de 2022 na estrada; Pedro Trebbi e Bruna Penteado cruzaram a América do Sul e agora estão América Central, rumo ao ponto mais alto da América do Norte
Bruna e Pedro contam como é viver a vida na estrada, em um motorhome de cinco metros quadrados (Reprodução - Instagram @abraceatrip)
Poucas vezes uma frase se encaixa tão bem na história de alguém como “Viajar é preciso”, que praticamente traduz a trajetória do casal de mogianos Pedro Trebbi, 30, e Bruna Penteado, 26. A versão resumida é que eles, apesar de serem de Mogi, ele morador do Alto do Ipiranga e ela do Aruã, trabalhavam em São Paulo e se conheceram no Rio de Janeiro, no dia 7 de julho de 2019. Final da Copa América, entre Brasil e Peru. A vitória verde e amarela pinta o cenário perfeito para o primeiro beijo, e dali em diante foi como se sempre tivessem se conhecido.
Fizeram uma primeira viagem à Tailândia, no início da pandemia de Covid-19. E então, uma pergunta: “por quê não tirar um ano sabático?”. Sem encontrar resposta que desabonasse a ideia, eles partiram, do sul ao norte, de Mogi ao Alasca, com direito a diário de viagem no Instagram @abraceatrip.
Em entrevista a O Diário, diretamente do Panamá, eles não falaram sobre como é viver a vida na estrada, em um motorhome de cinco metros quadrados, com os perrengues do espaço apertado e do “porta potti”, espécie de banheiro químico portátil. Esses detalhes estão muito bem contados nas redes sociais deles e também em outras entrevistas, como uma que concederam ao podcast “O Passapod” e outra ao apresentador Filipe Almeida, no programa Compartilha, da TV Diário.
O tema da conversa foi a jornada. Eles dizem que talvez voltem ao Brasil, mas no fundo ainda não sabem o que farão depois de concluir a missão de chegar ao Alasca em 2024, após extensa e já concluída passagem pela América do Sul, de um tour pela América Central e de uma aguardadíssima viagem que cruzará os Estados Unidos. A certeza é que a justificativa para tudo isso está no caminho.
(Reprodução - Instagram @abraceatrip)
Até aqui já foram 142 destinos visitados e a lista deve aumentar em muito., sendo Costa Rica e Nicarágua os próximos. De Mogi, a primeira parada do casal foi Curitiba, depois outros destinos brasileiros, como Balneário Camboriú. Mas não demoraram a sair do país, pela cidade de Chuí, que deu acesso ao Uruguai, que levou a Ushuaia, revelando a Argentina, que por sua vez abriu toda uma América do Sul a ser explorada.
Enquanto a maior hospitalidade registrada por Pedro e Bruna veio dos hermanos, o destino mais marcante foi Torres del Paine, no Chile. E eles também incluem no pacote “a Patagônia argentina e chilena, no geral”.
Por vezes eles passaram em grandes cidades, mas o ouro está nos pequenos municípios, nas vilas e vilarejos. Bruna lembra de uma história vivida no Peru, indo além das paisagens naturais e descortinando a verdadeira beleza da viagem, proporcionada por gente.
“Estávamos estacionados em uma praça em Arequipa. Uma família bateu na porta da Madalena (não estranhe: o veículo que o casal utiliza – antiga van escolar e hoje motorhome por eles construído - tem nome e importância de uma pessoa; já ouviu o clássico samba ‘Madalena do Jucú’?) e nos convidou para comer na casa deles”, conta ela.
(Reprodução - Instagram @abraceatrip)
Pedro complementa. “Ficamos bem emocionados, e quando chegamos lá para o jantar, o pai da família, que era composta por um casal e dois filhos, falou que precisava comentar uma coisa antes de entrar. Eles eram venezuelanos, e queriam saber se isso seria um problema. É claro que não seria, muito pelo contrário. Mas eles tinham medo de xenofobia”.
O resultado é que as “arepas” servidas pela família não apenas agradaram como entraram no cardápio que os mogianos preparam regularmente no pequeno fogão de duas bocas que Madalena guarda com carinho. Aliás, ela também abriga uma geladeira, armários com roupas e itens diversos e uma cama. É uma casa sobre rodas, afinal.
Outro “causo” ilustra como Pedro e Bruna têm absorvido a cultura por onde passam. “No Peru, nas montanhas Cusco, estacionamos no meio do nada. E chegaram dois meninos, criancinhas, tocando várias alpacas. Eles falaram com a gente, e não falavam espanhol tão bem. O idioma deles era o quíchua, a língua dos incas, mas conseguimos nos entender. Estávamos com um amigo que gostava de pescar, então eles quiseram pescar para a gente. Foram lá e nos trouxeram uma truta, de presente. No dia seguinte, fomos ao mercado da cidade e compramos um leite condensado para fazer brigadeiro e dar a eles”, conta Bruna, empolgada com a lembrança.
Mais uma vez, Pedro continua. “Eles não conseguiram comer. Só brasileiros gostam”, ri, comemorando os aprendizados da história.
Assim como a arte, a gastronomia faz parte da cultura de um povo, e sendo assim, o casal procura experimentar as comidas dos países que visita. Mas são brasileiros, poxa vida. E sendo assim, mantêm arroz, feijão, macarrão e outras iguarias tão nossas na despensa, que fica imediatamente ao lado dos armários de roupa, dois para cada. Como já estão na estrada desde março de 2022, já passaram frio e calor, e aprenderam a desapegar. Usam poucas roupas a cada temporada, deixando pelo caminho e doando as peças que não vão mais utilizar.
Mas de volta à comida, faz falta um açaí, um pão de queijo, um pão francês... Uma coxinha, então, nem se fala. Só que a saudade da mesa posta à brasileira abre as portas para outras experiências. Quando na Colômbia, que se faça como os colombianos, não é?
“Fomos conhecer uma região cafeeira. Um viajante colombiano, que viajou a América do Sul de Kombi, nos convidou para tomar café da manhã típico daquele local. Chegando lá ele pediu um chocolate quente, e até aí estava tudo bem. Mas pediu sopa de costela, completa, com batata, cheiro verde, osso, uma bacia gigantesca. Ficamos muito impressionados, e ele falou que ali as pessoas começam a trabalhar cedo, e por isso fazem uma grande refeição”, conta Bruna.
Outras passagens do casal podem ser vistas, ouvidas e lidas nos canais do Instagram e YouTube. Isso porque o universo cuidou que eles não ficassem sem trabalho, mesmo após terem deixado os empregos em bancos de São Paulo para viver um sonho, até aqui financiado com recursos de um investimento e do aluguel de um apartamento.
Com 18 mil seguidores - e contando, o @abraceatrip mostra que além de viajantes, eles também são influencers.
(Reprodução - Instagram @abraceatrip)
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