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Aos 82 anos, Barbosa Show lança disco e mantém rotina de apresentações

Em 1958, a Seleção Brasileira de Futebol conquistava pela primeira vez a Copa do Mundo. Naquele ano, a NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) era fundada, e nascia Michael Jackson. Mogi das Cruzes também registrou um acontecimento: o mogiano Sebastião da Silva deixava o futebol para se aventurar na carreira em que está ainda […]

24 de julho de 2022

Reportagem de: O Diário

Em 1958, a Seleção Brasileira de Futebol conquistava pela primeira vez a Copa do Mundo. Naquele ano, a NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) era fundada, e nascia Michael Jackson. Mogi das Cruzes também registrou um acontecimento: o mogiano Sebastião da Silva deixava o futebol para se aventurar na carreira em que está ainda hoje: a música. Comemorando 64 anos de carreira, ele, que ficou conhecido como Barbosa Show, e seu sax estampam um disco novo, que será lançado no próximo mês de agosto.

Em ‘Vivências Mogianas’, Barbosa e seu fiel companheiro saxofone relembram canções que eram populares nas décadas de 50, 60 e 70. São memórias que remontam aos tempos em que ele ainda jogava bola no Santos, teve um problema na clavícula e por isso deixou o esporte.
Mas antes de sair de campo, o mogiano teve passagem pelo Vila Santista, de Mogi. Foi neste time que ganhou o apelido de “Barbosinha”, em homenagem à Moacyr Barbosa, o famoso goleiro do Vasco da Gama, com o quem guardava certa semelhança física.

“Eu gostei do apelido”, diz ele, hoje, aos 82 anos. A escolha não poderia ter sido mais certa. Manter “Barbosa” como nome artístico o ajudou a manter uma identidade que começou com um “conjuntinho de música” formado para brincar, mas que logo virou coisa séria.

“Na época eu tocava gaita, mas fui migrando. Fui pro violão. Depois era percussão, piano. O saxofone mesmo vim pegar na faixa de 1970, quando montei o ‘Barbosa e seu Conjunto’, que tinha o Zé Roberto, como saxofonista. Nos intervalos eu ficava perguntando a ele como tocar, pedia dicas”.

Conhecido como “Beto”, o instrumentista foi simpático e ajudou. Não demorou para que Barbosa tocasse o ‘Samba de Uma Nota Só’, de Tom Jobim. E a partir daí “o sax virou uma paixão doentia que tenho até hoje”, conta o artista, que sabe “tocar de tudo”, mas prefere “jazz, blues e bossa nova”.

Idoso no documento mas ainda muito jovem, Barbosa quer, justamente, lembrar algumas destas músicas. São hinos dos tempos dos bailes, e dos tempos dos cortejos muito menos explícitos do que os de hoje. “Eu pensava: ‘uma hora quero fazer isso, contar as histórias’, como quando a gente se reunia à noite na antiga fonte luminosa, no Largo do Rosário, para fazer seresta. O pessoal passando para cá, para lá. ‘Garota de Ipanema’ tocando…”.

Saudoso sobre os tempos de “footing”, além de tocar faixas como ‘Carinhoso’, de Pixinguinha, ‘Insensatez’, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, ‘Let it Be’, dos Beatles e muitas outras (veja repertório completo abaixo), o veterano artista promete que vai contar alguns dos “causos” no palco do Teatro Vasques, durante o show de lançamento do álbum, marcado para as 20 horas do dia 12 de agosto.

“São algumas peripécias. Quem for ao teatro, como meus amigos de infância e o pessoal da velha guarda, vai dar risada e falar um pouquinho de futebol, das praças de Mogi. Relembrar”, convida ele, que comemora a resistência das músicas antigas. “Acho que todas tinham uma melodia, uma letra, que se tornou poesia. Elas falam por nós. Passava uma garota, e de repente queríamos falar alguma coisa, cantávamos. E isso foi ficando”, lembra, ainda tocado pelas harmonias que marcaram época.

“Em 2000 nós entramos, eu imagino e falo para meus amigos, em um ‘novo mundo’. Nós, do século passado não entendemos nada de hoje. Uma música é lançada e daqui a três meses não se fala mais nada. Já as de antigamente, mesmo o jovem conhece, porque a mãe canta, o pai canta”, pondera o músico.

Barbosa faz essas afirmações não com a arrogância de quem está fechado para o novo, mas sim com a nostalgia de quem, ao entrar para gravar no Estúdio Municipal de Áudio e Música (Emam), “voltou ao passado”.
“Eu estava vivendo como se fosse há 40, 50 anos atrás, ouvindo essas músicas, tocando. Cheguei a chorar dentro do estúdio de tanta satisfação. Gravei e não mexi muito nos arranjos, porque ainda estão ótimas”, diz ele, que, é claro, não estará sozinho no palco.

Segundo o saxofonista, a banda dele, ‘Soul Classe A’, já chegou a ser considerada uma das melhores do Estado.

“Entre 2010 e 2015  tocávamos no clube atlético paulistano, paineiras do Morumbi, em quase todo final de semana. E é a banda que vou apresentar novamente, com todos os integrantes”.

São eles: Ramon Haryd na bateria, Odilon da Cunha Mello no contrabaixo, Paulo Higa Pedro na guitarra, Caio Souza Campos no piano, Henriette Fraissat nos vocais.

Os ingressos

E o resultado, além do show do Teatro Vasques, que tem ingressos à venda com o próprio Barbosa pelo telefone (11) 9.9201.1050 – quem adquirir ganhará de brinde uma cópia física do trabalho- o ‘Vivências Mogianas’ poderá ser ouvido, muito em breve, nas principais plataformas digitais.

 

Aos 82, jovem ainda

Antes de falar com a reportagem de O Diário, Barbosa Show estava, aos 82 anos, dando uma aula online de saxofone, por vídeochamada, para um aluno de Bertioga. Porque ele é assim: muito “jovem ainda”, como diz a música do clássico seriado ‘Chaves’.

“Estou bem”, responde ele, rindo, quando perguntado sobre a saúde. O segredo? “Faço exercício todo santo dia. Sou sócio do Clube de Campo de Mogi das Cruzes (CCMC) e faço academia diariamente. Além disso, continuo dando aula, às quartas-feiras, no Conservatório Musical Mogi das Cruzes, como faço há mais de 40 anos”.

Barbosa, porém, reconhece que “apanhou um pouco” para finalmente dominar as técnicas da aula via internet. “Minhas filhas me ajudam um pouco”, admite, citando a Fúlvia e a Maitê. Também fala do filho Mario Hermes e dos quatro netos, todos ainda pequenos.

De fala alegre, solta e que não demonstra nenhum cansaço, Barbosa espera viver muito, assim como sua mãe, Geralda Rita de Souza, que foi tema de reportagem de O Diário, quando completou um século de vida.

O que mantém a energia do artista mogiano sempre renovada é, sem sombra de dúvida, a música. Mesmo com seis décadas de experiências profissionais, ele continua fazendo uma média de 10 apresentações por mês, sendo pelo menos quatro delas às quartas-feiras no Viva Chopperia e Restaurante, no Parque Monte Líbano, em Mogi, como manda a tradição.

Curioso é que mesmo depois de todo esse tempo, é difícil escolher uma canção predileta. Após pensar um pouco, ele escolhe ‘Summertime’, de Ella Fitzgerald, que diga-se de passagem, fica belíssima na voz da também mogiana e veterana Henriette Fraissat, que se apresentará com o saxofonista no próximo dia 12 de agosto, no Teatro Vasques.

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