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ARTE URBANA

Colombiano cria arte de rua em calçadão de Mogi: conheça a obra de Siete

Artista faz dos desenhos de giz e carvão criado nas vias uma ferramenta para o incentivo à arte de rua e a reflexão sobre o uso do espaço público.

Eliane José
24/05/2023 às 09:44.
Atualizado em 24/05/2023 às 10:29

Quem passa pelo calçadão, encontra a arte do colombiano Siete, que viaja por cidades latino-americanas (Arquivo Pessoal/Jefferson Rafael Chagas)

Não sem pequeno atraso, o artista colombiano Siete concluiu uma de suas mais novas obras: o grande desenho de um rosto de um animal remanscente da Era do Gelo instalado no calçadão da Dr. Deodato Wertheimer nesta terça-feira (24). O quadro pintado a giz e carvão desperta os sentidos pela beleza e a efemeridade da composição com prazo de validade inexato - vai durar um tempo a ser decidido pelo sol, a chuva, a limpeza pública, a passagem dos pés das pessoas desavisadas em cima tela que modificou o chão da rua (um lugar, aliás, que receberá milhares de pessoas que participarem da Entrada dos Palmitos, uma das etapas finais da Festa do Divino, neste sábado).

A chegada de Siete inspira reflexão, o que casa com o viver do artista itinerante que entrega a quem passa seus belíssimos e enormes trabalhos ao ar livre durante viagens de cidade em cidade pela América Latina.

Os resultados podem ser vistos sua conta social do Instagran: @siete_777a. Ele saiu da Colômbia e viajou por países latino-americanos até chegar ao Brasil, onde tem deixado rastros de cor e linhas por municípios e capitais.

O início da pintura em Mogi das Cruzes ocorreu ontem e surtiu  fricção sobre o uso do espaço público. Agentes municipais mandaram Siete suspender a produção por falta de autorização da Prefeitura. Porém, como o mundo está na tela para relativizar o manequeismo e felizmente também para o bem e não só para o mal, rapidamente, um post de Jefferson Rafael Chagas (@jeffrey-raphaell), que trabalha em uma loja de conhecida rede de eletrodomésticos mobilizou outras pessoas que levaram o protesto contra a proibição à secretária de Cultura, Claudinélli Moreira Ramos. No post, ele alertou sobre a ameaça à arte urbana. Escreveu ele: "A arte salva vidas", enquanto intercalou fases da pintura. Foi ouvido.

Em ação: a composição da arte de rua do colombiano Siete, que está em Mogi das Cruzes (Reprodução/redes sociais/Jefferson Rafael Chagas)

Em pouco tempo, clica daqui e ali, o artista foi à sede da Secretaria da Cultura e obteve a autorização para cumprir o que se propôs: o rosto de um lobo, com olhos ternos, mas olhar fixo, firme, insistente, talvez não à-toa, escolha bem elaborada para representar, em muita medida, a luta da arte e da cultura pela sobrevivência, espaço, valorização, reconhecimento e a fugacidade de tudo. Sobretudo por espaço que extrapole a burocracia, a pressão pela constatação da arte como um bem também de consumo e trabalho, além da luta por acesso ao público, aos editais, ao apadrinhamento desse ou daquele gestor público da área da cultura.

O lobo é o pai do pai do pai de todos os cachorros. Um sobrevivente selvagem da chamada Era do Gelo. Indivíduo animal que fura a parede do tempo.

Por troca de mensagens, chegou ao artista o chamado para ir à sede da Secretaria de Cultura do município para obter a autorização, o que foi concedido.

O artista que viaja desde a terra Natal, a Colômbia, instalou uma obra na esquina das ruas Dr. Deodato e Flaviano de Melo (Reprodução/redes sociais/Jefferson Rafael Chagas)

Instalada, agora, as pessoas poderão conhecer mais sobre a obra e o que está por detrás dela: um artista que possui uma galeria potente de obras pintadas em praças, avenidas e ruas públicas.

Nas cidades por onde passa, registros das pessoas e da imprensa  zelam por divulgar o fazer e o pensar do artista colombiano que, nas redes sociais, além do próprio nome, agrega o 777, um encadeamento de números ligado à energia positiva, iluminação e consciência universal - o que um viajante pode trazer de melhor em sua bagagem por terras desconhecidas?

Agora, o PS: como dissemos, é uma arte livre que irá durar o tempo que tiver de existir. Para vê-la, é acertar o passo. Não há garantia sobre o término dessa exposição sem porta fechada e nem cobrança.

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