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FALA, DEPUTADO

Na presidência da Alesp, André do Prado diz que apoiará pautas do Alto Tietê

Ex-feirante e balconista, em Guararema, o filho de dona Raquel Helena Torres, o deputado é hoje o terceiro homem mais importante na hierarquia do poder no Estado

Darwin Valente
02/04/2023 às 07:09.
Atualizado em 02/04/2023 às 07:22

Após ter sido vereador e prefeito em Guararema, André do Prado está no quarto mandato de deputado (Foto: Mariana Acioli / O Diário)

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FALA, DEPUTADO

Na presidência da Alesp, André do Prado diz que apoiará pautas do Alto Tietê

Ex-feirante e balconista, em Guararema, o filho de dona Raquel Helena Torres, o deputado é hoje o terceiro homem mais importante na hierarquia do poder no Estado

Darwin Valente
02/04/2023 às 07:09.
Atualizado em 02/04/2023 às 07:22

Após ter sido vereador e prefeito em Guararema, André do Prado está no quarto mandato de deputado (Foto: Mariana Acioli / O Diário)

Até o início dos anos 90, ele era somente o “André da Raquel”, como ficou conhecido o filho de dona Raquel, proprietária de uma pequena mercearia, no bairro de Itapema, em Guararema, onde morava. O garoto que atendia à clientela no balcão e que já vinha trabalhando como feirante, desde os 12 anos, para ajudar a mãe na criação de três filhas cresceu e, atualmente, é o terceiro homem mais importante na hierarquia do poder no Estado de São Paulo, ficando atrás somente do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e de seu vice, Felício Ramuth (PSD).

Aos 53 anos, após superar incontáveis dificuldades, André Luís do Prado chega a presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, após haver exercido dois mandatos de vereador em sua cidade, onde também foi vice-prefeito e prefeito, antes de se eleger deputado, atualmente no quarto mandato.

O deputado deixou para trás o apelido que o ligava diretamente à mãe – desconhecido fora de Guararema –, mas não esconde o orgulho ao falar de Raquel Helena Torres, hoje com 71 anos e de sua verdadeira batalha para criar André e suas três filhas. “Uma guerreira”, define ele. 
Ainda surpreso por estar à frente de uma megaestrutura de poder político, com mais de 3 mil funcionários e um orçamento de R$ 1.291.136.734,00, o presidente admite que jamais imaginou que pudesse alcançar um cargo de tamanha responsabilidade e complexidade.
Diante da verdadeira conjuminância de fatores que o conduziram ao cargo, André não perde a simplicidade ao atribuir sua conquista a “uma missão” que lhe foi dada por Deus, a qual ele terá de cumprir “da melhor forma possível”.

“Estou feliz e agradecido a Deus por tudo isso”, afirma.

 Memória

Mas como foi que André, um soldador de bijuterias numa fabriqueta cidade, aluno de escolas públicas e formado em Análise de Sistemas pela UMC, conseguiu a proeza de se tornar presidente da Alesp?

Para entender tamanha conquista, é preciso voltar no tempo, quando ele, em 1992, aos 23 anos, recebeu a visita de um velho amigo, Marcio Alvino de Souza, e o convite para ingressar na política. Filho do ex-prefeito Sebastião Alvino de Souza, falecido alguns anos antes, Marcio incentivou André a disputar uma vaga na Câmara Municipal. Conhecido de todos na pequena Guararema, não foi difícil para o candidato arrancar 241 votos que o levaram para o Legislativo local.

Ele gostou e, na eleição seguinte, foi reeleito com 269 sufrágios, logo chegando a presidente da Câmara.
Começava ali uma carreira de sucesso.

A desenvoltura e a disposição demonstradas pelo jovem político fizeram com que ele fosse convidado, nas eleições do ano 2000, para ser o candidato a vice-prefeito na chapa liderada por Conceição Alvino de Souza, mãe do amigo Marcio, que promoveu uma verdadeira revolução administrativa na cidade, até hoje ainda lembrada pelos moradores de Guararema. André não se limitou ao protocolar cargo de vice. Assumiu o comando da Secretaria Municipal de Saúde e tratou de reestruturar a pasta para acompanhar o ritmo da prefeita.
Foi tão bem em suas atribuições que, em 2004, aceitou o convite para ser candidato a prefeito e se elegeu com mais de 7 mil votos. Deixou a Prefeitura com obras importantes e a aprovação de quase 90% dos eleitores, o que chamou a atenção do principal articulador de seu partido na região, Valdemar Costa Neto. 

Ele tratou de levar André para a presidência do Conselho Político do PL, com a missão de reestruturar o partido em todo o Estado de São Paulo.

O político não perdeu tempo. Pôs a mão na massa e nos votos do interior paulista. E, para surpresa geral, em 2010, tornou-se o único representante do PL na Assembleia Legislativa.

Lá, ele continuou avançando como membro de comissões permanentes e se aproximando ao máximo do governo estadual da época. Pouco tempo depois, o deputado já caminhava com desenvoltura pelas secretarias de governo e logo iria se transformar no porta-voz das reivindicações de municípios do Alto Tietê e outras pequenas cidades do interior,  intermediando reuniões entre prefeitos e vereadores com as autoridades do governo para resolver questões específicas de cada localidade. 

 Caminho difícil 

No meio da caminhada, uma surpresa: André viu seu candidato a governador, Rodrigo Garcia (PSDB), ser derrotado e não passar sequer para o segundo turno, que seria disputado pelo republicano Tarcísio de Freitas contra o petista Fernando Haddad. 

Coube, então, ao presidente e articulador-mór do partido, Valdemar Costa Neto, explicar a Tarcísio a gratidão e o compromisso de André com o tucano. E, ao lado dele, garantir total apoio para a disputa no segundo turno.

Com a maior bancada da Assembleia, o PL comemorou a vitória de Tarcísio com um jantar, onde Valdemar, pela primeira vez, falou ao governador eleito do interesse do partido em eleger o futuro presidente da Assembleia.

A fidelidade de André ao PL e seu estilo moderado, com trânsito em todas as bancadas, faziam dele o candidato natural de Valdemar. Tarcísio garantiu o apoio.

E lá se foi o parlamentar em busca dos votos necessários para sua eleição. Começava ali uma longa peregrinação por gabinetes de líderes de partidos em busca de apoio. Com os 19 votos do PL garantidos e o respaldo do governador, André  jogou a cartada definitiva para assegurar a eleição: foi atrás dos 18 votos do PT (e mais um do PC do B, que estiveram juntos na eleição), e dos nove votos do PSDB (e mais 3 do Cidadania, que concorreu aliado aos tucanos).

Mas não estava sendo fácil, até que André admitiu adotar o princípio da proporcionalidade das bancadas para a composição final da Mesa do Legislativo. PT e PC do B ficariam com a primeira secretaria, o PSDB e Cidadania com a segunda. O Republicanos com oito membros, ficaria com a primeira vice-presidência; União Brasil, com sete deputados, ocuparia a segunda. O Podemos (seis deputados) ficaria com a terceira; o PSD (4), com a quarta; o MDB (1) com a terceira secretaria, reservando a quarta secretaria para a ala bolsonarista do PL.

Mas que não se imagine tudo isso resolvido como num passe de mágica. André admite que foi preciso muita paciência, principalmente nas negociações com os maiores partidos, que poderiam complicar sua eleição, apesar da maioria liberal.

A estratégia deu mais que certo: o moderado André do Prado acabou eleito com 89 dos 94 votos da Casa, tornando-se o 55º presidente da Assembleia. 

 O deputado estadual André do Prado (PL) acredita que o cargo de presidente da Assembleia Legislativa poderá facilitar o seu trabalho em favor, principalmente, dos municípios da região do Alto Tietê. 

As reuniões semanais com o governador e secretários para definição das pautas de interesse do Estado deverão aproximar ainda o parlamentar da equipe de governo, a quem ele irá levar as reivindicações da região.

Entre as prioridades do presidente está, por exemplo, a abertura do Hospital Regional do Alto Tietê, em Suzano. A estrutura que pertencia ao Hospital das Clínicas passou para o comando da Secretaria de Estado da Saúde, que já está contratando a organização social que ficará encarregada de administrar a futura estrutura de atendimento, para diminuir a sobrecarga de trabalho do Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi. “A meta é abrir as portas ainda este ano”, já garantiu ele ao prefeito Rodrigo Ashiuchi (PL). Outra preocupação do deputado será a construção das alças de acesso ao viaduto Leon Feffer, a partir da avenida Jorge Bei Maluf, e ao Trecho-Leste do Rodoanel Mário Covas (SP-21), em Suzano, já em fase de projeto executivo.

André do Prado também pretende dedicar atenção especial ao projeto de extensão do trajeto dos trens de subúrbio entre as estações dos Estudantes e do distrito de César de Souza, em Mogi das Cruzes. “Vou lutar por isso”, promete ele, que estará de olho no projeto do Trem Intercidades, de passageiros, que, em sua segunda fase, deverá reativar o percurso entre São Paulo e São José dos Campos. O deputado quer que as cidades do Alto Tietê também sejam, de alguma forma, beneficiadas com a proposta.

André está disposto a ajudar Mogi na abertura da Maternidade Municipal, por meio de um acordo tripartite, entre União, Estado e Município para assegurar o seu funcionamento. No entanto, é cauteloso ao falar da reabertura do Pronto-Socorro do Luzia de Pinho Melo. “Sou favorável, desde que isso não venha a atrapalhar o atendimento de casos de média e alta complexidade, principais objetivos do hospital”, diz o deputado. Outra preocupação do presidente da Alesp será com os projetos habitacionais do governo, buscando eliminar as ocupações irregulares, principalmente em áreas de risco, em vários municípios da região, como Itaquaquecetuba, por exemplo. Na visão de André, não basta retirar as famílias dessas áreas, mas dar a elas uma destinação adequada para que não venham a ser novamente invadidas.

O deputado também está de olho no projeto para duplicação da rodovia Alberto Hinoto, entre Arujá e Itaquá, que deverá incluir um corredor de ônibus entre as pistas e diminuir definitivamente os congestionamentos diários da estrada, causados pelas dificuldades no escoamento da grande quantidade de veículos que por ali transitam.

 Eleições 2024 

André do Prado ainda estará na presidência da Alesp durante a campanha para as eleições municipais do próximo ano. E apoia totalmente a política de seu partido de lançar candidatos a prefeito nas principais cidades e regiões do País, como no Alto Tietê.

A pedido deste jornal, o deputado fez um balanço sobre as possibilidades do partido em cada cidade da região.

Questionado sobre a disposição de concorrer à Prefeitura de Mogi, demonstrada pelo deputado Marcos Damasio, em entrevista a este jornal, André diz que Mogi é um município estratégico para o PL, onde Damasio é um nome muito forte por estar em seu terceiro mandato na Alesp e já ter sido vereador e secretário municipal. “O  partido, no entanto, tem uma parceria com o deputado federal Marco Bertaiolli  (PSD), que deverá fazer parte do grupo que vai decidir a campanha em Mogi, juntamente com Valdemar Costa Neto”.

Em Suzano, o prefeito Rodrigo Ashiuchi ainda estuda  o nome a ser lançado pelo PL. José Luiz Eroles Freire, em seu primeiro mandato em Guararema, é candidato natural à reeleição. 

Em Salesópolis, o atual prefeito do PL, Vanderlon Oliveira Gomes deverá participar ativamente da escolha do candidato para disputar o seu lugar na Prefeitura.

O mesmo deverá acontecer com Carlos Alberto Taino Júnior, o Inho, de Biritiba Mirim, que também está encerrando o mandato.

Em Santa Isabel, o ex-vereador Cleber Vinicius Kerchner, o Clebão do Posto, deve ser o candidato do PL à Prefeitura. Em Poá, o escolhido deve ser o ex-prefeito Gian Lopes. Já em Ferraz, o candidato poderá ser o médico Rafu Júnior e, em Itaquá, onde o PL faz parte da base de apoio do prefeito Eduardo Boigues (PP), virtual concorrente à reeleição, o partido poderá lançar o candidato a vice. E, por fim, em Arujá, onde o atual prefeito é o médico Luiz Camargo (PSD), o PL busca uma parceria para garantir apoio da atual administração para o ex-prefeito Abel Larini, ou seu filho e vereador Abel Franco Larini, que deverão decidir entre eles quem irá disputar a Prefeitura. 

 OS VOTOS DE
ANDRÉ DO PRADO

VEREADOR
1992 – 241 votos
1996 – 269 votos

VICE-PREFEITO
2000 – 7.019 votos

PREFEITO
2004 – 7.536 votos

DEPUTADO ESTADUAL
2010 – 086.346 votos
2014 – 164.589 votos
2018 – 123.343 votos
2020 – 216.268 votos

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