Comprometido com seus leitores de Mogi das Cruzes e todo Alto Tietê, jornal continua fiel aos princípios e ideais de seus fundadores, Tirreno e Neid Da San Biagio
(Imagem: Arquivo O DIário)
Neste 13 de dezembro de 2022, quando completa 65 anos de sua fundação, o jornal O Diário de Mogi consolida um dos mais ousados projetos de sua existência. Ao substituir o demorado processo de produção do jornal em papel pela rapidez da incrível internet e suas muitas plataformas, a publicação se adequa às exigências dos tempos modernos, mas com a preocupação de jamais perder a sua essência, que sempre foi a defesa, a qualquer custo, dos reais interesses de Mogi das Cruzes e região, executando com maestria o papel de guardião das principais aspirações da comunidade que ele representa.
Mesmo adequado à modernidade dos tempos atuais, o jornal continua firme e fiel aos princípios e ideais de seus dois fundadores, o jornalista mogiano Tirreno Da San Biagio, o Tote, e sua esposa, Neid Da San Biagio.
Os caminhos daquela publicação que chegava às bancas com a manchete destacando a eletrificação dos trens de subúrbio na região de Mogi estavam explicitados no editorial da primeira edição do Diário de Mogi, naquele longínquo 13 de dezembro de 1957. Naquele dia, o casal de jovens sonhadores, ciente das dificuldades que teria pela frente, firmou um pacto em defesa da cidade e sua gente. Uma promessa que continua sendo cumprida à risca pela publicação, sempre alinhada aos grandes interesses comunitários da região do Alto Tietê.
Foram estas ações que incentivaram os filhos de Tirreno e Neid – Tulio e Spartaco – a levar adiante tais compromissos.
Conquistas
Não importavam as muitas mudanças pelas quais passariam o jornal, sempre em busca do aprimoramento e atualização do parque gráfico e aprimoramento editorial.
Buscando se aproximar cada vez mais da cidade e seus leitores, o Diário de Mogi foi sempre o indutor de grandes campanhas comunitárias, as quais marcaram definitivamente a sua história.
Os mogianos mais antigos ainda se lembram do trabalho de um grupo de empresários da cidade, liderado por Tirreno Da San Biagio, que percorreu as indústrias e comércios locais, levando consigo um “livro de ouro”, coletando ajuda para instalar na Mogi dos anos 60 uma unidade do Corpo de Bombeiros.
Aquilo era algo fundamental para a cidade que crescia e se desenvolvia cada dia mais. Décadas mais tarde, com Mogi se verticalizando, com a construção de grandes edifícios coube, mais uma vez, ao próprio Tote interceder junto ao então governador Geraldo Alckmin (PSDB) para dotar a cidade de uma escada do tipo Magirus, ideal para ser utilizada pelo Corpo de Bombeiros local no combate a incêndios e salvamentos em grandes alturas.
Alckmin disse que não dispunha de uma viatura nova, mas que se Mogi se dispusesse a arcar com o conserto, poderia enviar uma escada daquele tipo para a cidade. Novamente o jornal topou o desafio e, ao lado de setores de grande representação na cidade, como Ciesp, Associação Comercial, entre outras, promoveu uma grande campanha para arrecadar o dinheiro necessário para a recuperação do equipamento que continua, até os dias atuais, integrando a estrutura dos bombeiros mogianos, um motivo de orgulho para toda a cidade.
O jornal que surgiu modesto num reduzido espaço da rua Barão de Jaceguai, no centro, logo ganhou sua própria sede, na rua Ricardo Vilela, num prédio especialmente construído para abrigar a redação, oficinas, administração e também a Rádio Marabá, que algum tempo mais tarde passaria a se chamar Rádio Diário de Mogi, emissora de forte atuação jornalística, que marcou época ao acompanhar de perto os principais fatos da vida cotidiana, sempre respaldada pelo jornal e irmão mais robusto.
O jornal, que se modernizava a cada dia, continuava um atento defensor das questões de maior interesse da cidade. E foi assim que se posicionou ao lado do prefeito Waldemar Costa Filho na abertura das rodovias Mogi-Dutra, que tirou Mogi do ostracismo econômico a que foi relegada após a abertura da Via Dutra, que passava a 20 km de distância de sua área urbana, e da Mogi-Bertioga, a sonhada interligação da cidade com as praias do antigo distrito de Bertioga, atualmente uma grande cidade turística. As duas estradas foram fundamentais para o desenvolvimento de Mogi.
O jornalista que, segundo seus admiradores, tinha tinta de jornal correndo em suas veias, em lugar de sangue, sempre gostava de lembrar como a atuação de seu Diário conseguiu impedir a emancipação do distrito de Braz Cubas do restante da cidade, ideia lançada e defendida por um grupo de políticos aventureiros, interessados, na verdade, na criação de um novo município, com muitos cargos a serem ocupados. Mas jamais pensando nas desastrosas consequências que aquela medida poderia resultar para Mogi e seu povo. E até mesmo para a futura cidade que, porventura, viesse a vingar.
Tote se lembrava de quando, tomando todos os cuidados pessoais, foi participar de uma reunião em Braz Cubas, território dos inimigos, onde defendeu a grande besteira que seria a ideia da emancipação, que acabou não vingando.
Histórias não faltam, como a sempre lembrada por Ricardo Strazzi, fundador e eterno presidente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Mogi das Cruzes. Certo dia, uma tempestade levou praticamente todo o telhado da escola que atendia crianças e adultos excepcionais de Mogi e toda a região.
Na redação, centro nervoso do jornal, onde o Tote estava sempre presente, acompanhando o dia a dia da publicação, surgiu a ideia de uma grande campanha para ajudar na reconstrução da instituição.
O trabalho surtiu efeito, medido na conta bancária aberta especialmente para arrecadar ajuda para a campanha. Um selo especial, criado para marcar as reportagens sobre o tema, acabou se transformando em adesivos para automóveis e foi estampado em camisetas, vendidas pelos próprios voluntários da instituição que não demorou muito para conseguir recuperar a cobertura totalmente avariada.
Muitas foram as ações do jornal em favor da cidade, mas poucas comparáveis à campanha encabeçada pela publicação em favor da duplicação da rodovia Mogi-Dutra. A estrada de pista simples, que cortava ao meio a Serra do Itapeti, tornou-se perigosa demais, com o crescimento de Mogi e o consequente aumento na quantidade de veículos por aquele caminho. Os acidentes viraram rotina e, em pouco tempo, eram poucas as famílias de Mogi que não choravam a perda de um amigo ou parente nos graves desastres lá acontecidos.
O jornal passou a cobrar as autoridades do Estado, praticamente todos os dias. Em especial durante as freqüentes visitas do governador da época, Mário Covas (PSDB) à cidade. A insistência foi tanta que certo dia, se vendo à frente da repórter Silvia Chimello, o governador se antecipou: “Ué, você não vai me perguntar nada sobre a duplicação da Mogi-Dutra?”
Covas deu a largada, mas coube a seu sucessor entregar a primeira etapa da obra, entre o bairro da Ponte Grande e o trevo de acesso ao Complexo Ayrton Senna/Carvalho Pinto. No dia da entrega da obra, uma outra façanha do jornal: a edição de uma edição extra, que contava como havia sido a inauguração, entregue nas mãos do governador e demais pessoas presentes, quando ainda se encontravam no início da duplicada Mogi-Dutra.
O jornal continuou cobrando a conclusão da duplicação, só realizada depois de muitos adiamentos. Pois quando o trecho final estava prestes a ser entregue, surgiu a notícia que até hoje indigna a todos. Foi o próprio jornal quem alertou que pouco mais de um quilômetro, no final da rodovia, já em Arujá, não teria pista duplicada por desencontros na desapropriação de uma pequena área de terreno.
O jornal e a cidade reagiram e não demorou a que o DER enviasse à redação o seu superintendente, que prometeu uma solução alternativa para que o trecho final fosse duplicado. Chegou a dar prazo, que não foi cumprido. Até agora, o jornal, periodicamente, continua cobrando a não conclusão da duplicação por conta de um fator tão absurdo.
Mais outro marco na história recente do jornal foi a campanha para impedir que o poderoso grupo empresarial Queiroz Galvão instalasse um gigantesco depósito de lixo no bairro do Taboão. O lixão comprometeria, de uma vez por todas, os planos para industrialização daquela área. A mobilização encabeçada pelo jornal atingiu toda a cidade, por meio de sindicatos, entidades de classe, associações de bairros e também os moradores mais próximos do local ameaçado pelo lixão.
Foram tantos obstáculos impostos aos empresários que a ideia acabou não vingando. E o assunto esquecido.
O Diário – já com esta nova denominação para definir sua amplitude regional, também se posicionou contrário e fez campanha contra a decisão do governo estadual que desejava substituir os centenários trens de subúrbio por um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), uma espécie de bonde que correria sobre os trilhos da zona Leste.
Da mesma forma, marcou presença contrária à instalação de um segundo Centro de Detenção Provisória (CDP), ou Cadeião, que o então governador José Serra, aquele mesmo do VLT, insistia em impingir à cidade. Ao lado da comunidade, o jornal conseguiu reverter as expectativas do governador, mostrando, por meio de reportagens e editoriais, a degradação urbana ocorrida em outros municípios, onde tais obras foram implantadas
Sempre em parceria com a comunidade, o jornal ainda conseguiu que os trens do Expresso Leste viessem até Mogi eliminando a incômoda baldeação que os passageiros eram obrigados a fazer a cada viagem para São Paulo, na altura da estação da São Miguel Paulista. A princípio somente em alguns horários e, atualmente, recebendo os trens com ar condicionado e melhores condições durante todo o expediente da ferrovia.
Mais recentemente, o jornal encabeçou um novo confronto com o governo estadual, ao lado de autoridades e da maior parte da comunidade de Mogi e região. Tudo para impedir um plano do governo João Doria (PSDB) e de seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB), que programaram um amplo projeto de reformas para rodovias que cortam localidades do litoral da Baixada Santista, nos arredores de Bertioga. Para custear tal empreendimento, o governo tinha planos de instalar um pedágio no meio da Mogi-Dutra e outro no final da Mogi-Bertioga para garantir o dinheiro a ser implantado nas melhorias das estradas litorâneas. Passeatas, protestos, páginas e páginas de reportagens e editoriais levaram o governo, depois de muito tempo e discussões, a desistir da ideia.
Depois desse confronto, os principais candidatos a governador de São Paulo nas eleições passadas, fizeram questão de garantir, em suas entrevistas e programas, que o pedágio na Mogi-Dutra jamais seria implantado.
Em todas essas batalhas mais recentes, o jornal ganhou um reforço importante e poderoso, a TV Diário, emissora afiliada da Rede Globo, que a partir do dia 1º de maio de 2000, quando foi inaugurada, atua na cobertura dos fatos de Mogi das Cruzes e demais cidades do Alto Tietê.
Em www.odiariodemogi.net.br, o leitor encontra as mais recentes informações sobre Mogi das Cruzes e região (Crédito: Mariana Acioli)
Depois de tantas lutas, verdadeiras epopeias, o fundador de O Diário, jornalista Tirreno Da San Biagio, não esteve presente para acompanhar a mais radical de todas as mudanças da história de seu jornal, o ingresso definitivo na era digital, que foi capitaneada pelos seus filhos, Spartaco e Tulio Da San Biagio, os quais continuam à frente da nova etapa.
Tirreno faleceu em outubro de 2015. Mas seus ideais permanecem vivos entre todos aqueles que com ele trabalharam, ou que o conheceram por suas histórias.
A nova fase do jornal mostrou que o espírito comunitário, presente em toda existência do homem que tinha tinta de jornal nas veias, continua firme e forte na existência da publicaçãpo que ele criou ao lado da esposa Neid. Na primeira edição após a opção pelo digital, lá estava a manchete em defesa da extensão dos trens de subúrbio até o distrito de César de Souza, mais uma antiga aspiração da cidade e de seu jornalista.
As primeiras reações do governo foram negativas. Mas o jornal sabe que será preciso insistir.
Como aconteceu durante a recente campanha eleitoral para governador, em que o candidato vitorioso teve a extensão dos trens até César entre suas promessas. Agora é esperar pela posse para voltar a lembrá-lo do que prometeu.
O Diário, agora um jovem de 65 anos, mais uma vez, estará ao lado da comunidade mogiana na cobrança, até a conquista de mais uma de suas aspirações.
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