Estudantes que trabalham na região da divisa terão alta nos custos com o transportes; entre as instituições, apenas a Fatec se posiciona contra a medida estudada pelo Estado
Rodovia Mogi-Dutra é utilizada diariamente por estudantes que moram em cidades da região e na zona Leste da capital paulista e seguem rumo às instituições de ensino de Mogi das Cruzes (Imagem: Arquivo O Diário)
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Estudantes que trabalham na região da divisa terão alta nos custos com o transportes; entre as instituições, apenas a Fatec se posiciona contra a medida estudada pelo Estado
Rodovia Mogi-Dutra é utilizada diariamente por estudantes que moram em cidades da região e na zona Leste da capital paulista e seguem rumo às instituições de ensino de Mogi das Cruzes (Imagem: Arquivo O Diário)
Além de lideranças políticas, da sociedade civil e de representantes de vários segmentos econômicos de Mogi das Cruzes e cidades da região do Alto Tietê, como indústria, comércio, serviços e agricultura, entre outros, os estudantes que utilizam diariamente a rodovia Mogi-Dutra para acesso às instituições de ensino da cidade também são contrários à proposta do Governo do Estado de implantar a cobrança de pedágio para circulação na via.
Segundo eles, o gasto diário será significativo, mesmo que o objetivo, conforme anunciado em abril deste ano, seja adotar o sistema free flow, no qual o motorista paga de acordo com a distância percorrida na estrada.
“Isso vai encarecer ainda mais nossos estudos, porque pagamos caro pela mensalidade, combustível e alimentação, já que a maioria dos alunos vai direto do trabalho para assistir às aulas. Não é justo ter que pagar para ir e voltar pela rodovia todos os dias”, lamenta a estudante de Farmácia, Maria Clara Soares.
Assim como ela, a universitária Ana Cristina Moreira também precisa percorrer a Mogi-Dutra para se deslocar de casa aos estudos. “Moro no Aruã, então, é muito mais fácil pegar a Mogi-Dutra do que ir pela Estrada das Pedreiras e passar por Jundiapeba e Braz Cubas, onde o trânsito é muito mais pesado. Então, não tem saída, se houver mesmo o pedágio, terei que pagar na ida e na volta, fazendo com que as despesas com os estudos fiquem ainda mais altas”, considera ela, que cursa Administração de Empresas.
A situação do eletricista Rogério Souza é ainda mais complicada. Ele circula pela Mogi-Dutra pelo menos quatro vezes ao dia. Isso porque, após a ida e volta a Mogi para trabalhar pela manhã, ele vem para casa à tarde, em Arujá, e às 18h pega a estrada novamente rumo à faculdade, onde cursa Direito, retornando após as 22h.
“São quatro viagens por dia. Já pensou ter que pagar pedágio todas as vezes? Fica inviável. Acho que antes de tomar uma atitude desta é preciso ouvir as pessoas, principalmente aquelas que mais utilizam a rodovia, como é o meu caso. Conheço vários estudantes que também precisam fazer este trajeto todos os dias e serão bastante prejudicados financeiramente. É um verdadeiro absurdo e espero que seja repensado”, avalia Souza.
Quem também repudia a cobrança é o estudante de Direito, José Eduardo Cardoso, que reside na divisa entre Mogi e Suzano e passa pela Mogi-Dutra todos os dias. “Este é o caminho de casa. Preciso ir para a aula de carro porque o transporte público nesta região é complicado, mas se houver mesmo o pedágio, não sei o que irei fazer”, adianta.
Instituições de ensino
Apesar de receberem estudantes vindos de várias cidades da região, inclusive da zona leste da capital paulista, a Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), o Centro Universitário Braz Cubas e as faculdades do Clube Náutico Mogiano e Paulo VI, administrada pela Diocese de Mogi das Cruzes, preferiram não se posicionar sobre os reflexos da implantação de pedágio.
Procurada pela reportagem, apenas a Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec) de Mogi das Cruzes afirmou ser contrária à cobrança.
Segundo Bruno Panccioni, diretor-geral da unidade de ensino, “por mais que 97% dos alunos tenham origem de cidades com caminhos alternativos ao proposto da instalação do pedágio e transporte público, bem como alguns de nossos professores utilizam este caminho, a Fatec Mogi das Cruzes é contrária à instalação do pedágio”.
“Um pedágio é bom para a manutenção e ampliação de uma rodovia; e até retorna um valor para o município, mas o local proposto para o pedágio vai impactar muitos moradores, empresas e produtores rurais da região com o aumento do preço de produtos e serviços.
Ademais, pode desestimular o turismo na região e aumentar os congestionamentos na estrada em momentos de alto fluxo”, considera o diretor-geral da Fatec de Mogi
Projeto volta a preocupar
Lideranças políticas e de vários segmentos de Mogi e região participaram das manifestações na Mogi-Dutra (Foto: arquivo / O Diário)
A proposta de implantação de pedágio na rodovia Mogi-Dutra parecia ter sido arquivada em 22 de dezembro de 2021, quando após intensas mobilizações e ações na Justiça contra a implantação das praças de cobrança na via, o então governador Rodrigo Garcia (PSDB) anunciou a suspensão da concorrência internacional que previa a concessão do Lote Litoral, incluindo também a Mogi-Bertioga, que liga o município ao litoral.
Porém, apesar de se posicionar contra a instalação de pedágios nas estradas da região em entrevistas ao jornal O Diário e à TV Diário, durante a campanha eleitoral de 2022, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) determinou a retomada dos estudos logo após assumir o executivo estadual, em janeiro de 2023.
Ainda no final de abril, ele anunciou que o plano é adotar o sistema free flow de cobrança de tarifa nas estradas concedidas do Estado, que permite ao motorista pagar o correspondente à distância percorrida nestas vias.
Questionada por O Diário à época, a Secretaria de Estado de Parcerias em Investimentos confirmou a este jornal, por meio de sua assessoria de imprensa, que a Mogi-Dutra e a Mogi-Bertioga estão incluídas no rol de rodovias que passarão por concessão pelo Programa de Parcerias em Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP).
De acordo com nota enviada a O Diário pela pasta, o Governo de São Paulo tem como uma de suas metas para os próximos anos a implantação do sistema free flow nas rodovias concedidas no Estado. “O método consiste num sistema de livre circulação de veículos sem necessidade de instalação de praças de pedágio e cobranças automáticas por cancelas, o que aumenta a velocidade média de viagem e reduz os custos para operadores e usuários dos serviços, com a cobrança de tarifas mais justas”.
Desde então, uma audiência pública para a discussão da proposta com a participação da comunidade é esperada. A pasta anunciou que a previsão é de que a consulta popular seja realizada até o final deste mês.
Na oportunidade, grupos contrários à cobrança, como o Movimento Pedágio Não, prometem realizar protestos em repúdio à proposta do Governo do Estado. “Vamos à audiência usando narizes de palhaço para mostrarmos que não aceitaremos isso”, adianta Paulo Boccuzzi, integrante do movimento.
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