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REPERCUSSÃO

“Nunca pensei que brasileiros fossem chegar ao ponto que estes terroristas chegaram”

A afirmação é do desembargador aposentado Marco Antonio Nahum, de Mogi, em entrevista sobre os atos golpistas em Brasília

Heitor Herruso
09/01/2023 às 17:00.
Atualizado em 09/01/2023 às 17:44

Vidros quebrados, pinturas rasgadas e móveis depredados são os rastros do vandalismo em Brasília (Reprodução)

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REPERCUSSÃO

“Nunca pensei que brasileiros fossem chegar ao ponto que estes terroristas chegaram”

A afirmação é do desembargador aposentado Marco Antonio Nahum, de Mogi, em entrevista sobre os atos golpistas em Brasília

Heitor Herruso
09/01/2023 às 17:00.
Atualizado em 09/01/2023 às 17:44

Vidros quebrados, pinturas rasgadas e móveis depredados são os rastros do vandalismo em Brasília (Reprodução)

Para o desembargador aposentado Marco Antonio Nahum, de Mogi das Cruzes, o que aconteceu em Brasília neste domingo (8) é, incontestavelmente, “um ato de terrorismo contra a democracia”. O que crava esta definição é que os envolvidos  “pretendiam e conseguiram entrar em todos os símbolos que representam as instituições democráticas do país”, avalia ele, que comemora o fato de a constituição rasgada pelos golpistas ser uma cópia, e não a original.

Nahum fala em “invasão” e “destruição de patrimônio público”, e acredita que estes “atos de terrorismo” têm que ser “punidos na forma da lei, como crimes”. “Acho que eles têm que ser presos, processados e condenados”, opina.

Ainda incrédulo por tudo o que viu, como móveis quebrados, pinturas rasgadas, vidraças estilhaçadas e outros exemplos de vandalismo, Nahum diz nunca ter visto isso na história do Brasil, mesmo durante a ditadura.

“Mesmo na época da revolução de 64, em que havia uma luta entre o exército e alguns partidos considerados, na época, de oposição, havia uma luta que era feita na rua, que preservava as instituições brasileiras. Eu nunca vi uma coisa dessas, fiquei chocado e nunca imaginei que os brasileiros fossem destruir o próprio Brasil”.

Sobre as prisões já efetuadas e acampamentos já desmontados em Brasília, Nahum diz serem as medidas certas, até mesmo porque “está demonstrado que desses acampamentos surgiu a organização dos atos, além das mídias sociais.

E ele continua. “Inclusive quando colocaram uma bomba em um caminhão com combustível perto do aeroporto, a ideia foi desenvolvida em um destes acampamentos, que serviam para isso: planejar atos golpistas”, relembra

Justiça

Perguntado sobre atos que repudiam o terrorismo visto em Brasília, como uma manifestação no Museu de Arte de São Paulo (Masp), na capital, Nahum é categórico: “o caminho é a Justiça, sempre”. 

“O Brasil tem uma constituição excelente, com regras excelentes; uma legislação que prevê estas situações. Qualquer tipo de confronto, para mim, não leva a nada. O que leva à conclusões democráticas é a Justiça”, afirma ele, que embora não crave se isso realmente acontecerá, enxerga uma democracia potencialmente fortalecida a partir daqui.

“É difícil adiantar o que pode acontecer, se ela fica mais forte ou fraca. Nunca pensei que tivesse brasileiros que fossem chegar ao ponto que estes terroristas chegaram, de destruir o próprio patrimônio do Brasil. Acredito que isso possa ter servido de exemplo como ato que não leva a absolutamente nada. A violência nunca levou a nenhum resultado positivo, então pode ser que a democracia saia mais fortalecida, mas somente no dia em que as pessoas entenderem que é dentro do jogo democrático que tudo deve se desenvolver”.

Nahum, inclusive, dá uma dica do que pode ser feito. “Se perdeu eleição e está inconformado, faz campanha para daqui a quatro anos ganhar a próxima. Esse é o jogo, e não dar golpe”.

Lições

Ele finaliza dizendo que “as instituições do Brasil” poderiam “ter tomado atitude antes” e “evitado isso”, pois “a bandeira desses terroristas, o que pregam, nunca foi democrático”, e dá, ainda, uma última opinião.

“Não se pode pregar intervenção militar ou anulação de uma eleição livre como se fosse ordem democrática. É claro que não é. Então essas pessoas não entenderam a democracia ou não aceitam o resultado que lhe é antagônico dentro do jogo”. 

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