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Deputado Gambale promete colocar a região na rota das verbas federais

“Você acha que um homem pode mudar seu destino?” “Eu acho que um homem faz o que pode… até que seu destino lhe seja revelado!” O conhecido diálogo de uma das cenas mais marcantes da saga “O Último Samurai”, filme do diretor Edward Zwick, com Tom Cruise no papel principal, lançado no Brasil em 2004, […]

8 de abril de 2023

Reportagem de: O Diário

“Você acha que um homem pode mudar seu destino?”

“Eu acho que um homem faz o que pode… até que seu destino lhe seja revelado!”

O conhecido diálogo de uma das cenas mais marcantes da saga “O Último Samurai”, filme do diretor Edward Zwick, com Tom Cruise no papel principal, lançado no Brasil em 2004, tornou-se uma espécie de mote na vida do jovem Rodrigo Gambale. Hoje, aos 39 anos, ele se assusta com as revelações que o destino lhe impôs, em tão pouco tempo.

O garotinho que costumava brincar de locutor de rádio numa emissora comunitária de Ferraz de Vasconcelos, dirigida pelo tio, acabou indo parar na política e, em menos de uma década, se elegeu deputado estadual, ajudou a irmã a chegar ao comando da prefeitura de sua cidade, e numa surpreendente guinada, conseguiu uma vaga para a concorrida Câmara Federal.

Já em Brasília, o deputado federal Rodrigo Gambale fala de trabalho e não de planos para sua carreira política. Quer continuar fazendo o que for possível em favor da região do Alto Tietê, esperando, como o samurai do filme, a revelação de seu próprio futuro.

A carreira política de Gambale impressiona. Descendente da primeira família a se instalar em Ferraz de Vasconcelos, ele acabou nascendo em Mogi, na Maternidade Mãe Pobre.

Em razão da precariedade das condições da saúde no recém-criado município, naquele mês de março de 1984, seu pai, o imigranteportuguês, taxista e comerciante, João Gabriel, o Bié, decidiu trazer a esposa e professora, Cida Gambale, para dar à luz o seu primeiro filho no hospital, cercada de todos os cuidados.

Treze anos mais tarde, o menino Rodrigo, apaixonado por eletrônica, acabou se tornando técnico de som da Local FM, rádio comunitária que o tio dirigia. Ele logo se apaixonou pela comunicação, especialmente a partir de quando, durante a falta de um locutor, o tio o incentivou a ir para o microfone da rádio, mesmo que fosse apenas para anunciar a hora e o nome da música que acabava de ser apresentada.
Um ano depois, ele chegava a titular do horário nobre da manhã, com o programa “Bom Dia Local”, numa referência ao nome da emissora. O programa, essencialmente musical, logo passou a ganhar algumas pitadas noticiosas.

Como o normal na vida de Rodrigo, tudo aconteceu muito rápido. E, em 2015, aos 31 anos, ele já formado em Jornalismo pela UBC, comandava o programa líder de audiência da emissora, onde o apresentador buscava resolver problemas da comunidade, como falta de luz em bairros, buracos em vias públicas, além de entrevistar as principais autoridades da cidade sobre questões doméstica de Ferraz. 
A pequena emissora, de alcance reduzido, ganhou um impulso extra com o uso da internet para que pudesse ser sintonizada, em todos os cantos da cidade e aumentou a audiência. E à medida que ia se aprimorando na rádio, graças aos cursos do Senac, o jovem foi ganhando fama e não demorou a ser chamado para ser o coordenador de marketing de campanhas políticas de candidatos a prefeito e vereador da cidade.

Ao constatar que tinha experiência de sobra, tanto no rádio como na política, Rodrigo decidiu que era hora de disputar um cargo público e resolveu chutar alto: candidatou-se logo a deputado estadual, em 2018.

Mas antes disso, ele precisava de um partido político. E, ao decidir optar pelo pequeno PSL, que poderia facilitar sua eleição, caso alcançasse perto de 35 mil votos, ele acabou bafejado pela sorte. 

Sete meses após Rodrigo assinar a ficha de filiação, o partido recebeu o pouco conhecido deputado Jair Bolsonaro, que ingressou na agremiação para ser candidato a presidente da República. 

Verdadeiro fenômeno eleitoral, Bolsonaro não apenas se elegeu, como ajudou a colocar as bancadas do PSL entre as mais expressivas, tanto na Câmara Federal, quanto na Assembleia Legislativa. A campanha de Rodrigo, que tinha como principal bandeira o fim da baldeação do Expresso Leste, em Guaianazes, e a reabertura do Setor de Pediatria do Hospital Regional, fechado há nove anos, acabou sendo turbinada pelo presidenciável e ele se tornou o primeiro deputado estadual eleito por Ferraz, com quase 87 mil votos.

“Eu nunca fui bolsonarista. Na campanha, muita gente criticava porque eu não usava foto ao lado de Bolsonaro. Eles não acreditavam que eu havia optado por uma campanha baseada no meu trabalho pessoal e não associada a outro político”, conta Rodrigo que, na política, virou Gambale.

 

Trem e hospital

Recém-eleito, o deputado Rodrigo Gambale logo pôde comemorar duas expressivas vitórias. Ainda no primeiro ano de mandato, viu o governador João Doria (PSDB), numa só canetada, pôr fim às baldeações em Guaianazes e determinar que todas as composições do Expresso Leste fizessem o percurso direto entre as estações da Luz, em São Paulo, e Estudantes, em Mogi.

 

Não demorou muito para que sua outra reivindicação de campanha também fosse atendida. Após nove anos, a Pediatria do Hospital Regional de Ferraz foi reaberta, com 43 vagas (10 leitos de UTI, 25 de internações e oito para observação). 

 

Mas o deputado queria mais. Com o fechamento de algumas unidades hospitalares na região, durante a pandemia, ele continuou cobrando o Estado para ampliar o atendimento na região de Ferraz.

 

Com dois anos de mandato, viriam as eleições municipais. E o deputado passou a ser cobrado em relação à Prefeitura. Muitos queriam que ele se candidatasse a prefeito, mas Gambale bateu o pé. Estava disposto a levar até o fim o seu mandato de deputado, como prometera durante a campanha.

 

Diante daquele quadro, foi encontrada uma solução: o lançamento de sua irmã Priscila, um ano e meio mais jovem que ele, para concorrer à Prefeitura. Ela topou encarar o desafio e o irmão lhe orientou: teria de fazer tudo o que ele havia feito para se tornar conhecida e ganhar a confiança dos ferrazenses.

 

E lá se foi Priscila para os microfones da Rádio Local FM entrevistar personagens da cidade, cobrar o fim de buracos, iluminação para os bairros e soluções para tantos outros problemas.

 

Beneficiada pelo adiamento do pleito para 15 de novembro de 2020, Priscila concorreu e, com a ajuda do irmão, ganhou a eleição. A vitória foi comemorada no dia seguinte (16), no aniversário da avó, Antonia Costa Gambale, a Dona Nica, que completava 100 anos.

 

A primeira mulher a conquistar a prefeitura de Ferraz chegou lá com 31.944 votos, já sabendo o que encontraria pela frente: um orçamento totalmente comprometido por dívidas deixadas por dois prefeitos anteriores, Jorge Abissamra e Acyr Filló, este último ainda preso na Penitenciária de Guarulhos. Mas o irmão salvador ainda teria dois anos pela frente, na Assembleia, para ajudar Priscila a enfrentar a situação de penúria em que ainda se encontra a cidade de Ferraz.

 

Em Brasília, Gambale continua com projetos para o Alto Tietê

 

A experiência obtida durante o mandato de deputado e nos primeiros meses de Priscila na Prefeitura levaram Rodrigo Gambale a uma constatação: se quisesse realmente ajudar a cidade e a região onde atuava, ele precisava “da efetividade” dos recursos federais. “Brasília fica com 56% da arrecadação, o estado com 25% e o município apenas com 18%; por isso, senti que precisava me eleger deputado federal para estar mais próximo desses recursos para Ferraz e região”, conta Gambale.

Mesmo diante dos alertas de amigos, que consideravam “uma loucura” a sua candidatura, ele decidiu encarar e, já filiado ao Podemos (após a união do PSL com o DEM, que deu origem ao União Brasil), por afinidade pessoal com a presidente Renata Abreu, ele acabou vencendo a eleição e indicado por ela para ser o presidente regional do partido, em São Paulo.

Mas a campanha novamente reservou algumas surpresas a Gambale. 

Ele jamais imaginaria que a polarização entre os candidatos a presidente, Lula e Bolsonaro, atingisse também os candidatos a senador e deputado. “A polarização foi silenciosa, mas efetiva”, conta Gambale, que ultrapassou os 108 mil votos, numa campanha onde a força da internet foi decisiva a seu favor.

Já em Brasília, o deputado garante que está se sentindo muito à vontade. “Brasília é a terra das oportunidades e as expectativas estão sendo superadas por quem busca, como eu, um trabalho direcionado às suas bases eleitorais”.

Gambale já descobriu, por exemplo, que a força de um deputado federal é muito maior que a de um estadual. “As leis federais prevalecem sobre os estados e municípios”, diz.

Por isso, ele tem reaproveitado, na Câmara Federal, alguns projetos de sua autoria que ainda estão por serem votados na Assembleia Legislativa paulista. Um deles, por exemplo, é o que autoriza o poder público a promover a instalação de câmeras de reconhecimento fácil nas cidades para facilitar a identificação de marginais nas ruas, detecção de armas de fogo e objetos estranhos abandonados nas ruas, que podem indicar, por exemplo, a presença de uma bomba.

Outra proposta do deputado é autorizar a presença de guardas municipais e policiais militares em escolas, visando coibir atentados, como os ocorridos recentemente, brigas entre alunos e, principalmente, o tráfico de drogas no ambiente escolar. Um assunto polêmico.

Gambale é um adepto da prevenção de problemas, por admitir que o Brasil deixa tensionar demais determinadas situações, para depois tentar remediar. “Acredito que trabalhar com a prevenção seja a melhor alternativa”, garante.

Por conta disso, sua principal preocupação está voltada para a ampliação para todo o País do novo Programa Saúde da Família, em que os médicos vão até as casas das pessoas e fazem um acompanhamento preventivo dos pacientes, evitando o acúmulo de pessoas nos hospitais. “Hoje, 80% daqueles que procuram um hospital poderiam ter seus problemas resolvidos de maneira preventiva. Com ação dos médicos, os postos de saúde funcionariam prioritariamente para realizar exames, vacinação e outros serviços, enquanto os hospitais ficariam com as ações de alta resolutividade”, diz.

O deputado também é autor de projeto autorizando o governo federal a promover convênios com prefeituras para a criação de moradias destinadas a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

Mas em termos de polêmica, o projeto campeão pode ser o que autoriza os municípios a fazerem convênios com tatuadores para atendimento a mulheres, vítimas de violência doméstica. As tatuagens ajudariam a cobrir eventuais cicatrizes deixadas por agressores. “As tatuagens ocultam marcas para evitar que as mulheres se lembrem do passado trágico sempre que olham para as cicatrizes”. 

Com olhos voltados especialmente para o Alto Tietê, o deputado defende a criação de alças de acesso às rodovias da região para evitar que Suzano, Ferraz e Poá continuem na condição de “cidades ilhadas”, por não terem ligação aos principais eixos rodoviários da região. Alças de ligação com o Rodoanel podem ser a solução para tornar viável a ocupação por indústrias de áreas como a situada entre Ferraz e Suzano, junto à Estrada dos Fernandes.

Ainda na região, Gambale busca recuperar o antigo projeto da Avenida Radial da Copa, que poderia ligar Guaianazes e Ferraz, até Mogi das Cruzes, na avenida das Orquídeas, beneficiando diretamente cerca de 1,2 mil habitantes.

O projeto poderia ser desenvolvido em conjunto pelas prefeituras, Estado e União, que dividiriam responsabilidades e investimentos.
O deputado já solicitou um levantamento sobre o antigo plano para reavaliação de custos, impactos nas cidades e a viabilidade para se trabalhar para concretizar tal proposta.

Pelo visto, trabalho é o que não falta para o parlamentar. 

Casado com Giuliana e pai da pequena Eva, de seis meses de idade, nascida exatos quatro dias após sua eleição para a Câmara Federal, Gambale evita falar sobre seu futuro na política.

Quando indagado sobre isso, limita-se a dizer que está feliz com as conquistas, mas não se arrisca a falar de planos.
E então recorre novamente à filosofia do derradeiro samurai.

Ele continua acreditando no futuro e no destino, sempre sabendo que é preciso fazer tudo o que é possível, até que eles aconteçam em sua existência. 

 

Rodrigo Gambale garante que vai continuar fazendo a sua parte.

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