Advogado Michael Della Torre afirma que Sheila Montouvanni não participou da depredação; o nome dela consta de lista de pessoas que tiveram bens bloqueados
A professora Sheila Montouvanni aguarda audiência de custódia após ter sido levada para a penitenciária Colmeia
O advogado Michael Della Torre deverá viajar a Brasília para participar nesta sexta-feira (13) da audiência de custódia de Sheila Montouvanni, uma das manifestantes que estavam em um ônibus que partiu de Mogi das Cruzes com destino ao Distrito Federal, no final de semana. Ela está presa na Colmeia, nome da penitenciária feminina para onde foram levadas as mulheres detidas desde a destruição e os ataques aos prédios da Esplanada dos Ministérios.
Sem antecedentes, trabalho e moradia fixa, a professora mogiana, segundo acredita Della Torre deverá responder pelas acusações em liberdade. Entre os crimes que estão sendo investigados estão os de tentativa de golpe e destruição do patrimônio público.
Nesta quinta-feira (12), o nome de Sheila Montouvanni constou em uma lista de pessoas e empresas que foram alvo de um pedido de bloqueio dos bens, suspeitas de financiarem os ataques golpistas - os manifestantes não reconhecem o resultado da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Até a terça-feira, antes de ser transferida para a penitenciária, o advogado conversou por telefone com a cliente, que relatou as condições precárias do ginásio onde os detidos ficaram até serem ouvidos e direcionados para a prisão.
O advogado considera as prisões precipitadas e arbitrárias porque não foram todas as mil pessoas que entraram nos principais prédios do governo federal - Palácio da Alvorada, Câmara dos Deputados e Supremo Tribunal Federal.
"A Sheila não entrou em nenhum dos prédios e não quebrou nada nos prédios, não deteriorou nada. Acho que esse processo precisa, primeiro, ser individualizado", comentou, contando que acredita na saída dela da Colmeia, logo após a audiência de custódia que está marcada para a sexta-feira (13).
Ele falou ainda que não teve acesso aos autos do processo contra a professora. No entanto, afirmou que, caso seja mantida a prisão preventiva, ele deverá impetrar com recursos como um pedido de habeas corpus e liberdade provisória.
Michael Della Torre vai acompanhar a audiência de custódia da professora Sheila Montouvanni (Arquivo O Diário)
Della Torres, que foi candidato a prefeito nas eleições de 2020 e afirma que não pretende mais disputar cargo público, iniciou a entrevista a O Diário destacando que, pessoalmente, condena os atos.
Ele vê fragilidade no argumento de tentativa de golpe porque, segundo defende, a constituição defende a livre manifestação e "para depor um governo legalmente eleito, teriam sido usados tanques de guerra, as forças armadas, ou um complô do poder judiciário. O que vimos, ali, foram pessoas, sem armas, que estavam em uma manifestação e que, estranhamente, encontraram os principais prédios do governo federal com as portas abertas". Opina ainda que houve uma omissão (dos responsáveis) pela segurança dos prédios.
Questionado se outros integrantes do ônibus que partiu de Mogi das Cruzes o procuraram, o advogado comentou que foi procurado pela mulher de um mogiano que está preso e era responsável pelo acampamento e sequer esteve na Esplanada dos Ministérios. Porém, ainda não houve a contratação dos serviços advocatícios.
Ódio
Desiludido com a política, desde a disputa a prefeito, Della Torre falou sobre comentários das postagens feitas após a identificação da professora nos atos antidemocráticos.
"Esse é um momento de divisão política muito forte e as pessoas estão vivendo em um grau de ódio absurdo. Apesar do engajamento político, a professora não levava, até onde eu saiba, para a sala, o seu pensamento político. Ela dava aulas de português e geografia, seguia o conteúdo escolar. Agora, as pessoas disvirtuam, julgam antes da Justiça, pregam a pena de morte e a prisão perpétua", comentou.
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