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Em Mogi, aplicação de 162 mil doses da vacina está em atraso

Apesar da alta de novos casos de Covid-19 registrada nas últimas semanas em Mogi das Cruzes e vários pontos do país, como o Estado de São Paulo, cerca de 162 mil doses estão com a aplicação em atraso na cidade. No entanto, não são 162 mil pessoas faltantes, já que há moradores sem concluir uma […]

26 de novembro de 2022

Reportagem de: O Diário

Apesar da alta de novos casos de Covid-19 registrada nas últimas semanas em Mogi das Cruzes e vários pontos do país, como o Estado de São Paulo, cerca de 162 mil doses estão com a aplicação em atraso na cidade. No entanto, não são 162 mil pessoas faltantes, já que há moradores sem concluir uma ou mais etapas da imunização.

Ao mesmo tempo, com o aumento das notificações também cresceu a procura pelo agendamento no sistema Clique Vacina, do site da Prefeitura Municipal (www.cliquevacina.com.br), levando ao rápido esgotamento das doses disponibilizadas. Por conta disso, a Secretaria Municipal de Saúde já solicitou ao Governo do Estado e aguarda o envio de novos lotes dos imunizantes.

O responsável pela pasta, Zeno Morrone Júnior, destaca que a abertura de agendas, principalmente para atender a todos os públicos previstos no esquema de vacinação, acompanha o encaminhamento do material pelo governo estadual. “Quando recebemos 1,5 mil vacinas, por exemplo, abrimos a disponibilidade de aplicação destas doses no site, mas completando as 1,5 mil, temos que fechar esta agenda. Se houvesse vacina suficiente, ficaria aberto direto. Mas as agendas são reabertas assim que recebemos novas vacinas. A cidade sempre faz novos pedidos e aguarda pela chegada”, completa.

Ele reforça o alerta do secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, em entrevista a O Diário, na semana passada, de que apenas duas doses do imunizante não são suficientes para proteger contra as novas variantes do vírus causador da Covid-19, por isso a necessidade de aplicação das duas doses adicionais.

Em Mogi, há 23 mil faltantes para a segunda dose da vacina, 75 mil para a terceira e 64 mil para a quarta, segundo levantamento divulgado nesta semana pela pasta.

Desta forma, os índices de cobertura vacinal correspondem a 95% (1ª dose), 89% (2ª dose), 77,5% (3ª dose) e 48,7% (4ª dose).

“Estamos vendo o reflexo da vacina, com muitos resultados positivos de testes, mas sem gravidade, além do número muito baixo de internações. As pessoas que estão sendo hospitalizadas, ou não tomaram vacina, como é o caso das crianças, ou estão com o esquema vacina incompleto, com apenas uma dose. Percebemos o grande benefício da vacina, que não oferece 100% de imunidade, mas garante a proteção parcial”, explica Morrone.

Ele enfatiza que, a exemplo do que ocorre com o preparo das demais vacinas feitas com cepas de vírus, a aposta é o novo imunizante de segunda geração contra a Covid-19, que está em fase de desenvolvimento. 

“Na vacina da gripe que tomamos todos os anos, a coleta do material das cepas vigentes é realizada de agosto a outubro e enviadas para o laboratório, que produz a vacina geralmente aplicada entre abril e maio, por isso, todos os anos pode haver mudança na composição, o que também ocorre no caso da vacina contra a Covid-19”, detalha o secretário.

 

Uso de máscaras

Apesar do recente aumento das notificações de casos de Covid-19 na cidade, Morrone afirma que, por enquanto, não existe necessidade de tornar obrigatório, novamente, o uso de máscaras de proteção facial cobrindo o nariz e a boca. 

“Estamos fazendo a testagem em livre demanda nesta semana para ter subsídios e verificar se existe a necessidade ou recomendação da utilização de máscara, o que não isola 100% a possibilidade de adquirir o vírus. Porém, ela deve sempre ser usada por pessoas com sintomas de gripe, como já acontece no Japão e em outros países mais desenvolvidos há muito tempo. Vejo que isso é uma necessidade, mas não uma obrigatoriedade, pelo menos por enquanto”, avalia Morrone.

Na próxima semana, o secretário municipal espera já ter em mãos um perfil da atuação situação da pandemia na cidade, após a análise dos dados colhidos na ação de testagem em livre demanda, que termina neste final de semana, com aplicação dos exames neste sábado (26) e domingo (27), das 8 às 16 horas, na área do Pró- Hiper, no Mogilar.

Devido à grande demanda, registrada desde o primeiro dia do atendimento, na última segunda-feira (21), as equipes da secretaria estão distribuindo senhas aos interessados na realização dos exames.

Mesmo dependendo do balanço desta testagem que está ocorrendo na cidade, Morrone já descarta a possibilidade de adotar medidas mais radicais no município. “Mogi não vive um estado de preocupação, atenção ou alerta. Estamos fazendo a testagem para ter um parâmetro e analisar o que está havendo. No primeiro dia, 66% dos testes apresentaram resultados positivos, mas no segundo, este índice já caiu para 22%. Há uma oscilação, por isso, não acredito que seja necessário algo radical”, considera.

Ele orienta que as pessoas com sintomas da doença devem procurar as unidades de pronto atendimento (UPAs) da cidade, mas que as unidades básicas de saúde também realizam consultas. Se houver indicação de internação, o paciente é inserido na Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross), do Governo do Estado, para aguardar a liberação de vagas em unidades de saúde da rede estadual. 

Até a tarde desta quinta-feira (24), segundo informou a Secretaria Municipal de Saúde, havia 16 pessoas internadas com Covid-19 em hospitais da cidade, sendo três em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 13 em enfermarias.

Como os leitos exclusivos para pessoas infectadas pelo vírus foram desmontados, elas são acomodadas no isolamento destinado a pacientes com doenças infectocontagiosas.

 

 

Biomédico defende medidas preventivas

O afrouxamento das medidas preventivas contra a disseminação do novo coronavírus, na avaliação do biomédico Marcello Cusatis, o Téo, diretor do Hospital Santa Maria, de Suzano, contribui para a nova alta de casos da doença.

“Sou conservador referente às medidas como uso de máscara, álcool e evitar aglomerações. Em shows, por exeplo, o ideal seria pedir a apresentação do certificado de vacinação e do resultado negativo do teste de Covid. Esta ausência de cuidados e de um monitoramento mais efetivo mostram que não aprendemos nada com a pandemia”, avalia o ex-secretário de Saúde de Mogi.

Segundo ele, é preciso manter estas medidas preventivas, principalmente em locais com grande concentração de pessoas, como unidades de ensino. “Em escolas, deveria se reforçado, como obrigatório, o uso de máscaras em crianças, porque elas ainda são fatores transmissores da doença e, atualmente, a cada dois dias, um paciente com menos de 5 anos morre por Covid no Brasil. A máscara não deveria ser optativa, mas sim obrigatória, em ambientes fechados e com aglomeração. Além disso, estabelecimentos comerciais, como restaurantes, deveriam evitar a superlotação”, considera.

Ele reforça que as restrições de contato são sempre bem-vindas, principalmente envolvendo pacientes portadores de doenças autoimunes ou imunossuprimidos, para os quais o desfecho da Covid é agravado. “Tem pessoas que anteciparam a ida para a hemodiálise, desenvolveram anemia anemia e outras complicações. Elas não deveriam, em momento algum, deixar de usar máscaras e precisam ser cuidadas e orientadas de maneira diferente”, alerta Cusatis.

Porém, ele também descarta, atualmente, a necessidade de medidas mais drásticas, adotadas nos períodos mais graves da pandemia. “Obviamente que não seria este o caso, mas precisamos de um monitoramento mais preciso do vírus e dos casos. Além disso, os resultados dos testes rápidos, realizados pelas pessoas em casa, não são notificados. O Brasil ainda é desarticulado de informação”, aponta.

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