A luta contra a instalação dos pedágios em Mogi das Cruzes ganhou mais um capítulo nesta semana, quando um grupo de lideranças da cidade, formado por integrantes do movimento Pedágio Não e representantes dos sindicatos Rural e do Comércio Varejista (Sincomércio), além da Associação de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos, se reuniu com o secretário de Estado de Parcerias e Investimentos, Rafael Benini, na sede da pasta, em São Paulo. 

O encontro, na capital paulista, foi intermediado pelo deputado estadual André do Prado (PL), que também participou da conversa, com resultado na promessa do secretário de visitar Mogi das Cruzes, no início do próximo mês, para conhecer de perto os pontos elencados pelo grupo como problemáticos no projeto defendido pelo Governo do Estado, que prevê a implantação da cobrança pela circulação de motoristas na Mogi-Dutra e Mogi-Bertioga, e que faz parte da licitação de concessão de rodovias litorâneas.

Segundo Paulo Boccuzzi, líder do Pedágio Não, assim que chegou a Mogi das Cruzes, na noite desta quinta-feira (14), após duas reuniões sobre o assunto em São Paulo - a primeira com o secretário e a segunda com o deputado estadual Marcos Damasio (PL) -, recebeu mensagem pelo WhatsApp da assessoria de Benini informando que a visita a Mogi deverá acontecer no próximo dia 2 de outubro. 

“Fizemos o convite a ele para que viesse a Mogi e reconhecesse as questões que tratamos na reunião, busque informações sobre o que falamos e acompanhe isso inloco. Até a vinda dele, não devemos fazer nenhuma nova manifestação, porque, se ele está dando esta atenção, vamos respeitar isso, já que existe a possibilidade de diálogo e a partir disso, podemos ter nosso pleito, eventualmente, atendido”, explica Boccuzzi.

Ele também contou que, no encontro realizado no gabinete do secretário, o grupo teve oportunidade de apresentar a Benini os motivos de toda a região do Alto Tietê para repudiar a instalação dos pedágios em Mogi. 

“Nossa argumentação é conhecida na cidade e região, mas acaba sendo muito válida no momento em que temos este diálogo com o secretário do governo, que está com esse assunto do pedágio em mãos. Em primeiro lugar, tivemos uma leitura de que o governo está bastante disposto a seguir com o projeto, consequentemente mantendo os pedágios previstos para a nossa região. Por outro lado, o secretário também demonstrou uma certa flexibilidade para fazer ajustes no projeto que atendam a algumas reivindicações e limitações que são atreladas a ele”, contou o líder do movimento.

Um dos pedidos do grupo visa impedir que as pessoas que precisam utilizar o único ponto de conversão na Mogi-Dutra, entre a rodovia Ayrton Senna da Silva e a cidade, na altura do km 43, para acessar bairros como Aruã, Piatã, Jardim Margarida, Novo Horizonte e outros localizados na divisa entre Mogi e Itaquaquecetuba, sejam prejudicadas pela cobrança. 

“Neste projeto do Governo do Estado, naquele ponto de conversão, as pessoas que queiram acessar a Ayrton Senna, teriam que pagar um pedágio correspondente a praticamente nove quilômetros de rodovia, sendo que elas acessariam a estrada somente por um quilômetro. Uma das grandes discrepâncias deste projeto está atrelado a este eixo de conversão. Neste assunto, em específico, o secretário demonstrou uma tendência para fazer ajustes de modo que elas paguem apenas pelo trecho trafegado, de maneira proporcional”, explica Boccuzzi.

Ele diz, ainda, que Benini também mostrou sensibilidade para entender outras argumentações apresentadas pelo grupo de lideranças mogianas e buscar soluções, embora ainda com a ideia fixa de implantação de pedágios, tanto na Mogi-Dutra, como na Mogi-Bertioga. 

“É interessante que tenha ocorrido essa conversa, que já é um espaço aberto para que o secretário faça a visita a Mogi e conheça as peculiaridades da região, em uma oportunidade para continuarmos este diálogo”, completa Boccuzzi.

Grupo quer reunião com governador

Os deputados estaduais do PL, André do Prado, presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), e Marcos Damasio se comprometeram com as lideranças mogianas contrárias ao pedágio a agendar reunião com o governador Tarcísio de Freitas (Republicamos) para discusão do assunto. Nesta quinta-feira (14), após o encontro com o secretário de Estado de Parcerias e Investimentos, Rafael Benini, o grupo foi à Alesp conversar com Damasio. ““Estamos unindo a força dos deputados em um movimento para criação de uma frente parlamentar contra o pedágio e parece que tem tudo para isso ser posto em prática. É uma iniciativa que viria dos dois deputados, na tentativa de agendar reunião com o governador Tarcísio (de Freitas, Republicanos), para que esse assunto seja tratado com as lideranças do movimento. O Damasio se mostrou confiante de que podemos ter este diálogo com o governador, lembrando que tivemos essa oportunidade no passado, no projeto antigo do PSDB, com o então governador Rodrigo Garcia. Essas conversas são uma possibilidade de sensibilização do governo. Da outra vez, a somatória de ações como essa nos trouxe grande resultado, com a queda do pedágio. Vamos remando neste sentido”, aposta Boccuzzi.

Outras ações

Além de analisar a decisão judicial que derrubou  a liminar obtida pelo município suspendendo a licitação de concessão de rodovias litorâneas, a Prefeitura de Mogi está definindo os próximos passos a serem adotados na luta para barrar os pedágios na cidade. Até que o agravo do processo seja julgado, a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) mantém os trâmites necessários para continuidade do processo. Questionada sobre o pedido da Prefeitura para a realização de audiência pública em Mogi, a agência informou que “até o momento não há informação com relação à nova prorrogação de prazo da consulta pública”. 

A reportagem procurou o deputado federal Valdemar Costa Neto (PL), que aventou a ideia de o município pedir ressarcimento pela construção da Mogi-Dutra, na gestão de seu pai, o ex-prefeito Waldemar Costa Filho, caso o Estado mantenha o projeto, mas não obteve retorno. Segundo profissionais do Direito, esta possibilidade já caducou. (C.O.)