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ESPÍRITO SANTO

Procissão de Pentecostes é ponto alto da Festa do Divino 2023

Durante o trajeto da procissão foram escolhidos sete pontos onde o cortejo faz uma parada para exaltar os dons do Espírito Santo, sendo que em cada um deles, os religiosos soltam uma pomba branca, símbolo do Divino.

Silvia Chimello
28/05/2023 às 16:26.
Atualizado em 29/05/2023 às 09:47

Os sete dons do Espírito Santo são exaltados pelos devotos durante procissão do Dia de Pentecostes (Maria Salas)

A programação religiosa da Festa do Divino de 2023 chegou ao fim com as celebrações de Pentencostes, que aconteceram neste domingo (28). No final da tarde foi realizada a procissão e, apesar da chuva, muita gente saiu às ruas para participar do cortejo e exaltar os sete dons do Espírito Santo: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus.

A chuva não atrapalhou o cortejo que exaltou os dons do divino (Maria Salas)

Durante o trajeto foram escolhidos sete pontos onde os religiosos pararam para falar de cada um dos dons e soltar uma pomba branca, símbolo do Divino. Grupos de voluntários confeccionaram tapetes para a passagem do cortejo nas ruas Dr Deodato Wertheimer e Paulo Frontim. 

De acordo com dom Pedro Luiz Stringhini, bispo diocesano de Mogi das Cruzes, todas as celebrações que acontecem durante a Festa do Divino são importantes porque é uma forma de preparar a cidade para o grande momento, que é o Dia de Pentecostes.

Pentecostes é a comemoração da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo e é realizada cinquenta dias após a Páscoa. É uma das datas mais importantes do calendário litúrgico cristão, juntamente com Páscoa e Natal. A descida aconteceu no dia da festa da colheita, quando os judeus separavam a melhor parte de sua produção e entregavam a Deus.

Essa é a parte final da programação religiosa da Festa do Divino 2023. Após a procissão aconteceu a missa de encerramento e a cerimônia de queima dos pedidos feitos por devotos do Espírito Santo, depositados em urnas instaladas no Império, que são queimados no último dia do evento.

Milhares de pessoas saíram às ruas para assistir a Entrada dos Palmitos, um dos eventos da Festa do Divino de 2023 (Jonny Ueda)

 Público

A participação popular na programação festiva e religiosa da Festa do Divino de 2023 superou as expectativas dos organizadores. Não foram apresentados ainda números oficiais, mas tanto o bispo diocesano, dom Pedro Luiz Stringhini, como o festeiro deste ano, Josmar Cassola da Silva, disseram que a presença do público neste ano surpreendeu e deve superar anos anteriores. 

A Entrada dos Palmitos, realizada no sábado (27), teve um cortejo com cerca de 15 mil integrantes, que levou às ruas aproximadamente 40 mil pessoas, segundo a coordenação do evento.  

As Alvoradas tiveram a participação de mais de 30 mil devotos, segundo os organizadores. As novenas reuniram 15 mil fiéis nos nove dias em que foram celebradas, além da procissão da tarde deste domingo, Dia de Pentescotes.  

Os organizadores acreditam que os números do evento devem superar a expectativa inicial, que previa a participação de mais de 400 mil pessoas nos 60 eventos realizados em 10 dias de festejos, incluindo a quermesse.

Comunidade presente 

Na opinião do bispo diocesano, dom Pedro Luiz Stringhini, a cidade estava ansiosa pelo retorno do evento, que foi realizado parcialmente nos últimos três anos em razão da pandemia da Covid-19. 

O desejo de retomar a festa, segundo ele, foi demonstrada em diversos momentos das celebrações religiosa e cultural, como as novenas, as Alvoradas, Entrada dos Palmitos, além da procissão de Pentecoste, neste domingo.  

Sobre as Alvoradas, ele cita a "presença impressionante” de pessoas durante todo o período de festa. As procissões reuniram um grande número de fiéis em frente à Catedral de Santana, às 5 horas, para fazer uma caminhanda pelas ruas centrais da cidade, próximas à igreja matriz, levando suas bandeiras, rezando e entoando as cantigas de louvores ao Espírito Santo.

Quando acaba, todos se dirigem para o salão, nas dependências da igreja, onde é servido o tradicional cafezinho, acompanhando de pão com mortadela. “Todos saem da Alvorada alimentados espiritualmente e corporalmente”, exaltou o bispo.

Outro evento que teve participação de milhares de pessoas foi a Entrada dos Palmitos. Ao falar sobre essa parte folclórica dos festejos, o líder da igreja católica citou a manifestação de fé e devoção também dos grupos de congadas moçambiques marujadas no evento. “É uma síntese da cultura brasileira, da nossa própria cultura, com mensagens religiosas. São danças e cantos com ritmos que passam mensagens espirituais, mensagem de esperança por nosso povo”, mencionou.

Ele falou ainda sobre a visita de outros religiosos na cidade, como o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, que segundo dom Pedro, demonstrou “muita alegria" em participar da Festa do Divino de Mogi.  

"Não foi a primeira vez que ele esteve na cidade, mas dessa vez a gente viu o sorriso de alegria e no olhar. Ele passou no Império, elogiou a Catedral dizendo que ela está muito digna, que está bonita e demonstrou muita surpresa com tudo o que viu", comentou o bispo de Mogi.

Festeiro

O festeiro Josmar Cassola também afirma que o evento superou as expectativas neste ano. “A festa está demais. Tenho certeza que conseguimos atingir o objetivo de fazer com que ela cresça cada vez mais a cada ano.  Em diversos da festa, com a realização de mais 60 eventos, tivemos uma participação recorde de público”, comenta

A quermesse, segundo ele, vem recebendo o dobro de pessoas do que em anos anteriores. “Na parte econômica, a arrecadação também está sendo o dobro de vendas. Então acho que estamos superando a nossa própria expectativa”

Tradição

Um aspecto que chama atenção é a participação dos jovens e crianças no evento, especialmente na Entrada dos Palmitos. Eles também marcaram presença nas Alvoradas, novenas, além da quermesse.

De acordo com Josmar, isso também é resultado de ações promovidas pelos organizadores, que neste ano instalaram 86 subimpérios em escolas, associações e instituições   

“Acho que estamos conseguindo manter e passar essa tradição às crianças e jovens. Instalamos os subimprpérios e fizemos questão de ir às escolas, mesmo durante a festa, justamente para buscar os jovens. A festa tem 410 anos e nós queremos que ela continue, e no futuro quem vai fazer isso são eles, por isso fomos a todos lugares para poder realmente evangelizar e garantir nossas tradições sejam mantidas e passadas às futuras gerações”, declara Cassola.

Símbolo

A comemoração dos 410 anos de Festa do Divino em Mogi demonstra que a devoção ao Espírito Santo está enraizada na história de milhares de famílias mogianas. A fé é preservada e cultuada com rituais e símbolos, passados por gerações.

As bandeiras vermelhas representam um dos principais símbolos da religiosidade. Elas são levadas pelos fiéis em celebrações que acomntecem durante o evento e têm lugar especial nas casas desses católicos.

Esse é o caso da família da professora aposentada Lucila Faria Rapetti, de 82 anos, devota do Divino desde criança. Ela conta que a família é católica e que quando se casou com Marino de Souza Leite, a sogra mandou fazer uma bandeira para eles e para os outros três filhos: Maurilio, Ruth, Marcos e Maurilio de Souza Leite Filho (que foi festeiro e prefeito de Mogi).

A bandeira tem mais de 50 anos e foi confeccionada por Zuleica de Oliveira, que também pintou o tecido. Ela é forrada e tem franjas. A pomba da ponteira de madeira também foi feita por um artesão de Mogi.

A professora conta que a bandeira agora ficará para os filhos dela, Eduardo e Gisele, também devotos do Espírito Santo.     

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