No quinto dia da alvorada da Festa do Divino Espírito Santo, a Catedral de Santana abrigou da chuva os devotos e a folia de violeiros de Biritiba Ussu, confirmando o ritual como uma das marcas de fé e religiosidade do evento que termina neste domingo (5), em Mogi das Cruzes
Com a chuva, ao invés saírem em cortejo pelas ruas centrais de Mogi, no alvorecer, os devotos cumpriram o quinto dia de novena no interior da Catedral de Santana (Reprodução/Festa do Divino de Mogi das Cruzes)
A chuva mansa impediu a saída dos devotos e violeiros pelas ruas estreitas da região central, no quinto amanhecer da Festa do Divino de Mogi das Cruzes. A alvorada entrou pela porta da frente da Catedral de Santana e ali se fez um rito secular diferenciado pela presença das máscaras nos rostos de uma parte do público acomodado em todos os bancos da igreja-símbolo da Diocese do Alto Tietê, que está celebrando, neste 2022, 60 anos de criação. Havia pessoas em pé.
A alvorada é um culto que mescla religião e folclore com a condução de rezas e pedidos entrecortados pelo som da viola e o canto caipira dos músicos da Folia de Biritiba Ussu. A apresentação desses foliões dá, à alvorada, tom de espetáculo sagrado, popular e resiliente ao avanço do tempo e suas novidades.
Nesse alvorecer, a música da Folia do Divino, o congraçamento entre fiéis, antigos conhecidos entre si, o café quentinho e a presença de padres, ex-festeiros e voluntários, abastecem a perenidade e a exposição que essa parte do programa possui e faz sair da cama centenas de pessoas nas madrugadas das últimas três e quatro décadas de realização deste cortejo
Por volta dos anos 1980 e 1990, a Festa do Divino de Mogi das Cruzes, inscrita como uma das maiores do país, segundo pesquisadores, adquiriu visibilidade a partir do reconhecimento e da divulgação dessa tradição caipira e seus elementos históricos repetidos, segundo historiadores, há 400 anos - com algumas interrupções e alternâncias, como a exigida desde 2020, a partir da pandemia da covid-19, e em outros períodos desse recorte de época.
Nesta quarta-feira (1), a chuva pouco mais pesada, ali pelas 4 horas da madrugada, não comprometeu o encontro - não deu para sair às ruas, então, a reza foi para dentro da igreja pela segunda madrugada desta semana.
A Folia do Divino, de Biritiba Ussu, é um dos patrimônios da festa de Mogi das Cruzes (Divulgação/Festa do Divino)
Com um bom número de padres, de rostos jovens, em sua maioria, o encontro foi coordenado por dom Pedro Luiz Stringhini, bispo diocesano do Alto Tietê. Na primeira saudação, ele trouxe notícias sobre o susto vivido no final da terça-feira (31), quando os médicos o informaram sobre a necessidade de uma segunda cirurgia para o tratamento da saúde do bispo emérito, dom Paulo Mascarenhas Roxo, que segue internado em São Paulo.
Segundo dom Pedro, o resultado do procedimento foi positivo. Os pedidos de orações da novena foram para os doentes, em especial, os que se submetem ou vão se submeter a cirurgias.
Outros clamores intercederam pela unidade entre os povos e religiões - tema da novena deste primeiro dia de junho, e pela recuperação das cidades pernambucanas devastadas pelas mortes e o desabrigamento de milhares de pessoas pelas chuvas.
Bandeiras
Ainda em número surpreendente, as bandeiras com nós enfileirados nas fitinhas que correspondem aos sete dons de Divino, além do vermelho salpicado entre camisetas, blusões e lenços usados pelos participantes, reafirmam a aliança entre os devotos mogianos e o Espírito Santo, a santíssima trindade celebrada no Domingo de Pentecostes pela Igreja Católica. Domingo, encerra-se mais uma Festa do Divino.
Em uma hora, as rezas e ave-marias foram recitadas, entre duas apresentações emocionantes da Folia do Divino - no início e na despedida da alvorada. Quando a folia toca, o silêncio impera.
Os números de uma ação entre amigos, que irá sortear um esplendor estão sendo vendidos a R$ 10, cada um.
Além disso, na tarde de hoje, prometeu ele, será divulgada como acontecerá a venda do afogado, tortinho, espetinho de carne e doce de abóbora, que serão retirados na sede da Associação Pró-Festa do Divino, no Mogilar, a partir das 18h30, de sexta a domingo.
Terminado o compromisso de fé, os devotos foram convidados para o café com um pãozinho amanhecido e mortadela, servidos no salão paroquial da Catedral em um esquema rápido, com entrada por uma rua e saída por outra, para conter aglomerações.
Após poucos minutos na fila, o cafezinho doce e saboroso servido em um copinho com a marca do doador do produto - Três Corações - estava energizando quem se preparava para o novo dia.
A quarta-feira estava escura quando devotos voltaram para suas casas ou foram para o trabalho.
Amanhã tem
A alvorada do Divino prossegue até o domingo com a concentração antes das 5 horas, em frente ao Império, que pode ser visitado na Praça Coronel Almeida, entre a Paulo Frontin e a José Bonifácio.
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