A possibilidade lançar o seu nome como virtual candidato à prefeito nas próximas eleições passou a ser discutida pelo vereador, após as declarações do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, de que ele teria potencial para entrar na disputa.
(Arte de Danilo Scarpa)
O vereador José Luiz Furtado quer aproveitar o momento de aparente indefinição no cenário político sobre quem será o escolhido pelo grupo do PL para concorrer à Prefeitura de Mogi nas eleições de 2024 para tentar lançar o seu nome como um possível possível pré-candidato à cadeira ocupada atualmente pelo prefeito Caio Cunha (PODE), também pré-candidato à reeleição.
Pode parecer um plano pretensioso para quem está em seu primeiro mandato como vereador, mas ele tem mais de 15 anos de carreira como servidor público e, desde que entrou para política como vereador, em 2020, nunca escondeu que era esse o seu plano para o futuro. Ele diz que viu a possibilidade de acelerar esse processo após as declarações do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, de que teria potencial para ser lançado pelo grupo.
O líder dos liberais citou o nome do vereador, justamente em dois eventos promovidos para homenageá-lo. Um deles em junho, durante cerimônia para comemorar os 100 anos do pai dele, o prefeito Waldemar Costa Filho; o outro quando foi oficializada a filiação de Furtado ao PL, no último mês de setembro.
No evento de filiação, ao ser questionado em coletiva à imprensa a respeito do político, Costa Neto fez a seguinte declaração sobre a possibilidade de o vereador ter o apoio do grupo para uma virtual candidatura a prefeito: “Não tenha dúvida que ele pode fazer parte desse processo. Nós temos excelentes pessoas, e o Zé Luiz está brilhando desde o dia que ele entrou para a política. Ele é novo ainda. Às vezes demora para a gente chegar lá, às vezes não. Às vezes as coisas acontecem na política sem você esperar. Pode ser o destino e muitas vezes não depende só do trabalho da gente. Às vezes você trabalha e às vezes não tem sucesso, não tem sorte. Outras vezes não, porque sorte faz parte do jogo”.
A partir dessas declarações, o nome de Zé Luiz, como ele relata, começou a circular na internet, nas mídias locais e passou a ser citado em enquetes realizadas por algumas páginas “com boa aceitação”, o que ajudou a aumentar a sua convicção sobre uma possível candidatura.
“Com a permissão” do líder do grupo, Furtado explica que praticamente lançou sua pré-campanha a pré-candidato a prefeito de Mogi em suas páginas nas redes sociais. Também começou a aparecer mais em eventos junto com outras lideranças, além de registrar os depoimentos de eleitores da cidade em favor de sua candidatura para divulgar em suas páginas.
“A forma que foi feita a filiação e com as palavras do Valdemar, as pessoas começaram a fomentar mais essa possibilidade. A notícia começou a circular na cidade e em todos os lugares onde vou as pessoas me perguntam se eu serei o candidato e respondo que essa é minha intenção”, relata, confirmando que “vem tendo uma boa resposta da população” a respeito dessa hipótese.
Ele alega que agora está empenhando ampliar ainda mais a sua divulgação, já que a escolha do nome a ser lançado pelo grupo também deve depender de resultados de pesquisas que estão sendo feitas na cidade para avaliar a preferência do eleitorado e muita gente ainda não sabe da sua pretensão.
“Nas enquetes sempre apareço na frente, mas ainda sou novo na política. O lado positivo é que não tenho rejeição, por isso agora estou trabalhando para ampliar o apoio ao meu nome. Estou atuando nas redes sociais e tenho conversado com muita gente porque nada substitui o olho no olho, o corpo a corpo. O bom da internet é que dá para chegar a todos os lugares e alcançar muitas pessoas e isso tem me ajudado a divulgar as minhas ideias”, comenta
Furtado também busca apoio entre outros integrantes do grupo. Na Câmara, os colegas dizem que a candidatura dele é precipitada, porque o vereador está estreando na política nessa legislatura e há outros nomes na fila, entre eles o do próprio ex-prefeito Marcus Melo (sem partido), o biomédico Téo Cusatis (sem partido), o deputado estadual Marcos Damásio (PL), o advogado Marcos Soares (REP) e ainda o presidente do Clube de Campo de Mogi das Cruzes, João Bosco, nome também citado por Costa Neto, entre outros.
Mesmo assim ele entende que “não está furando fila”, e alega que apesar de ter se filiado apenas há alguns meses no PL, sempre esteve integrado ao grupo. A primeira vez que se candidatou foi em 2016, pelo PSD. Não conseguiu se eleger. Em 2020 disputou e foi eleito para a Câmara pelo PSDB, outra legenda que já esteve integrada ao grupo. Ele também destaca que já trabalhou com ex-prefeitos como Junji Abe, Marcus Melo e Marco Bertaiolli, atual ministro do TCE e ocupou cargos estratégicos nas gestões.
“Não me considero mais preparado que nenhum dos outros pré-candidatos, mas sim tão preparado quanto eles. Também não me considero um ‘fura-fila’, porque faço parte desse grupo e sempre trabalhamos juntos. Todos eles têm suas aspirações políticas, apoiadores e pessoas prós e contras, assim como eu”, completa ele, para dizer que acha legítimo articular para ser o escolhido e, por isso, afirma que pretende seguir em frente tentando viabilizar a sua candidatura. Diz ainda que vai insistir, inspirado nas palavras do seu líder, para quem, às vezes, as coisas acontecem mais rápido do que se planeja.
De qualquer forma, ele relata que tem conversado com outros integrantes do PL e das outras siglas que integram a aliança, como o PSD e o Republicanos. Também aposta em sua experiência como servidor público para respaldar o seu nome.
“Não quero ser o candidato de uma pessoa ou de um grupo, mas sim da população mogiana. Acho que é possível um consenso em torno do meu nome e tenho falado com todos. Além disso, precisamos estar unidos e acho que posso ser o nome capaz de unir o grupo. Acredito que tendo um projeto e trabalhando com um grupo unido, são grandes as possibilidades”.
Assim como outras lideranças que pretendem entrar na disputa, Furtado também admite que a saída do ex-deputado Bertaiolli para assumir um cargo no TCE ajudou nesse processo, porque dá chances a novas lideranças. “Não existe espaço vazio na vida e nem na política e a saída dele abriu espaço para novas lideranças políticas. Agora é trabalhar para ocupar esse espaço”.
Admite ainda as chances de integrar uma chapa como pré-candidato a vice e sobre isso declara: “Meu sonho é grande o suficiente para caber os sonhos das outras pessoas também”.
Servidor de carreira
Funcionário público de carreira, José Luiz diz que tem “orgulho e vocação” para ser servidor em Mogi. Isso, na opinião dele, é um ponto de vantagem para dar sustentação a uma virtual candidatura para a Prefeitura de Mogi no ano que vem. “Escolhi ser servidor. Prestei concursos e entrei na Prefeitura de Mogi, em 2008, pela porta da frente. Se o meu nome é reconhecido hoje em consequência do trabalho ao longo dos anos”, declara.
LEGISLANDO - Zé Luiz ocupa uma das cadeiras de vereador, na Câmara de Mogi (Imagem: Divulgação/ CMMC)
Ele se licenciou do cargo em 2020 para cumprir o mandato de vereador, mas garante que conhece muito bem a máquina pública até porque já atuou nas áreas de Saúde, Assistência Social, Finanças e Orçamento, Semae e outros setores. “Conheço bem o chão desses locais onde atuei e já estive com “umbigo no balcão de diversas unidades, assumindo muitas responsabilidades”.
Conta que trabalhou no Pró-Criança desde a sua fundação, atuou na Vigilância em Saúde, com apoio técnico, integrou a comissão de fiscalização da Santa Casa para analisar as prestações de contas e esteve ao lado de Marcus Melo, quando ele dirigiu o Semae, na gestão do ex-prefeito Marco Bertaiolli. Começou chefiando a manutenção de água e esgoto e depois foi diretor comercial da autarquia.
Quando Marcus Melo foi eleito prefeito, o levou para ser diretor de Contabilidade e Orçamento, na Secretaria Municipal de Finanças. “Isso me aproximou de entidades subvencionadas, porque era responsável por analisar as subvenções e em vez de fazer um trabalho punitivo, optei por ser orientativo e, por isso, acabei me destacando entre as entidades”.
Ele conta que o que o ajudou a fortalecer a sua base de apoio foi o trabalho na área social, na gestão Karin Melo como presidente do Fundo Social de Solidariedade. “Fiz um trabalho voltado para o social, com foco na preparação de pessoas para o mercado de trabalho, via escola de empreendedorismo”, reforça.
Em 2016, a convite de Bertaiolli, se candidatou pelo PSD e não conseguiu se eleger, mas a partir daí começou a se preparar para seguir a sua carreira política. Passou pelo processo seletivo para fazer o curso do RenovaBR e foi um dos 1,2 mil escolhidos entre 31 mil – para fazer cursos de formação política. Isso, segundo ele, o ajudou a conseguir se eleger, em 2020.
Na segunda campanha para vereador, conta que distribuiu o seu currículo na cidade e apontava 10 motivos para que a população acreditasse no projeto dele. “Além do comprometimento, mostrei que estava preparado, me comprometi a dar publicidade ao meu mandato, prestar contas, abrir espaço nas redes sociais, site para críticas e sugestões e no dia a dia com as pessoas”, relata.
Como servidor de carreira e vereador, ele não esconde a insatisfação com a atual gestão e alega que o Caio “está deixando a desejar”, começando pela parte política. Furtado observa que existe um distanciamento entre os deputados eleitos na região e o prefeito, o que acaba gerando problemas que vão além do encaminhamento de emendas parlamentares para ajudar no orçamento do município.
Perdas
Ele avalia que Mogi “perdeu representatividade” por não ter conseguido eleger muitos deputados estaduais e federais, mas acha que “é preciso fomentar a formação de novas alianças para mudar o atual cenário. “A cidade é de todos nós e precisamos da união de todas as forças políticas para conseguir governar”.
Ele cita problemas que Mogi das Cruzes está enfrentando com a possibilidade cada vez maior de o governo do Estado implantar pedágios nas duas principais rodovias da cidade: a Mogi-Dutra e a Mogi-Bertioga, e avalia que a situação poderia ser outra, se tivesse mais pressão política junto ao Estado. Também concorda que falta articulação para colocar em operação o equipamento de saúde, que foi construindo como maternidade e que até o momento não foi aberto. Aponta ainda o fato de Mogi ter perdido o Baep para Suzano.
Especialista na área de finanças, o vereador também cita problemas que o município deve enfrentar com a Lei Orçamentária Anual, de 2024, projeto que chegou na Câmara com uma estimativa de arrecadação de todos os órgãos ligados à administração pública, de R$ 2,7 bilhões, mas que já está com “sinal amarelo”, como definiram os técnicos da Prefeitura, por problemas de queda de repasse de recursos do Estado e União, “mais um motivo para pedir ajuda dos deputados com as emendas parlamentares”.
Na opinião dele, o prefeito precisa ter habilidade para administrar o orçamento. “É preciso ter uma boa relação com os governos estadual e federal para viabilizar mais convênios. Sou municipalista, mas enquanto não tem pacto federativo para dividir melhor os recursos, precisamos de criatividade para manter os investimentos, gerar emprego e renda, instalar bons equipamentos públicos e otimizar o que já temos”, avalia. (S.C.)
Perfil
José Luiz Furtado, o Zé Luiz, nasceu no dia 4 de agosto de 1977, em Mogi das Cruzes, é servidor público municipal de carreira da Prefeitura. Tem 46 anos, é casado e pai de dois filhos. É contabilista, formado em Administração de Empresas pela Universidade Braz Cubas, com especialização em Gestão Pública Municipal pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná e Gerência de Cidades pela Uninove.
PADRINHO - Furtado lançou seu nome com aval do líder do PL, Valdemar Costa Neto (Imagem: Reprodução/ Redes Sociais)
Atuou na iniciativa privada, em empresas como a Suzano (de papel e celulose), Orsa Celulose, Nutrella Alimentos e Laboratórios Griffith do Brasil, sempre nas áreas de contabilidade e finanças. Foi professor técnico na Universidade de Mogi das Cruzes, nas disciplinas de Administração e Contabilidade Pública.
Durante sua trajetória na vida pública, desde 2008, atuou nas gestões dos prefeitos Junji Abe, Marco Bertaiolli e Marcus Melo, passando pelas secretarias municipais de Saúde, Finanças e Fundo Social. Foi diretor Comercial e Financeiro do Serviço Municipal de Águas e Esgotos - Semae. Atuou também como diretor de Assistência Comunitária e coordenador do Fundo Social. Presidiu o Conselho Municipal de Assistência Social e o Conselho Fiscal do Instituto de Previdência Municipal.
Foi candidato pela primeira vez em 2016, pelo PSD. Em 2019, filiou-se ao PSDB, partido pelo qual foi eleito, em 2020, com 1.817 votos. Também cursou o RenovaBR, escola de formação para novas lideranças. Oficializou sua entrada no PL em setembro desse ano. Está no primeiro mandato como vereador. (S.C.)
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