Pela primeira vez após a campanha e sua aprovação para conselheiro do Tribunal de Contas, o mogiano revela seus planos pessoais, como será o seu trabalho junto à Corte e deixa nas mãos de Valdemar Costa Neto o futuro de seu grupo político.
O mogiano Marco Bertaiolli irá trocar o cargo de deputado federal, para o qual foi eleito, pelo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) (Divulgação - Alesp)
Em sua primeira entrevista desde que deu início ao trabalho de convencimento dos deputados estaduais paulistas a aceitarem sua indicação para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, concluído com a aprovação de seu nome pela Assembleia Legislativa, na última terça-feira (12), o deputado federal Marco Aurélio Bertaiolli (PSD) explicou por que optou pelo fim de sua promissora carreira político-partidária, falou de seus planos como membro do TCE-SP e, por fim, sobre o vácuo deixado na política mogiana com sua saída de cena, no início de uma campanha para as próximas eleições municipais.
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Enquanto prepara a posse no novo cargo, que acontecerá no próximo mês de outubro, em data a ser definida, Bertaiolli inicia uma série de visitas a lideranças de Mogi e cidades do interior do Estado para agradecer o apoio e os votos recebidos ao longo de sua carreira. Nesta sexta-feira (15), ele tomou café da manhã com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PSD), com quem, garante, manteve um relacionamento de confiança e apoio mútuos durante os últimos tempos, em Brasília.
Minutos após o encontro, enquanto Lira viajava para evento na sede da Organização das Nações Unidas, Bertaiolli falou com este jornal, quebrando um silêncio de mais de dois meses.
Quanto à sua opção pelo Tribunal de Contas, Bertaiolli interpreta como o “coroamento” de 30 anos de vida pública e oito eleições numa carreira política que ele pretende levar adiante sendo um conselheiro ativo, visitando prefeitos e obras municipais e estaduais nas cidades onde estiverem sendo realizadas. Mesmo distante da vida partidária, uma imposição do futuro cargo, ele pretende exercer o perfil do conselheiro mais orientativo que punitivo, promessa que fez ao ser sabatinado pelos deputados da Alesp, quando aprovaram sua indicação.
Já no plano político municipal, ele diz que caberá aos vereadores do partido cuidarem do futuro do PSD na cidade e deixou sob a responsabilidade do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, citado várias vezes por ele como “a maior liderança político-partidária de Mogi”, a indicação do futuro candidato a prefeito pelo grupo do qual fez parte até agora.
No mais, garantiu que vai continuar residindo em Mogi das Cruzes e que sua carreira política não deverá se encerrar aos 75 anos, quando ele, compulsoriamente, terá de se afastar do Tribunal de Contas. Atualmente com 55 anos, tal hipótese só poderá lhe acontecer daqui a duas décadas, em 2043, portanto.
Marco Bertaiolli está deixando a vida partidária e transferindo o comando da futura campanha para Costa Neto (Foto: divulgação)
“Será um grande sonho, muito possível de acontecer, se Deus me conceder saúde para voltar a ser prefeito de Mogi, com toda a experiência que terei acumulado até lá”, disse ele.
A seguir, os principais pontos da entrevista exclusiva a O Diário:
O que o levou a deixar uma carreira política em ascensão para ser conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo?
A função de conselheiro do TCE-SP continua nesta carreira política que eu escolhi desde muito menino. Entendo, sinto e recebo como o coroamento de toda essa trajetória que trilhei durante os últimos 30 anos. Tive oportunidade, desde menino, de escolher a vida pública e me preparei a vida inteira para isso. Com 22 anos, fui presidente da Associação Comercial de Mogi e, em seguida, recebi a grande oportunidade que o ex-prefeito Padre Melo me abriu com o convite para ser secretário de Indústria e Comércio de Mogi, aos 25 anos. Depois disso disputei duas eleições como vereador em minha cidade e, na sequência, quem me abriu as portas foi o Junji Abe, então prefeito de Mogi, que me convidou para ser o seu vice nas eleições de 2004. Em seguida fui convidado a disputar a eleição para deputado estadual e fiquei dois anos na Alesp, quando disputei a Prefeitura de Mogi. Durante oito anos, como prefeito, tenho a convicção de que fiz uma grande gestão, reconhecida por todos os mogianos. Saí da Prefeitura elegendo meu sucessor e, em 2018, fui candidato a deputado federal obtendo a maior votação dentro do meu partido. Em 2022, fui reeleito com a liderança que Mogi me concedeu, alcançando uma votação estratosférica. Tudo isso é um acúmulo de experiência, de conhecimento, que me levou a ser lembrado por vários líderes políticos que indicaram meu nome para conselheiro do TCE-SP.
Como o senhor pretende atuar junto ao Tribunal de Contas?
O Tribunal, com apenas sete membros, tem a missão de orientar os 644 prefeitos do Estado, julgando inclusive as contas desses municípios do governo do Estado. Essa vivência histórica que construí ao longo de 30 anos foi reconhecida pela Alesp como de uma pessoa que pode colaborar com todas as prefeituras paulistas. Então, minha carreira política continua, mas deixando de lado o caráter partidário e a disputa de eleições. Tendo passado pelo Executivo e Legislativo, minha atuação será no sentido de orientar, melhorar, fiscalizar. Continua sendo minha área de atuação entender com as políticas de saúde, educação, segurança serão implementadas nos municípios de todo o Estado. Eu não tenho nenhum caráter punitivista, todos sabem disso, e assim vou buscar maior proximidade dos prefeitos e vereadores com objetivo de orientar para que todo recurso público seja aplicado com maior eficácia possível para que o usuário dos serviços públicos receba um resultado cada vez melhor
O senhor acredita que, estando no TCE-SP, poderá ajudar a região de Mogi das Cruzes?
Mas muito mesmo. Vamos estar próximos de todos os prefeitos do Alto Tietê, colaborando com um refinamento das políticas públicas que estão sendo implementadas, assim como dos serviços, tendo em vista a satisfação plena de seus usuários.
Com sua indicação para o Tribunal, abriu-se uma espécie de vácuo na política-partidária de Mogi, em pleno período eleitoral. O que o senhor pretende fazer, enquanto ainda pode, para resolver essa situação?
Não tenho nada que eu vá fazer, ou que eu precise fazer. É uma sucessão absolutamente natural. A política partidária de Mogi, aquela onde não mais atuarei, é a que vai ter espaços abertos para muitas novidades. Ninguém é insubstituível. Vão aparecer novas lideranças, virão novos líderes e nós vamos estar no interior do Tribunal acompanhando a execução orçamentária das cidades.
Quem é o sucessor político de Marco Bertaiolli na cidade?
Olha, não tenho um nome para lhe dizer, hoje, quem seria o meu sucessor na política mogiana. Mas, por exemplo, o partido que eu comando na cidade, o PSD, vai ser reforçado daqui para frente e o comando passará aos vereadores Edson Santos, Bi Gêmeos e Otto Rezende. Eles terão agora a missão de comandar o partido e definir os caminhos para o próximo ano eleitoral. Esta definição não é mais minha, passa a ser deles. É um caminhar natural, uma sucessão natural que vai acontecer com muita tranquilidade.
Mas os vereadores estão se sentindo “órfãos” com a sua saída. Como o senhor vê isso?
Também com naturalidade. Eu sempre tive uma presença muito forte e atuante. E tive a oportunidade de ser prefeito de Mogi. É claro que eles sempre estiveram ao meu lado executando todas essas decisões partidárias juntos. Mas eu tenho absoluta convicção que eles saberão conduzir da melhor maneira possível. E, aliados a outros partidos, definir os novos caminhos para nossa cidade de Mogi das Cruzes.
Dentro desse contexto, como fica a sucessão municipal em Mogi?
De verdade, não tenho olhado. E não tive tempo, nem condição, nesses últimos meses, de olhar para a sucessão municipal. Eu não tenho participado disso e, realmente, estive focado na indicação ao Tribunal de Contas. Mas na sucessão municipal, quem é nosso maior líder partidário em Mogi das Cruzes chama-se Valdemar Costa Neto. E eu não tenho dúvida alguma de que o Valdemar, que hoje é o presidente do maior partido do Brasil, que é o PL, e é também a maior liderança partidária de Mogi, terá condução disso na próxima eleição municipal.
O senhor vê algo clareando no horizonte? Falou-se até na candidatura de sua mulher, Mara, à Prefeitura. Essa possibilidade existe? O que há de concreto nisso tudo?
Não, não tem nada de concreto. Eu acho que nós vamos ter aí, a partir de janeiro, o início de um ano eleitoral e as decisões partidárias começarão a ser tomadas. Eu acredito que temos um grande líder partidário em Mogi, que é o Valdemar Costa Neto e ele vai, sem dúvida, conduzir esse processo de 2024 com muita sabedoria.
Mas e a Mara, pode ser candidata?
Não, não, nunca conversamos sobre isso; não tem nada na mesa sobre isso. Acho, inclusive, que a função de conselheiro do TCE-SP me traga alguns impedimentos e um deles é o de não ter envolvimento partidário. Então vamos deixar essas questões todas para quem está na vida partidária resolver. E, neste caso, eu repito: a maior liderança partidária que temos em Mogi é o Valdemar e ele vai saber conduzir. Aliás, ele está filiando, hoje, um grande vereador, o Zé Luiz. E essa força política do PL e do Valdemar fará toda a condução do processo eleitoral do ano que vem. E, como você sabe melhor do que eu, daqui até lá, tem muita água para passar por debaixo dessa ponte.
Nos meios políticos comenta-se que a sua saída de cena pode abrir caminho para uma aliança entre Valdemar Costa Neto e o prefeito Caio Cunha. Acha isso viável?
Eu acho que nenhuma pedra é retirada do tabuleiro nesse momento. Como há uma mudança significativa na política partidária em Mogi com a minha saída, eu acho que todas as possibilidades passam a ser aventadas. Eu, particularmente, não conversei com o Valdemar sobre isso e não sei o que ele pensa e nem quais são as condições que ele terá. Mas, sem sombra de dúvidas, ele é o maior ator político da cidade nas eleições do ano que vem, pela força partidária que detém. Mas também acho que, como um expectador desse tabuleiro, nós podemos contar aí com todas as possibilidades sendo analisadas. E, com certeza, Valdemar saberá conduzir a melhor de todas elas.
Fica, então, nas mãos dele o processo de sucessão da cidade?
Na-tu-ral-men-te. Não porque eu queira, ou que você queira, ou porque alguém não queira. A maior força política que existe em Mogi é o PL com sua estrutura. Mas vale lembrar que Mogi tem um momento ímpar em sua história política. É a primeira vez que um deputado da região (André do Prado) é presidente da Alesp e sua competência o levou a ser um braço forte do governador Tarcísio de Freitas; nós temos o maior partido do Brasil, com mais de cem deputados federais comandado por um mogiano, além do fato histórico de, pela primeira vez, um político mogiano, um ex-prefeito, estar a caminho do TCE-SP para coordenar políticas de todo Estado. A força política de nossa região nunca esteve tão solidificada. Portanto, acho que temos de aproveitar esse momento para realmente trazer, independente de colorações partidárias, conquistas para Mogi, que é uma cidade em crescimento, mas sem ter acompanhamento do desenvolvimento econômico à altura.
Deputado, que força política tão grande é essa que não consegue sequer impedir a instalação de pedágios nas estradas de Mogi pelo governo do Estado? Inclusive, durante o governo passado, o senhor esteve nessa luta...
Eu acho que isso é relativo. Eu, pessoalmente, não posso me manifestar sobre o projeto do pedágio porque a possibilidade de seu ser o julgador desse processo no Tribunal de Contas é muito grande. Então, eu tenho me colocado sem comentários específicos, como no caso da privatização da Sabesp. Eu preciso ter a minha chegada ao TCE-SP investida de uma isenção total e a garantia de que todos os processos sejam feitos absolutamente legais. Esse vai ser meu papel agora. Mas o presidente Valdemar já declarou que se esse processo for adiante, ele vai tomar medidas políticas e jurídicas para barrar esse intento. Então, cada um em sua área de atuação terá um papel importante sobre isso.
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