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PANDEMIA CONTINUA

Nova variante eleva casos de Covid em Mogi

Estado já estuda remanejamento de leitos e contratação emergencial de médicos

Carla Olivo
18/11/2022 às 15:47.
Atualizado em 19/11/2022 às 17:59

NOVA ONDA Casos de Covid quadruplicaram em Mogi desde o último dia 5 de novembro no comparativo com o final de outubro (Mariana Acioli)

Os registros de novos casos de Covid-19 quadruplicaram desde o último dia 5 de novembro em Mogi das Cruzes na comparação com o final de outubro, passando de uma média de 10 ocorrências por dia para 40 diariamente. A atual escalada de testes positivos da doença segue a tendência observada em vários estados brasileiros, incluindo São Paulo. 

PREVENÇÃO Jean Gorinchteyn alerta para necessidade das doses de reforço contra a Covid para proteção contra novas variantes (Divulgação)

A elevação das ocorrências leva a um estado de atenção, segundo destaca o secretário de Estado da Saúde, Jeancarlo Gorinchteyn (foto acima), em entrevista por telefone a O Diário, acrescentando que a pasta já está avaliando e finalizando dados, em conjunto com a Secretaria de Estado de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde e o Comitê de Contingência da Covid-19, para discutir com o governador Rodrigo Garcia (PSDB) o retorno da obrigatoriedade de utilização de máscaras de proteção facial no transporte público. 

“Neste serviço existe uma aglomeração maior de pessoas, nem sempre os ambientes se mantêm arejados e ventilados e o distanciamento social acaba sendo impossibilitado”, reforça o secretário.

De acordo com a demanda de novos casos registrada nas próximas semanas, Gorinchteyn também adianta que há possibilidade de redimensionamento dos leitos hospitalares de enfermaria e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) exclusivos para tratamento de pacientes com a Covid-19, já desmontados após o abrandamento da pandemia e consequente diminuição de internações. Ele acena, ainda, para a possibilidade de contratação de equipes médica e de enfermaria, neste caso, para dar conta dos atendimentos. 

“Estes leitos podem ser remobilizados, assim como assim as equipes do serviço de recursos humanos, como médicos, enfermeiros e paramédicos, que poderão ter contratações de emergência estabelecidas caso este número venha realmente a solicitar uma demanda maior. Tanto a rede pública como a particular tem condições de se adaptar. Apesar desta elevação proporcional do número de casos, os números absolutos não mostram que teremos um comprometimento tão aguçado como tivemos em outras ondas da pandemia”, considera o secretário.

Para isso, ele aponta a necessidade de reforço da cobertura vacinal, com as duas doses adicionais dos imunizantes contra a Covid-19, como principal ferramenta para prevenir a disseminação do vírus, assim como amenizar os sintomas em caso de infecção. “Precisamos de atenção com as carteirinhas de vacinação, fazendo com que as pessoas atualizem sua situação vacinal. Hoje, temos 10 milhões que deveriam ter tomado a segunda dose e não o fizeram, incluindo crianças, e 7 mil pessoas que já deveriam ter tomado a segunda dose e não tomaram”, lamenta. 

Para proteção contra as variantes do vírus causadores da Covid-19, o profissional lembra que apenas duas doses de imunizantes não são suficientes. “É necessário fazer as duas doses suplementares, garantindo que as quatro doses sejam administradas nas populações elegíveis”, observa o especialista.

Ainda como forma de prevenção, o secretário enfatiza que todas as pessoas com problemas de saúde, baixa imunidade, mulheres grávidas, idosos, entre outros grupos considerados de risco para a doença, devem sempre utilizar máscaras nos ambientes fechados e com aglomeração, mesmo que nestes locais específicos, o uso do equipamento de proteção não seja obrigatório. “Esta prática garante uma proteção aliada à própria vacinação”, pontua.

A orientação vai ao encontro da recomendação do Ministério da Saúde, publicada no último dia 14, para que idosos, gestantes e pessoas com comorbidades utilizem máscaras de proteção facial.

No entanto, apesar de apontar a necessidade da manutenção de cuidados preventivos, principalmente pela população considerada grupo de risco para a doença, Gorinchteyn avalia que, embora a nova variante registre maior infectividade, a virulência é menor. “Observamos uma maior transmissão entre as pessoas, porém sem a gravidade que observamos em outras situações”, analisa.

 Registros quadruplicaram em 2 semanas na cidade

Mogi reflete o aumento de notificações de casos de Covid-19 registrados no estado e outros pontos do país. A atual onda da pandemia, que já estava em declínio com a diminuição de registros de diminuição de infecções, é atribuída ao surgimento da nova variante do coronavírus, a BQ.1.

“Em Mogi, ainda não temos evidências de números, porque a genogrupagem do vírus acaba demorando um pouco mais para chegar para nós em relação às amostras que são encaminhadas para São Paulo, mas o cenário é o mesmo que vem sendo registrado em todo o estado”, avalia Hector Trevor, enfermeiro da Vigilância Epidemiológica em Saúde da Prefeitura de Mogi das Cruzes.

Ele avalia que a situação é semelhante ao que ocorreu com a variante Ômicron, no início deste ano, com alta taxa de transmissão e sintomas leves, afetando as vias áreas superiores e provocando tosse, coriza e dor de garganta. “A perda de olfato e paladar não é tão evidenciada e quando isso ocorre dura dois a três dias. O risco maior ocorre em pessoas com comorbidades”, alerta, completando que a taxa de ocupação hospitalar da cidade está em 2% nos leitos de UTI e 4% em enfermarias nas redes pública e particular.

Atualmente, ele conta que está sendo feito um levantamento caso a caso, junto aos hospitais, para verificar a cobertura vacinal dos pacientes. “Embora não exista mais leitos de Covid, o protocolo de cuidados é o mesmo, ou seja, o isolamento. Pacientes com Covid não ficam ao lado dos demais. Os hospitais estão tomando os cuidados para manter leitos isolados na enfermaria e UTI. Orientamos os pronto-atendimentos para que se tenha uma sensibilização maior já na triagem para o atendimento a estas pessoas. Geralmente, algumas unidades já mantêm os pacientes com sintomas de um lado e os demais de outro”, detalha.

(Mariana Acioli)

Na cidade, o profissional observa que mais de 93% das pessoas receberam a segunda dose da vacina contra a doença. Já a terceira dose apontava cobertura mais baixa, com cerca de 80%. “Até o mês passado, tínhamos milhares de vagas no site de agendamento da Prefeitura, mas o mínimo acabava sendo preenchida. Agora, com este novo alerta de casos, voltou novamente a procura pelas vacinas, inclusive da quarta dose”, conta Trevor, acrescentando que a aplicação dos imunizantes para todos os públicos é realizada via agendamento no Clique Vacina, no site www.mogidascruzes.sp.gov.br

 Positividade alta

O aumento de positividade dos exames de Covid-19 de pacientes sintomáticos, nas últimas duas semanas, também chama atenção na rede particular de saúde. Segundo o biomédico Marcello Cusatis (foto acima), ex-secretário de Saúde de Mogi e diretor do Hospital Santa Maria, em Suzano, esta média que era de 4% a 5% está em 40% a 50%. 

“Esta é uma tendência em todo o país, mas alguns estados têm tido bastante aumento, como São Paulo, que tem uma média de 300 internações por dia novamente. Não temos tido aumento de internados, mas há pessoas em busca de informações onde este serviço pode ser buscado”, explica Téo.

Ele destaca que, como os leitos exclusivos para receber pacientes com Covid-19 foram desmontados, os hospitais terão de colocar em prática seus planos de contingência para doenças infectocontagiosas, diante da nova demanda da pandemia.

O novo aumento de casos, na avaliação de Cusatis, está relacionado à flexibilização das medidas preventivas, como a não obrigatoriedade do uso de máscaras, além do convívio em locais com aglomeração. “Este afrouxamento ajudou muito os casos a voltarem a aumentar. Se pegarmos o ciclo de vida do H1N1, todos os anos as vacinas têm suas cepas atualizadas. Será que o vírus da Covid é uma variante nova e não necessitaria que as vacinas acompanhassem as novas cepas com um calendário anual de vacinação?”, questiona Cusatis.

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