Milhares de pessoas foram às ruas para a Entrada dos Palmitos

A Entrada dos Palmitos, um dos pontos altos da Festa do Divino, levou milhares de pessoas às ruas para participar e assistir a passagem do cortejo pelo centro da cidade. Festeiros, religiosos, autoridades, rezadeiras, crianças, grupos folclóricos, carros de boi, cavaleiros e muitos devotos fizeram questão de manter a tradição e homenagear o Espírito Santo. Segundo os organizadores, mais de15 mil participaram do cortejo, assistido por um público estimando 40 mil pessoas.

A concentração foi na rua Doutor Ricardo Vilela na altura da Capela de Santa Cruz. Às 9 horas, o cortejo deixou o local e seguiu até a Praça Oswaldo Cruz, passou pelo Calçadão da rua Dr Deodato Wertheimer, retornado pela Paulo Frontin até a Catedral de Santana.

Durante todo o percurso, os devotos, com suas bandeiras vermelhas, enfeitadas com a pomba branca e muitas fitas, rezaram e entoaram as canções exaltando a fé no Divino. Muitos deles demonstravam emoção com a volta da festa, que nos últimos três anos foi realizada parcialmente só com a parte religiosa por causa da pandemia da Covid-19.  

A professora aposentada Eliete Garcia Ruzia, moradora do Botujuru, falou sobre a sua devoção ao Divino. “Estou muito emocionada em poder estar aqui para registrar esse momento. Estava ansiosa pela volta da festa que participo desde criança, acompanhando meus pais. Fiz questão de passar esses valores para os meus filhos, que vieram comigo hoje e trouxeram os meus netos. A maior graça que temos recebido do Espírito Santo é a saúde e a união da minha família”, revela.

Existe um cuidado também de grupos folclóricos em manter as tradições e passar isso para as gerações futuras. Nas congadas, marujadas e os moçambiques, junto com os pais e avôs, também desfilaram jovens e crianças, que desde pequenas aprendem a tocar os instrumentos, cantar e dançar as músicas.

Integrantes da Congada Santo Ângelo, o casal Maisa Vitoria e Eliseu, levou a filha deles, Elisa, de sete meses, no carrinho de bebê, para participar. “A gente faz questão de trazer desde pequeno para criar amor, aprender as músicas e manter as nossas tradições”, disse a mãe.

A festa de Mogi, que neste comemora 410 anos, uma das maiores do Brasil, atrai gente de toda a região. Esse é o caso da família de Marcelino Vieira de Lima, de 83 anos, que veio de Suzano com a esposa Maria de Jesus, 77 anos, com a filha Alessandra Vieira Lima e o neto Luca Noa, de 7 anos.

 “Acho tudo muito bonito. É um grande espetáculo de amor e fé que deixa a gente muito emocionado. Minha família é devota, e vou estar aqui para rezar pelo Divino enquanto Deus permitir”, disse o patriarca. O garoto conta que o que mais gosta de ver sãos os carros de boi e os cavalos.

 Autoridades

O bispo dom Pedro Luiz Stringhini, participou da Entrada dos Palmitos ao lado do prefeito Caio Cunha (PODE) e a vice Priscila Yamagami (PODE). O chefe do Executivo, que também estava com a sua bandeira, disse que voltou de uma viagem a trabalho no Japão especialmente para participar das atividades de encerramento da festa, que começou no último dia 18 e acaba neste domingo (28), Dia de Pentecostes. A quermesse também termina amanhã.

“A participação de todas essas pessoas demonstra o quanto essa festa é importante e significativa para a nossa cidade. Faz parte da nossa cultura, das nossas tradições e demonstra toda a espiritualidade do nosso povo”, disse o prefeito. Ele reforçou ainda a grandeza da festa, considerada uma das maiores do País e a sua importância para movimentar o turismo e a economia do município.

Priscila acompanhou praticamente todas as celebrações festivas e religiosas desde abertura do evento, que teve inicio na quinta-feira (19). “Está sendo uma experiência maravilhosa e marcante ver todas essas pessoas reunidas para homenagear o Divino. Uma coisa que só a nossa tem”, comentou ela, emocionada.  

“Participei de praticamente todas as atividades que eu consegui colocar na agenda, sempre priorizando o Divino, uma festa de fé. E como é importante trazer as pessoas para a fé nesse momento pós pandemia. É lindo ver principalmente as crianças, os jovens participando. As pessoas estavam ansiosas por esse momento. Acho que é essa vontade de acreditar em algo maior aqui no nosso País”, avaliou

Religiosidade 

O líder da igreja católica, dom Pedro Luiz, falou sobre a beleza do evento e da devoção do povo. “É uma coisa impressionante, é uma coisa mística indescritível ver todo mundo na rua nesse cortejo enorme. Tem também a multidão que fica ao lado assistindo, participando, cantando, fotografando as imagens que instantaneamente vão também para o mundo. Mogi das Cruzes é mesmo uma grande referência nesse sentido. É a maior demonstração de fé e religiosidade do povo, juntamente com a cultura e com a história nesse dia tão maravilhoso. Parece que é um sonho, uma explosão de alegria, uma explosão de fraternidade que une toda a cidade nesse momento", declarou.

Organizadores

O casal de festeiros deste ano, Josmar e Tereza Cassola Silva, estava ao lado dos capitães de mastro Maria de Lourdes e Ricardo Medina Alvarez, integrantes da comissão organizadora e de outros casais já estiveram à frente do evento, além de festeiros e capitães de mastros das festas realizadas em bairros da cidade e de outros municípios da região.

“A festa cresceu muito neste ano e superou as nossas expectativas. Foi além do que a gente esperava. Está linda demais. É muito emocionante ver as família juntas e todas essas pessoas em uma grande demonstração de fé”, declarou, destacando também o crescimento da festa e aumento do número de participantes nas mais de 60 atividades realizadas nos 10 dias de festejos.

Também participaram da procissão políticos como o deputado federal Marco Bertaiolli e a esposa Mara, o presidente da Câmara, Marcos Furlan (PODE) e os vereadores Edson Santos (PSD), Milton Lins da Sailva – Bigêmeos (PSD), Eduardo Ota (PODE), José Luiz Furtado (PSDB), entre outros.  

Coordenação

Segundo os organizados da Entrada dos Palmitos, o evento neste ano teve a participação de sete grupos de folclóricos, mais de 400 cavalos, além das charretes. Foram 32 carros de boi. Desse total, 12 são das cidades de Santa Isabel, Igaratá, Bragança Paulista e o restante veio da região de Cambuí, no extremo sul de Minas Gerais.

 Alunos de escolas municipais e comunidades de diversas paróquias da cidade estiveram presentes. Os Divineiros que morreram durante a pandemia e outras que falaceram nos últimos anos por outros motivos, considerados personagens importantes para a festa também foram homenageados com bandeiras que levavam suas fotos.      

Coordenador da Entrada dos Palmitos desde 2018, Glauco Ricciele, avalia que “o resultado neste ano foi muito positivo, sem nenhum imprevisto durante a passagem do cortejo”. Ele explicou que houve uma preocupação especial com os animais e um acordo com todos os participantes para evitar uso de bebida alcoólica.

“Tudo ocorreu dentro da normalidade e segurança com o trafego dos animal e algumas questões que trabalhamos, com a preocupação de controlar a bebida alcoólica e evitar o exibicionismos por se tratar de cortejo que é de cunho religioso católico”.

 Afogadão

Após a Entrada dos Palmitos, muita gente foi para a quermesse, no Centro Municipal integrado (CMI), localizado no Mogilar. Lá foi oferecido o famoso “afogadão”, um dos pratos mais tradicionais da Festa do Divino, no sábado, dia da Entrada dos Palmitos.

O alimento é servido gratuitamente à população. Segundo os organizadores seriam oferecidos cerca de sete mil pratos. A fila começou bem cedo, por volta das 7 horas. Muita gente faz questão de consumir o alimento, considerado “sagrado” para os devotos do Divino.